A festa de 50 anos de Pixinguinha num rádio-teatro do tempo da Rádio Nacional


Leonor Bianchi

Era dia 23 de abril de 1948. Alfredo da Rocha Viana Junior, Pixinguinha completava 50 anos de idade.
Na época, a Rádio Nacional, a maior emissora do Brasil, levava ao ar o programa Caricaturas, que com um formato de radio-teatro homenageava brasileiros de grande expressão em sua área de atuação. Com uma grade de programação que até hoje é imitada em algumas emissoras podemos comparar o argumento desse programa da Rádio Nacional, o Caricaturas com aquele quadro do programa do Faustão, Arquivo Confidencial, onde ele convida pessoas para falar sobre a infância, a juventude e a intimidade de alguém que virou celebridade antes da pessoa ser famosa, e coloca a pessoa no palco com toda a plateia chorando depois de assistir os depoimentos. É uma espécie de caricatura com comoção onde a intenção é deixar todo mundo sensibilizado com aquela história de como a pessoa ‘chegou até ali’ e virou celebridade. E além disso, dá a cada um, a cada espectador do quadro a esperança de também poder vir a ser uma celebridade e estar ali fazendo parte daquela entrevista, daquele quadro. Era um programa que vendia bastante anúncio, tinha bastante audiência, tanto que é imitado até hoje. O programa Caricaturas tinha um traço humorístico, na atualidade foi adaptado, perdeu a carga de humor colocando em seu lugar forte carga de sensibilização do público, mas o argumento do programa é o mesmo.
Neste especial, o ator Mário Lago faz a locução do programa e interpreta uma personagem que vai até à casa de Pixinguinha de táxi, em Olaria, no dia da festa do seu aniversário de 50 anos, e chegando lá é recepcionado por um penetra que nem sabia quem era Pixinguinha, o dono da casa e aniversariante do dia.
Mário Lago e uma série de outros atores do corpo da Rádio Nacional encenam uma peça como se estivessem na casa de Pixinguinha no dia do seu aniversário de 50 anos. Na peça, Lago descreve o que está acontecendo na festa em detalhes para os ouvintes da Rádio Nacional, fazendo uma caricatura de Pixinguinha naquele cenário.
Mário Lago (Acervo O Globo)

Mário Lago (Acervo O Globo)

No que parece ser um podcast dos anos 40, a lenda do seu apelido ‘Pixinguinha’ é contada por uma atriz que interpreta sua avó, Edwiges, que em alguns livros lemos como sendo uma prima de Pixinguinha e não sua avó; e o próprio Pixinguinha interpretado por alguma criança, ou por algum ator da Rádio Nacional imitando a voz de uma criança. Quem seria esse ator que encarnou Pixinguinha nesse rádio teatro?
Quem criou e dirigia o programa ‘Caricaturas Auris-Sedina’ na Rádio Nacional, que ia ao ar as sextas-feiras, às 22h00, foi o jornalista, escritor, compositor, produtor cultural e radialista Fernando Lobo, no final da década de 1940.
Fernando Lobo

Fernando Lobo

Revista Cruzeiro, 5 de agosto de 1948, artigo de Fernando Lobo intitulado "Pixinguinha: último chorão carioca".

Revista O Cruzeiro, 5 de agosto de 1948, artigo de Fernando Lobo intitulado “Pixinguinha: último chorão carioca”.

Na ocasião, Fernando Lobo escreveu o artigo acima (detalhe da página abaixo) prestando sua particular homenagem ao maestro Pixinguinha, publicado na famosa Revista O Cruzeiro.
Revista Cruzeiro, 5 de agosto de 1948, artigo de Fernando Lobo intitulado "Pixinguinha: último chorão carioca".

Revista Cruzeiro, 5 de agosto de 1948, artigo de Fernando Lobo intitulado “Pixinguinha: último chorão carioca”.

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Author: imprensabr