Por Barão do Pandeiro (RJ)
De origem árabe, o pandeiro talvez seja o instrumento musical mais associado à imagem do Brasil.
Integrado aos conjuntos de Choro desde as primeiras décadas do século XX (durante muito tempo os grupos de Choro foram constituídos apenas por instrumentos de corda e sopro), o pandeiro tornou-se indispensável nos chamados “Conjuntos Regionais”.
João da Baiana (João Machado Guedes, RJ 17/5/1887- RJ 12/1/1974) foi um dos principais responsáveis pela popularização do pandeiro, além de exímio ritmista era um estilista do instrumento, tinha u’a batida característica, única, que é facilmente reconhecível ao se ouvir as gravações das quais participou.
O Conjunto Regional de Benedicto Lacerda (posteriormente Regional do Canhoto) sempre contou com excelentes pandeiristas, desde representantes de um estilo mais exuberante, como Russo do Pandeiro, a cultores da forma mais discreta de tocar o instrumento, como Popeye do Pandeiro (Rubens Alves) e Gilson de Freitas. Outro pandeirista de destaque foi Moacyr Machado Gomes (RJ 11/3/1923 – RJ 10/10/1997), o Risadinha do Pandeiro, tendo atuado por muitos anos no Regional de Benedicto Lacerda inovou ao usar contratempos, batidas dobradas e a marcação do surdo.
Gilberto D’Ávila, pandeirista da Orquestra Tabajara e da formação original do “Época de Ouro” foi outro mestre. Sua classe pode ser apreciada em discos como”Chorinhos e Chorões”,”Primas e Bordões”e nas obras-primas que são “Vibrações” e os dois primeiros Lps de Cartola lançados pela gravadora Marcus Pereira (produzidos por Pelão (J.C.Botezelli). Jorginho do Pandeiro (Jorge José da Silva ,RJ 3/12/1930) representa em si mesmo a trajetória do instrumento no Choro. Tendo começado a tocar pandeiro ainda criança, Jorginho é o pai do “moderno pandeiro brasileiro”. Não há quem tenha empunhado um pandeiro nos últimos 50 anos e não tenha sido (em maior ou menor grau) influenciado por ele. Hoje, além de tocar no conjunto “Época de Ouro” é professor na Escola Portátil de Música. Jorginho é o patriarca de uma dinastia de pandeiristas, pois seu filho Celsinho Silva e seu neto Eduardo Silva seguiram seus os passos.
Inúmeros e talentosos pandeiristas, dos mais variados estilos se destacam hoje em dia: Magno Júlio, Bidú, Bernardo Aguiar, Marcos Suzano, Sergio Krakowiski, Fabrício Gonçalves, Douglas Latorre, Beto Cazes, Clarice Magalhães, Sá Neto, Raphael Toledo, José Roberto Figueiroa, Pedrinho Pitta, Roberta Valente, Yves Finzetto, Roberto Amaral, Marcos Tadeu, Anderson Balbueno, Gabriel Leite, Cícero Menezes, Tigrão (Adauto Cardoso de Oliveira),Léo Rodrigues e Flávia Hafis, Guta do Pandeiro, Julio Cesar Augusto, entre outros. Com certeza, o pandeiro no Choro está e continuará muito bem representado.