Os 100 anos dos Oito Batutas e o choro no ambiente dos cinematógrafos – PARTE II


Leonor Bianchi

O cinema já era uma indústria nos Estados Unidos nos anos 1920 quando os Oito Batutas começaram a tocar na sala de espera do Cine Palais, em 1919, no Rio de Janeiro. Enquanto vivíamos a ‘Política do Café com Leite’, na República Velha, o cinema já vigorava como a primeira economia norte-americana e as produções estadunidenses já eram distribuídas e exibidas em dezenas de países, o que logo aconteceria também no Brasil.

Foi nesse contexto que os chorões começaram a ‘frequentar’ o ambiente das salas (de espera) dos cinemas. Enquanto os EUA começavam a exportar seu ‘estilo de vida’ através do cinema (como um vírus para todo mundo), o Brasil começava a exportar o que sabia fazer de melhor: sua música! E bem antes de Carmem Miranda causar furor na Broadway, exatamente vinte anos depois dos Oito Batutas se apresentarem no Palais. Já consagrada no Brasil, Argentina e Uruguai, Carmem foi para os Estados Unidos em 1939.

Em 1922, do Brasil, contrariando a crítica e a imprensa aristocrática carioca do início do século XX ‘saíram’ para a Europa músicos negros, mulatos, franzinos e sem estudo nas Letras, porém dotados de uma genialidade artística ancestral capaz de espantar e encantar maestros consagrados e plateias educadas em salas de teatros imponentes, assistindo óperas seculares. Este artigo fala sobre esse momento da nossa cultura musical e cinematográfica, se assim podemos dizer, e contextualiza a presença dos maiores músicos brasileiros desse tempo, os compositores de choro e seu maior expoente na contemporaneidade, Pixinguinha, com seu ‘regional moderno’, os Oito Batutas, neste contexto. Momento de transição para um cinema brasileiro (e também para a música brasileira, considerando que Os Oito Batutas foram o marco fundador daquilo que conhecemos como ‘música popular brasileira), que chegara ‘mambembe’ ao Brasil, sendo exibido ao ar livre, em lonas de circo, em praças públicas; depois adentra os teatros suntuosos do novo centro urbano do Rio, para mais tarde ocupar espaços criados unicamente para a exibição de filmes. Locais estes frequentados por uma aristocracia que se sentia ofendida e chocada ao recepcionar na sala de espera dos cinemas músicos negros tocando polcas, marchas, valsas e tangos brasileiros, mas também sertanejos, modinhas, lundus, choros e maxixes com instrumentos, como atabaques, pratos, afoxés, chocalhos, tambores, considerados nunca imaginados para o ambiente onde o piano era imponente.

O cinema no Brasil

A título de contextualização vale aqui uma breve introdução para o leitor menos naturalizado com a história do cinema acerca da ‘chegada’ da ‘sétima arte’ ao Brasil, trazida pelos imigrantes italianos ‘irmãos Segreto’, em 1896.

Antes dos Segreto criarem a primeira sala de exibição fixa de cinema no Rio de Janeiro, em 1897, um empresário que a história desconhece foi quem projetou pela primeira vez um filme em terras brasileiras. O crítico de cinema Paulo Emilio Sales Gomes (1916 – 1977) em seu livro ‘Cinema: trajetória no subdesenvolvimento’, comenta:

“Em 1896, o cinema chegou ao Brasil. Ignora-se o nome do empresário, mas a máquina chamava-se Omniographo, sendo que as exibições desenrolavam-se numa sala, na rua do Ouvidor, o coração do velho Rio antes da inauguração da avenida. Longamente os jornais comentaram a novidade e o aparelho deve ter funcionado duas outras semanas. Depois disso, o Omniographo se eclipsou para provavelmente ressurgir mais tarde, com outro nome”.

A patente de invenção do cinema é francesa e do ano de 1895, embora a ‘invenção do cinema’ pelos irmãos Lumière tenha se dado em 1894. No Brasil, o cinema chegou em 1896. José Ramos Tinhorão (1972: 227) escreveu sobre o tema:

“Menos de um ano depois, em fevereiro e março de 1897, ainda na Rua do Ouvidor, outra máquina trazida ao Brasil pelo português Amélio Paz dos Reis permitia a inauguração do sistema de sessões corridas, das II da manhã às 9 da noite. O que, por sinal, antecipava de quatro meses, a primeira adaptação de um local para sala de projeção: a do Salão de Novidades Paris-Rio, inaugurada a 31 de julho do mesmo ano de 1897.”.

Depois descobriu-se que o Amélio não era Amélio e sim Arnaldo, dono de um bar bastante frequentado no Passeio Público desses tipo chopp berrante, e a máquina trazida ao Brasil chamava-se animatógrafo, mas não teria sido ele quem trouxera a engenhoca e sim o italiano Vito di Mayo. O ano era 1905 quando Vito exibiu uma série de filmetes curtos ao ar livre, no Passeio Público, com um aparelho muito primitivo de projeção de cinema. Não havia eletricidade no local, mas Vito conseguiu um gerador a gás e em um lençol branco estendido entre duas árvores projetava esses filmes. Antes disso, ele chegou a ter um cinematógrafo na rua do Ouvidor. Seria o surgimento, então, do primeiro cinema ao ar livre do Brasil, que relativamente durou um bom tempo: dois anos.

Filmagem e exibição das primeiras cenas feitas no Brasil

Mas… e quem foi então que ‘trouxe’ o cinema para o Brasil? Quem trouxe, como vimos não se sabe, mas quem exibiu e registrou as primeiras imagens em movimento feitas em território brasileiro foram os irmãos Segreto. A história deles no Brasil começa em 1883 quando saem da Itália e vêm direto para o Rio de Janeiro; Paschoal com 15 anos e Gaetano Segreto com 17.

Aqui, inventaram milhares de formas para ganhar a vida, quase todas ilícitas, o que os levava com frequência à Polícia. Vendiam bilhetes de loterias, tinham espalhadas pela cidade bancas de jogos de azar e nesse meio mantinham muitos ‘contatos’. Nas ruas do Rio de Janeiro perceberam a necessidade das pessoas se divertirem e, oportunamente, com uma ‘visão exploratória’, criaram algumas das primeiras formas de divertimento na cidade, como jogos, apostas, loterias. Uma vez estabelecidos no Brasil, trouxeram, em 1896, o irmão mais jovem, Afonso Segreto, primeiro a usar uma película cinematográfica para registrar imagens em solo brasileiro; na verdade em mares, uma vez que ele estava a bordo de um navio quando executou o tal feito.

Nesse tempo reinavam no centro da cidade pequenos cafés-teatro, salões dançantes e cabarés. Observando o surgimento dessas casas, onde eram realizados inúmeros tipos de espetáculos, quase todos com novidades mecânicas, como o fonógrafo e o cinematógrafo muito usados como fontes para atração de público, e empreendedor que era Paschoal criou, ainda antes da virada para o século XX, a primeira grande empresa brasileira do setor de diversão e entretenimento, a Empresa Paschoal Segreto.

Afonso Segreto

Afonso Segreto

Paschoal Segreto

Sua primeira ação foi voltada para o cinema. Esperto e marqueteiro nato, Paschoal percebeu que as sessões de cinema feitas em locais irregulares impossibilitavam que o cinema virasse um sucesso de diversão. O que ele fez? Levou o cinema para uma sala fixa, a primeira do Brasil. Ao lado de outro empresário, José Roberto Cunha Salles, criou e inaugurou o Salão Novidades de Paris no Rio (nome da sala de cinema), em 31 de julho de 1897, com um público de – imagine você -, 1.572 pessoas!

O sucesso do Salão foi tanto, que para atender à crescente demanda por novos filmes, partiram emissários para os Estados Unidos e Europa a fim de adquirir novas películas. Afonso Segreto ficou encarregado da missão e também de aprender a lidar com as novas máquinas e tecnologias do mundo do cinema. Em 19 de junho de 1898, de volta de uma dessas viagens, trazendo consigo uma câmera de filmar e ainda a bordo do navio, ele fez os primeiros registros em filme de uma cena em solo brasileiro. A imagem era a entrada da Baía de Guanabara; cenas que não existem mais, provavelmente se perderam no grande incêndio que destruiu o laboratório deles, anos depois.

Já havia outros empresários despontando no ‘setor de exibição’ nesse tempo, no Brasil, exibindo filmes norte-americanos, mas Paschoal praticava o diferencial de apresentar fitas nacionais em sua sala, principalmente as realizadas pelo irmão Afonso, com quem não mantinha uma boa relação pessoal. Por conta disso, afastou Afonso da Empresa Paschoal Segreto, e o irmão foi morar em São Paulo, onde abriu um laboratório fotográfico. Tempos depois, voltou para a Itália, onde morreu no anonimato.

Os caminhos foram se estreitando para Paschoal, que em 1902 apresentou apenas um único filme – Vistas Nacionais – um material aproveitamento de algumas filmagens de Afonso, em sua sala de cinema, e cinco anos mais tarde foi compulsoriamente obrigado a encerrar as atividades cinematográficas da Empresa.

Brigas e desacordos levaram a Paschoal e Cunha Salles a acabar com a sociedade. Logo depois disso, um incêndio destruiu totalmente o Salão e o restante da construção, inclusive os dois andares onde os Segreto moravam e guardavam seus equipamentos. Com recursos que ganhou do seguro do prédio, em janeiro de 1899 Paschoal reabriu o espaço e entrou de vez no ramo do entretenimento, inaugurando o Parque Fluminense, com um cinematógrafo ao ar livre e uma pista de patinação no gelo. Depois, abriu o Coliseu Boliche, o Maison Moderne, o Moulin Rouge e o High Life Club; em todas as casas, o cinema era a atração central, mas não exclusiva. Em Niterói, São Paulo e Santos controlou várias casas de espetáculos e jogos. Atuou também no interior do Rio, em Campos dos Goytacazes, onde montou um laboratório de fotografia quando o seu pegou fogo; parte pouco ou nada conhecida da passagem dos irmãos Segreto pelo Brasil.

Paschoal Segreto

Paschoal Segreto

Nessa época, Gaetano seguiu trabalhando com a distribuição de jornais. Foi até editor de um jornal italiano publicado no Rio. Casou-se e teve dez filhos. Morreu na Itália em 1908, deixando nove filhos, que passaram a ser criados por Paschoal. Este também casou, mas não teve filhos, viveu no Brasil só, ao lado da esposa, em sua casa no bairro de Santa Teresa.

Com o surgimento da imponente Companhia Cinematográfica Brasileira, Paschoal se manteve no setor apenas como um pequeno exibidor, mas continuou empresariando entretenimentos variados. Enriqueceu trazendo para o teatro seus conceitos de entretenimento a preços populares e contribuiu para a formação de um teatro nacional cômico e musical, anos depois chamado de ‘Teatro de Revista’. Procópio Ferreira, ator e diretor teatral, o chamava de Papa do teatro brasileiro. Uma curiosidade sobre Paschoal foi que em 1919, ano do centenário de Niterói (RJ), ele trouxe para inaugurar na festa que celebrava a data, o primeiro carrossel instalado no Brasil. Um ano depois, Paschoal morreu viria a morrer no Rio de Janeiro, onde foi sepultado no Cemitério São João Batista.

As salas de cinema do Rio e a construção do Cine Palais onde os Oito Batutas tocaram pela primeira vez em 1919

Da rua para os teatros e destes para as ‘salas’ o cinema encontraria na década de 1920 a consolidação de seu espaço de apresentação no Brasil assim como acontecia no restante do mundo, ou seja, as salas fixas de projeção.

Os primeiros cinemas do Rio ficavam localizados na rua do Ouvidor, eram muitas salas que não passavam de locais insalubres repletas de insetos e pulgas. Daí os chamados cine pulgas, onde mais se coçava do que assistia a película. Era o cinema barato, popular, para o povão.

Porém, depois da reforma urbanística no centro da cidade, entre os anos de 1905 e 1912, e com a abertura da Avenida Rio Branco a popularidade da nova diversão estimulou os empresários donos das salas de cinema a mudarem de endereço. Os cinemas passam então a lotar a região da antiga Avenida Central, que logo foi apelidada de Cinelândia. É neste período que começam a se estabelecer as salas chiques de exibição de cinema, com seus saguões lotados pelas damas e cavalheiros da alta sociedade exibindo trajes elegantes moldados à lá Paris.

A primeira dessas salas mais refinadas para exibir cinema no Rio foi a Cinematógrafo Chic, na Rio Branco 173, inaugurada em 1 de agosto de 1907. Em apenas dezessete meses a sala abriu, fechou, reabriu com outro nome e acabou por fechar definitivamente. Na sequencia, outras salas chiques de cinema começaram a aparecer: Grande Cinematógrafo Parisiense (10 de agosto de 1907), na Avenida Rio Branco 179. A sala manteve atividades regulares até 1953, quando passou a ser o Cine Texas. No ano seguinte virou teatro e até hoje mantém a estrutura funcionando atualmente como Teatro Glauber Rocha.

Impossível neste breve artigo enumerar todas as salas de cinema deste período da cidade do Rio de Janeiro. Atentarei para as mais suntuosas e dentre elas, a do cinema onde se apresentavam os Oito Batutas, o Cine Palais, que antes de ter este nome foi inaugurado em 1907 na Rio Branco 147/ 149, como Cinematógrafo Pathé, posteriormente se transformado no Cinema Pathé. Em 1914 a sala reabre no mesmo endereço com o nome de Cine Palais. A sala de cinema funcionou até 1926 e depois voltou a ter nome de Pathé.

O cinema onde Pixinguinha se apresentou em 1919 pela primeira vez com os Oito Batutas também foi chamado de Cine Pathé, anteriormente. Fundado em 1907 pela família Ferrez, que explorava o cinema no Brasil, foi uma das primeiras salas de exibição na região central do Rio de Janeiro, funcionando com equipamentos da França, sob a patente dos irmãos Pathé.

O cinema onde Pixinguinha se apresentou em 1919 pela primeira vez com os Oito Batutas também foi chamado de Cine Pathé, anteriormente. Fundado em 1907 pela família Ferrez, que explorava o cinema no Brasil, foi uma das primeiras salas de exibição na região central do Rio de Janeiro, funcionando com equipamentos da França, sob a patente dos irmãos Pathé.

O cinema onde Pixinguinha se apresentou em 1919 pela primeira vez com os Oito Batutas também foi chamado de Cine Pathé, anteriormente. Fundado em 1907 pela família Ferrez, que explorava o cinema no Brasil, foi uma das primeiras salas de exibição na região central do Rio de Janeiro, funcionando com equipamentos da França, sob a patente dos irmãos Pathé.

O historiador Antonio Bulhões em seu livro ‘Diário da Cidade Amada: Rio de Janeiro -1922, Volume I’ fala sobre as primeiras salas de cinema construídas na região da Cinelândia:

“De 1909 a 1925 houve no número 137, esquina da rua 7 de setembro, a mais próxima a rua do Ouvidor, onde hoje está o Edifício Guinle, o Cinema Odeon, que não se deve confundir com o homônimo da Cinelândia, famoso, entre outras razões, porque em sua sala de espera, como de hábito, fez-se música a cargo dos Oito Batutas, e em certo momento de uma orquestra feminina, e pelo pianista Ernesto Nazareth, que compôs o choro ‘Odeon’ para prestigiar o cinema.

“A súbita explosão de cinematógrafos refletiu um conjunto de fatores associados. O capital necessário para o empreendimento não ultrapassava de dez a trinta contos de réis iniciais, em pontos mais valorizados, e de cinco e dez, em pontos menos visados. Em qualquer dos casos, era uma soma proporcionalmente baixa em comparação com outros investimentos do ramo de diversões. Além disso, a dinâmica do negócio sugeria retorno rápido e compensador. Por sua vez, a montagem do espaço de exibição não apresentava requisitos especiais – isto até que a municipalidade começasse a disciplinar seriamente o conforto, a higiene e a segurança dos recintos. Se houvesse fornecimento contínuo de filmes e de equipamentos de projeção, as salas poderiam manter-se tranquilamente […].”. (Gonzaga, A. 1996: 88)

Neste período, os empresários do cinema no Rio de Janeiro eram: o fotógrafo Marc Ferrez & Filhos, Paschoal Segreto, Florentin Lèbre, Castro, Guidão & Cia., Giacomo Rosário Staffa e Angelino Stamile & Irmão.

O cinema mundial nos anos 20

Num panorama mundial, considera-se a primeira década do cinema como sendo o período de 1894 -1899 a 1906-1908. A segunda seria o período de 1906-1908 a 1913-1915, chamado de “cinema dos primórdios”, “cinema das origens”, “o primeiro cinema” ou “cinema dos inícios”. O cinema desse tempo caracterizava-se pela geração de filmes documentários, ‘cinema de atrações, de tipo espetacular, registro de acontecimentos sociais e filmes ficcionais.

Na Rússia, um dos países onde o cinema é mais antigo, diretores, como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov foram pioneiros na construção da linguagem, estética e teoria cinematográficas, propondo conceitos que influenciaram realizadores de todo o mundo.

Dois anos antes dos Oito Batutas tocarem no Cine Palais, 1917, na sequencia da revolução Russa, o cinema russo recebeu grande incentivo do novo governo russo bolchevique. Acreditava-se (com razão) que o cinema poderia ser uma forte arma estratégica para as propagandas ideológicas que o governo precisava promover em massa.

Filmes que exaltassem a força e o heroísmo do povo russo eram estimulados, financiadas e amplamente distribuídas pelo Estado. Os clássicos “Encouraçado Potemkin”, “Outubro”, e “A Greve”, de Eisenstein são todos deste período.

Ainda na Rússia, nos anos 1920 e 1930, o lançamento do manifesto pelo “purismo” no Cinema, Kino-Glaz (Cinema-Olho), levantado por Vertov criou experimentações com filmes como “O Homem Com a Câmera de Filmar”, outro clássico do cinema mundial.

Já na Alemanha, outro país onde o cinema foi arma de guerra, os anos de 1920 e 1930 foram fortemente marcados por influência das vanguardas artísticas. Entre 1918-1933 surgiu o Expressionismo e a “Nova Objetividade”. Após o final da Primeira Guerra Mundial, a cinematografia alemã alcançou um rápido sucesso econômico causado pela desvalorização do Marco alemão, que possibilitou a oferta de filmes no exterior a preços praticamente sem concorrência; e por outro lado, tirou dos produtores estrangeiros a vontade de exportarem para a Alemanha. A indústria alemã de filmes caracterizava-se através de uns poucos consórcios financeiros à base de imenso capital de ações e por numerosas companhias economicamente fracas. O complexo mais forte de produção e distribuição era a UFA, fundada em 1917. O florescimento aparente alcançou seu ponto mais alto em 1920, quando foram produzidos 474 filmes de longa-metragem, número posteriormente jamais alcançado na Alemanha.

A estabilização do Marco terminou no ano seguinte e propiciou a normalização das condições de produção. Os produtores americanos passaram a interessar-se pelo mercado germânico. Contudo, os empresários alemães não se mostravam à altura da concorrência estrangeira. O governo interveio a favor da produção nacional, os filmes estrangeiros não podiam ultrapassar o número de fitas realizadas no país. Aqueles que mais sofreram com a concorrência foram os complexos empresariais, em primeiro lugar a UFA. Em 1926 ela viu-se forçada a fazer um empréstimo de quatro milhões de dólares junto às concorrentes americanos da “Metro Goldwin Mayer” e “Paramount”. Como nem mesmo assim podia ser evitado o desaparecimento da empresa, o consórcio “Hugenberg” passou a interessar-se na solução do problema. E, por conseguinte, a UFA ficou sob o controle de Hugenberg. Ela conduziu-a no tempo subsequente não por interesses econômicos, porém por objetivos de publicidade política. E assim a UFA chegava ao “Terceiro Reich” como um dos mais importantes instrumentos de propaganda.

No cinema alemão dos anos 20, como se pôde comprovar mais tarde, épocas de crise ofereceram maiores chances à atividade artística do que períodos de consolidação e segurança. Ascensão e queda da arte cinematográfica correspondem ao desenvolvimento econômico, social e político.

No Brasil, a primeira época do cinema corresponde aos anos que vão de 1896 a 1912; a segunda de 1912 a 1922 e um outro período importante para o nosso ‘primeiro cinema’ foi a ‘terceira fase; 1923 a 1933.

Leia a continuação do artigo aqui na Revista do Choro.

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Author: imprensabr