Choro e circo reunidos no espetáculo ‘Chorinho de uma roda só’


Por Augusto Cabeça Figliaggi

“Chorinho de uma roda só”, da trupe “Exército Contra Nada”, tem pré-estreia dia 28 de maio (domingo), 14h, no Parque Raphael Lazzuri, em São Bernardo do Campo e apresenta palhaçaria, equilibrismo e música em um espetáculo cômico sobre um palhaço carregador de bagagens em busca de superar as dificuldades cotidianas ressignificando sua existência e (re)encontrando seus talentos com o público.

ChorinhoDeUmaRodaSo-Augusto-Cabeca-Figliaggi-d_7705f553

Ao final, o artista e diretor circense Rafael de Barros inspira um diálogo com a plateia sobre a criação da obra. “Sugiro uma conversa sobre as referências utilizadas, o desenvolvimento do projeto e uma reflexão sobre os processos criativos circenses latino-americanos”, diz Rafael.

Já no dia 1 de junho, o artista vai para a Estação Prefeito Celso Daniel – Santo André. As apresentação também acontecem em outras datas nas estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos): Carapicuíba, Mogi das Cruzes, Franco da Rocha, Osasco, Palmeiras-Barra Funda, Tatuapé e Luz.

“Acredito que os espetáculos nas estações são capazes de marcarem o imaginário de cada pessoa que ali passa. Agora, esse caminho muitas vezes rotineiro ganha um outro significado. E também: a apresentação não acontece em um palco, mas no chão e em formato de roda. Cada pessoa ri olhando para outras pessoas do público. Ou seja, também transformamos ali em um lugar de convivência, mais do que apenas de passagem”, comemora o artista.

O artista Rafael de Barros

O artista Rafael de Barros

Turnê internacional

A turnê nacional continua no Circo Spacial, na Zona Sul de São Paulo. De lá, atravessa o mar para chegar em Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia, com shows em circos, teatros e festivais de arte de rua. O público estimado para as apresentações é de mais de 8 mil pessoas de todas as idades.

“Chorinho de uma roda só” foi contemplado pelo ProAC (Programa de Apoio à Cultura) pelo edital “Produção e apresentações de número circense” e faz parte da pesquisa de mestrado do artista.

Qualquer chão pode ser palco

Ressignificando o espaço público e sua própria existência, um palhaço carregador de bagagens perambula com seus únicos bens: uma carroça com alguns poucos objetos e um cavaquinho. E não passa despercebido: os objetos caem no chão e criam um primeiro espaço de diálogo sobre empatia.

O local também faz parte da mesma narrativa e sequência de ações do personagem. “O carregador de bagagens está nas estações, nesse lugar de passagem. É onde também trafegam questões como pertencimento, autonomia, ajuda coletiva e onde também acredito que está uma classe social que, muitas vezes por necessidade, assim como o personagem, aprende com maestria a converter dificuldades em novas possibilidades”, comenta o artista.   

O carregador está sem dinheiro e com o estômago vazio, perdido no espaço e no tempo,  busca sair dessas dificuldades criando um espetáculo. Porém, a carroça velha não ajuda, quebra e perde uma roda, transformando-se em um monociclo. O que parecia o fim da linha, transforma-se em uma nova possibilidade e em um grande desafio: apresentar um show em uma roda só.

Entre saltos e giros, o palhaço agora tenta equilibrar-se em seu novo monociclo ao mesmo tempo em que toca “Brasileirinho” – música ícone do chorinho, gênero que nasceu nas ruas do país – no cavaquinho, que está atrás da cabeça. Se conseguir tal façanha, essa é a primeira vez que se ouve falar do número na história do circo.

Serviço

Chorinho de uma roda só

20 minutos. Classificação: Livre. Grátis.

Pré-estreia: 28/5 (domingo), 14h, Parque Raphael Lazzuri, Avenida Kennedy, 1.111 – Anchieta, São Bernardo do Campo (SP)

Turnê nacional

As apresentações nas estações acontecem às 16h. Grátis.

31/5 (quarta) – Estação Carapicuíba, à esquerda do saguão.

1/6 (quinta) – Estação Prefeito Celso Daniel – Santo André, na calçada.

2/6 (sexta) – Estação Mogi das Cruzes, na calçada.

5/6 (segunda) – Estação Franco da Rocha, embaixo do mezanino.

6/6 (terça) – Estação Osasco, no mezanino, lado calçadão.

7/6 (quarta) – Estação Palmeiras-Barra Funda, no fundo do mezanino.

8/6 (quinta) – Estação Tatuapé, no fundo do mezanino.

9/6 (sexta) – Estação da Luz, no saguão principal, em frente à Praça da Luz.

16/6 (sexta) – Circo Spacial, Avenida Atlântica, 2.800, Jardim Três Marias, São Paulo (SP), A apresentação faz parte da programação do circo, com outras atrações, às 20h30, R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Sobre o artista

Rafael de Barros (1987, Santo André – SP) é pesquisador, ator, diretor, palhaço, músico e contador de histórias formado em Artes Cênicas com Habilitação em Interpretação Teatral pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).

Uma das grandes revelações do circo contemporâneo, é criador do “Exército Contra Nada” (2010), um circo nômade que apresenta uma comicidade de linguagem universal, e que já percorreu as ruas de mais de 80 cidades no Brasil e também apresentou-se na Argentina, Peru, Espanha e Grécia.

Na mala do processo de criação estão desde desenhos e filmes infantis até referências do cinema, como as comédias mudas de Charlie Chaplin e Buster Keaton, que dialogam com palhaços contemporâneos que não utilizam a fala como o principal meio de linguagem, como o argentino Tomate, o russo Jigalov, o espanhol Leandre Ribera, os alemães da Familie Flöz e o estadunidense Avner auxiliando na construção de personagens e roteiros criados por Rafael. Outra referência para o artista é a série de televisão mexicana “Chaves” (El Chavo del Ocho).

Rafael já esteve em residência artística na CalClown (Escola de Palhaços de Barcelona), é articulador da RBTR (Rede Brasileira de Teatro de Rua), fez parte do elenco fixo do Plantão Sorriso e tem artigos publicados na Revista Anjos do Picadeiro e Revista Ocas”.   

Também trabalhou com os grupos: Trupe Tangará, Teatro de Garagem, Imago-Teatro de Animação, Cia. Circo do Asfalto, Trupe Volare, CLAC (Centro Londrinense de Artes Circenses) e fez consultoria para os números cômicos do espetáculo Discow ´s – Trupe Volare e dirigiu o espetáculo Mandrake – Cia dos Tortos.

Além disso, o artista fez oficinas com os grandes mestres contemporâneos do riso: Chacovachi (Argentina), Ricardo Pucetti – iniciação e avançado (LUME), Palhaço Tomate (Argentina), Cia. Familie Floz (Alemanha), Angela de Castro (Inglaterra/ Brasil), Joice Aglae Brondani (Cia. Buffa de Teatro), Loco Brusca (Espanha), Inês de Castro, Andrea Macera, Ésio Magalhães (Barracão Teatro), Zé Regino e João Carlos Artigos (Teatro de Anônimo).

 

imprensabr
Author: imprensabr