Os 8 Batutas – Pixinguinha 120 anos pelo olhar da imprensa brasileira


Os 8 Batutas realizam hoje, às 21 horas, no salão do Conservatório, sua primeira audição pública em São Paulo. Mas quem são, afinal, os 8 Batutas? – inquirirão curiosos. Aih estão elles! São oito bravos “currupiras que pretendem realizar integralmente o sonho luminoso de Affonso Arinos, trazendo ao pasmo fútil da barbaria civilizada a forte melodia sertaneja e, nos cantos e lundus do “catira”, toda a nostalgia da raça, adormecida nas violas e acordada no choro longo plangente dos violões. Elles se propõem revelar-nos a nós mesmos, isto é, fazer que, ao menos um instante, nos voltemos admirados e comovidos de nos encontrarmos de novo nessa música de que andávamos quase esquecidos: música que é, afinal, a que sentimos sinceramente, porque se acha argamassada em nossos subsolos raciais, e da qual proveiu a primeira instituição alvoroçada da nossa esthesia.

Será uma noite no sertão, reboante de sambas, de lundus e de sapateados sertanejos e alindada pela saudade dos lindos cantos que lhes revelou a alma triste do “piraquara”.

Desde que a tarefa nacionalista de Afonso Arinos chamou para os salões o violão sertanejo e fez que a “cantiga” triumphasse, commovendo e encantando, é sempre com sympatia que se recebem as iniciativas como a de que é portador o grupo 8 Batutas. Certamente o mesmo carinhoso acolhimento lhes dispensará hoje a sociedade paulista, acorrendo a ouvi-los no salão do Conservatório.

1a audição dos8 batutas em sao paulo só a foto Correio Paulistano os oito batutas foto que parece grupo de caxangá 27 de outubro de 1919

Primeira parte

Os Oito Batutas – Tango de Alfredo Vianna (ixinguinha);

Eu vi vovó – Samba cantado pelo grupo;

Cade elle? – Embollada do Norte, cantada por Octavio Vianna e côro;

Sofres porque queres – Tango de Alfredo Vianna;

Seu Coltinho pegue o boi – Embollada do Norte, cantada por João Pernambuco;

Em ti pensando – Choro cantado pelo grupo;

Bem-te-vi – Poesia de Catullo Cearense, cantada por Octavio Vianna;

Luar do sertão – Poesia de Catullo Cearense, cantada por João Pernambuco (a pedido).

 

Segunda parte

Os dois que se gostam – Tango de Alfredo Vianna (Píxinguinha).

Cabôca bunita – Poesia de Catullo Cearense, cantada por Octavio Vianna;

Remelexo – Chôro de Alfredo Vianna, pelo grupo;

O poeta do sertão – Poesia de C. Cearense, por João Pernambuco (a pedido);

O capim mais mimoso – Poesia cantada por Octavio Vianna, em homenagem à memória do dr.. Afonso Arinos;

Sentindo – Chôro de João Pernambuco, pelo grupo;

O marroeiro – Poesia de Catullo Cearense, por João Pernambuco;

Samba de Urubú – de Alfredo Vianna, sapateado sertanejo (de grande sucesso);

Os bilhetes para a audição de hoje acham-se à venda nas seguintes casas: casa Bevilacqua, à rua Direita n.7, Casa Beethoven, à rua S. Bento, n. 82; Casa Editora “o Livro”, à rua da Boa Vista, n. 38-B; Casa Levy, à rua 15 de novembro, n. 50-A, e em todos os estabelecimentos de musica.

Correio Paulistano, 27 de outubro de 1919.

Correio Paulistano, 27 de outubro de 1919.

 

Este conteúdo integra o livro Pixinguinha 120 anos pelo olhar da imprensa brasileira.

Pesquisa: Leonor Pelliccione Bianchi, editora da Revista do Choro.

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Author: imprensabr