Leonor Bianchi
“Os primeiros moradores do arquipélago da Nova Zelândia foram indígenas polinésios. A música é tradicionalmente influenciada por esses nativos Maoris, os imigrantes da região do Pacífico, da Europa e Estados Unidos. Atualmente, os artistas locais misturaram essas vertentes para criar um som distinto da Nova Zelândia. É possível que o isolamento geográfico facilite a originalidade da musica daqui. Rock e hip hop, que marcaram o final do século XX, hoje dividem espaço com reggae, dub e eletro. Tudo com uma forte influência do jazz e instrumentos de sopro”, é o que nos conta Félicien Houet, um francês que se apaixonou pelo choro e integra o Clube do Choro de Wellington, na Nova Zelândia, onde mora há sete anos.
Criado em 2009 por três brasileiros e hoje com oito instrumentistas de várias nacionalidades, incluindo Brasil, Nova Zelândia, Japão e França, o Clube do Choro de Wellington, na Nova Zelândia é o único dedicado ao choro em todo o Pacífico Sul.
Em entrevista à Revista do Choro, Houet, violão 6 cordas do grupo, conta que descobriu o choro com o violonista – a quem chama de ‘mestre’ -, Mauricio Carrilho, numa oficina da Escola Portátil de Música, organizada pelo Clube do Choro de Paris.
Segundo Houet, a intenção do Clube do Choro de Wellington é agregar as pessoas que dividem uma paixão comum pela música brasileira e pelo choro.
– “Nossa disposição de colaborar com outros músicos nos levou a organizar rodas de choro semanalmente por muitos anos. Essa iniciativa criou encontros inesquecíveis e lembranças boas como, por exemplo, com Toninho Carrasqueira. Aos poucos evoluímos nossa formação atual, composta de seis instrumentistas que ensaiam semanalmente. No momento, exploramos bastante a vertente do chorinho de gafieira. É claro que abrimos nossa roda quando aparecem músicos interessados em choro! Recentemente tivemos aqui um bandolinista incrível de Oregon, por exemplo”, conta o francês, que é casado com uma brasileira.
O Clube do Choro de Wellington em diversos festivais de cultura brasileira fora do Brasil
Em 2010, o grupo se apresentou no Festival de Arte Brasileira de Wellington. Em 2013, o Clube ganhou destaque quando de sua apresentação no “Wellington Jazz festival”, o festival de jazz da capital neozelandesa, projetando o Choro no ambiente do Jazz.
Também em 2010, 2011 e 2012 tocaram na abertura do Festival de Cinema Brasileiro na Nova Zelândia, “Reel Brazil” . Ano passado, eles participaram do Festival de Jazz de Wellington. Segundo Houet, “um atestado de que o choro tem seu espaço garantido em qualquer cena!”.
No final do ano passado, o grupo participou de um importante festival de música da Nova Zelândia; o Womad – World of Music and Dance International.
– “WOMAD, World of Music Arts and Dance, é um festival fantástico que acontece mundialmente. A cada ano, Taranaki, na ilha norte da Nova Zelândia, sedia a edição kiwi do festival, que dura 3 dias e conta com a participação de vários artistas que vem de todos os cantos do planeta. A competição WOMAD pelo voto popular visava eleger uma banda local para se apresentar no festival de 2015. Participar da competição foi uma oportunidade de divulgar o Choro para o publico neozelandês. Interessantemente, a banda vencedora foi a escola de samba de Wellington, Batucada! A música brasileira está em alta!”, comenta Féllicien.
Integram o Clube do Choro (segundo Félicien):
Fabiola Haru, vocalista,“paulistana da gema (cearence/japonesa)”. Mora na Nova Zelândia há 12 anos. Antes de cantar no Clube do choro, Fabiola estudou canto lírico e Musica Popular Brasileira. Ela é terapeuta do movimento e professora de danças brasileiras, como Samba e Baião. Sua energia contagiante convida o povo a dançar.
Taciano Milfont, percussão. Taciano, pernambucano, dá voz a riqueza da percussão brasileira com muito suingue. Participante da Camerata Caipira no WOMAD 2013, Taciano é/foi membro de todas a bandas de musicas Brasileiras de Auckland e Wellington!
Aiko Sato, trombone. Gueixa do Choro de Wellington. Sambista da Batucada de Wellington.
Bryn Van de Vliet, clarinete, flauta e saxofone. “Brindy Birdy” (NZ) acabou de se formar na Escola de Música de Wellington, e, alem do Clube do Choro, toca em bandas de Jazz, Reggae, e funk. É fã do Pixinguinha e não tem medo de improvisar. Seu objeto de estudo é a relação entre o Choro e o Jazz de New Orleans.
Topher Clinch, trompetista, Neozelandês, professor de trombone. É o maestro da banda! Faz arranjos para os diversos instrumentos e transcreve musicas. Dedica-se constantemente a aperfeiçoar o som do Clube do Choro.
Félicien Houet, violão 6 cordas. É o Francês mais Brasileiro do mundo! Descobriu o Chorinho com o mestre Mauricio Carrilho numa oficina da Escola Portátil de Música, organizada pelo Clube de Choro de Paris. Casado com uma artista e designer Brasileira, Felicien e família fizeram de Wellington sua residência ha 7 anos.
Importante lembrar, que por lá já se apresentaram Maurício Carrilho, o violonista gaúcho Yamandú Costa, o baterista Oscar Bolão, o grupo Água de Moringa, Quarteto Mahogani, entre outras referências do choro brasileiro.
Saiba mais sobre o Clube do Choro de Wellington
Facebook: www.facebook.com/clubedochoronz
Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Mh4GbYls0h8&feature=youtu.be
Fotos do Clube do Choro na Aro Valley fair (feirinha anual do Bairro de Aro Valley, em Wellington)