Com quatro CDs gravados, grupo ‘Choronas’ completa 20 anos de carreira tendo desenvolvido projetos educativos, culturais e conquistado espaço no cenário internacional
Por Leonor Bianchi
Choro, baião, maxixe, samba. Os mais brasileiros ritmos da música popular compõem o variado repertório do grupo Choronas, que desde 1994 encanta e comove o público no Brasil e no exterior. Obras tradicionais se alternam com outras mais recentes nas apresentações do grupo de mulheres choronas que há 20 anos toca junto. Opa, quase isso. É que a formação do grupo permaneceu intacta durante 18 anos, mas há dois, a percussionista Roseli Camara, que integrava o grupo, resolveu trilhar outros caminhos e em seu lugar entrou Miriam Cápua.
“A Miriam, na verdade, foi a primeira a ser convidada a entrar no grupo, lá no início, em 1995. Como ela não podia, indicou a Roseli Camara e durante todos esses anos ela foi sua substituta oficial, portanto, a sua entrada no grupo foi tranquila, pois o repertório e o estilo do grupo já estavam incorporados”, disse à Revista do Choro a violonista do grupo, Paola Picherzky.
Além de Paola e Roseli, integram a formação do Choronas Gabriela Machado (flauta transversal) e Ana Cláudia César (cavaquinho).
Com técnica apurada, as Choronas se apresentam acompanhadas por importantes orquestras brasileiras e participam de shows de artistas consagrados. O amplo conhecimento musical permitiu ao grupo elaborar projetos culturais e pedagógicos de importância reconhecida pela crítica especializada. Essa trajetória de múltiplas atividades está registrada em quatro CDs e tem motivado convites para apresentações no Brasil e exterior.
Em comemoração aos 20 anos de carreira o grupo está preparando um repertório novo que será gravado ainda este ano e lançado em 2015.
Discografia
O grupo Choronas consolidou o repertório com cuidadosas interpretações em três CDs elogiados pela crítica:
O CD Atraente foi lançado em Março de 2000, no Centro Cultural São Paulo/SP e em 2011, a convite da Embaixada do Brasil no Peru, e da “Diva” Producciones, membro da Rede de Promotores Culturais da América Latina e Caribe, o grupo lançou o CD no Teatro Satchmo, em Lima.
Em 2003 gravaram o ‘Choronas convida’, CD lançado no Sesc Pompéia/SP com participação especial de grandes músicos, como Alceu Maia, Grupo Madeira de Vento e Aleh Ferreira. O CD ‘Choronas convida’ também teve lançamento internacional no “Festival do Avante”, realizado em Lisboa.
‘O Brasil toca Choro’ (2007) é um registro das apresentações no projeto “10 Anos, 10 Cidades Brasileiras” (2005), nas quais o grupo tocou com músicos das diferentes regiões do Brasil. Esse contato contribuiu para a elaboração de um repertório composto por músicas pouco conhecidas ao lado de clássicos do Choro. ‘O Brasil toca Choro’ foi lançado em 2008 no Brasil e em Estocolmo (Suécia), com dois shows no Stallet Luso Festival.
‘Joaquim Antonio Callado’ é o título do CD que o grupo gravou, também em 2007, para acompanhar o songbook desse compositor, a convite da gravadora Choro Music. Contemporâneo de Chiquinha Gonzaga, o flautista Joaquim Callado é considerado um dos criadores do choro, gênero que tornou popular no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX.
Educação Musical para crianças
Além da rotina de estúdio e palco, o grupo teve intensa atuação no desenvolvimento de projetos pedagógicos para o público infanto-juvenil. Através de apresentações didáticas de música instrumental o grupo levou os ritmos brasileiros e o Choro para o ambiente educativo e para um público diferente do tradicional.
Em 2011, as Choronas fizeram o projeto ‘Um passeio pela música popular brasileira’, apresentado ao longo do ano nas escolas do SESI – Serviço Social da Indústria -, em 20 cidades do estado de São Paulo, como parte do Projeto de Música Educação/2011.
Outro projeto que merece destaque neste campo é o ‘Da polca ao samba’, que nos anos de 2010 e 2004 aconteceu nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) da cidade de São Paulo.
O primeiro projeto das Choronas voltadas para a educação musical foi o ‘Música Instrumental Brasileira nas Escolas’. Aprovado em 1998 na Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o projeto promoveu 18 shows em escolas municipais da cidade de São Paulo. Nos espetáculos, a polca, o maxixe, o Choro, o samba e o baião eram apresentados aos alunos de forma lúdica, e histórias peculiares sobre os compositores e suas épocas ilustravam as apresentações.
Projetos Culturais
Em 2012 o grupo fez o projeto ‘O Brasil Toca Choro’, um show produziu pelo grupo para uma série de oito apresentações no interior paulista, que integrou o Programa de Ação Cultural do governo do Estado de São Paulo.
Com o espetáculo ‘Choronas 10 anos, 10 cidades brasileiras’, produzido com apoio do grupo Votorantim, o grupo fez shows em Belo Horizonte, Salvador, Itamarati, Recife, Belém, Curitiba, Esteio/RS, Alumínio/SP, São José dos Campos/SP e Poços de Caldas/MG, em 2005.
Acompanhamento a Orquestras
Outra atividade frequente do grupo os acompanhamento de orquestras.
A estreia foi em 2001 a convite da Orquestra Feminina de Câmara, para a montagem da opereta ‘A Noiva do Condutor’, de Noel Rosa, com apresentações em São Paulo, Campos do Jordão e Belém (PA).
Em 2005 o grupo se apresentou no projeto Avon Women in Concert, em Campos do Jordão (SP), em concerto especial gravado pela TV Cultura. Importantes arranjadores da música brasileira – Laercio de Freitas, Paulo Tiné, Celso Del Neri e Edmilson Capelupi –, foram convidados a criar para uma orquestra exclusivamente feminina novos arranjos para as interpretações do grupo já gravadas nos CDs.
Desde então, o grupo foi acompanhado por diversas orquestras, como a Sinfônica de Santo André, a orquestra do Projeto Guri, a Banda Sinfônica Jovem, a Jazz Sinfônica Jovem, a Filarmônica de São Caetano do Sul e a Sinfônica Municipal de Santos.
Ao lado de grandes nomes da música brasileira
Além dos músicos consagrados que participaram do CD ‘Choronas convida’ – Roberto Sion, Alceu Maia, Madeira de Vento, Jane do Bandolim, Aleh Ferreira, entre outros –, o grupo se apresentou ao lado de Toninho Ferragutti, Jair Rodrigues e do mestre da flauta Altamiro Carrilho, considerado um dos maiores expoentes da música instrumental brasileira de todos os tempos.
