Nos Estados Unidos, país do jazz e do blues, a coisa mais comum é vermos um negro sentado ao piano, e tocando MUITO! Diferentemente dessa realidade, aqui no Brasil temos pouquíssimos pianistas negros, e eu não preciso explicar o motivo disto… resultado de uma herança de escravidão e de desigualdades sociais, que até hoje isola esta camada da sociedade das melhores oportunidades de estudo, trabalho, vida…

Contrariando as regras, o Brasil está conhecendo, amando e aplaudindo cada vez mais o talento do pianista capixaba de Vitória, Hercules Gomes. De família humilde do Espírito Santo – o pai trabalhava com oficina de carros e a mãe era costureira -, conseguiu estudar Música Popular na Unicamp (SP), e hoje é um dos pianistas de maior ascensão no cenário da música popular, com reconhecimento no Brasil e fora do país.

Em seu terceiro disco, lançado recentemente, ‘Tia Amélia para sempre’, o pianista revive a obra de uma das mais importantes pianeiras e choronas da nossa música: a pernambucana Amélia Brandão Nery (25 de maio de 1897, Jaboatão dos Guararapes – 18 de outubro de 1983, Goiânia), conhecida como Tia Amélia.

Neste podcast gravado especialmente para a Revista do Choro, Hercules conta um pouco sobre sua trajetória de vida, seus estudos ao piano e na música, seu contato com o professor Sílvio Baroni, que segundo ele foi um divisor de águas em seus estudos ao instrumento, e destaca sua participação no Prêmio Nabor Pires de Camargo como um momento muito importante em sua carreira e que deu a ele mais visibilidade midiática e reconhecimento do público. Segundo Hercules, foi através desse reconhecimento que ele confirmou aquilo que já sabia e queria desde sempre: viver da sua arte, da música, do piano. Não que ele tivesse alguma dúvida com relação a isso, mas sabemos o quão difícil é viver de música e de arte em nosso país.

De olho no futuro, ele já pensa no próximo CD com arranjos que escreveu para peças de Ernesto Nazareth, mas até chegar lá tem uma longa turnê apresentando o trabalho que acabou de lançar pelo Selo Sesc dedicado a Tia Amélia: ‘Tia Amélia para sempre’.

E é sobre este trabalho que o pianista fala agora neste podcast.

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Em breve aqui na Revista do Choro um podcast com a biógrafa da Tia Amélia, Maria José Brandão.