Leonor Bianchi
O LP que inspirou o violonista Paulo Bellinati a gravar o CD que deu origem ao artigo de Bruno Willian Levandoski, que você lerá aqui chama-se ”Afro Sambas”.
Considerado um dos discos mais importantes da história da música popular brasileira, o Afro Sambas, parceria entre o poeta Vinicius de Moraes e o violonista Baden Powell ganhou uma reedição em vinil em comemoração a seus 50 anos, em 2016.
O LP é raríssimo porque só teve uma prensagem no Brasil, em 1966, lançada pelo selo Forma, mas entre o final da década de 1980 e o início na década de 1990 saíram edições do disco em CD, no Japão e no Reino Unido, ambos com participação do grupo vocal feminino Quarteto em Cy e de uma orquestra regida pelo maestro Guerra Peixe.
O conceito do LP é a união de instrumentos e sons caracteristicamente africanos ao samba de roda bem estruturado por Baden, com o complemento dos vocais bem pessoais de Vinicius, o letrista maior da bossa nova. A faixa de abertura, Canto de Ossanha, é um hino da MPB – e, curiosamente, tem a participação da atriz Betty Faria nos vocais de apoio.
O relançamento em vinil de 180 gramas foi produzido pela Noize Record Club, um “clube do vinil” para colecionadores, teve apenas 1.500 cópias.
O Afro-Sambas é uma obra com características de marco fundador por alguns pontos… cito apenas dois bastante evidentes no projeto: o primeiro é que ‘desvicia’ nosso poetinha Vinicius de Moraes, ainda extremamente vinculado ao movimento da bossa nova, a uma expressão mais criativa, fora dos padrões deste gênero. O outro aspecto é a exaltação à cultura africana interpretada por um violonista, o que ainda não havia acontecido de forma tão contundente na música popular brasileira, no violão popular brasileiro.
Este é o disco de Bellinati e Monica Salmaso
Clique no título do artigo para ler o mesmo
O idiomatismo no violão de Paulo Bellinati: o caso dos Afro Sambas Consolação e Canto de Ossãnha
