João Pernambuco: um Batuta esquecido


Leonor Bianchi

Quando lembramos d’Os Oito Batutas pensamos logo na liderança do grupo por Pixinguinha partilhada com Donga. Porém não podemos esquecer que Os Oito Batutas ‘surgiu/ saiu’ do Grupo do Caxangá, liderado por um dos maiores violonistas do mundo, o brasileiro semi-alfabetizado nascido no sertão miserável de Pernambuco: João Pernambuco.

João Teixeira Guimarães: João Pernambuco

João Teixeira Guimarães: João Pernambuco

O grupo, criado por encomenda de um empresário do ramo de entretenimento para se apresentar na sala do Cine Palais (RJ) de fato teve Pixinguinha como mentor, uma vez que teria sido ele o responsável pela escolha dos músicos que formariam o mesmo. Só que ele inicialmente não convidou João Pernambuco para integrar Os Oito Batutas. Pernambuco só passaria a fazer parte do grupo em outubro de 1919 e o mesmo já existia desde o dia 7 de abril daquele ano, quando fez sua primeira apresentação na sala de espera do Palais.

Quem esclarece como se deu a presença de João Pernambuco nos Oito Batutas, assim como sua expulsão do grupo, são os biógrafos do violonista no livro ‘João Pernambuco: arte de um povo’ (Funarte, 1982). No livro, José Souza Leal e Arthur Luiz Barbosa apresentam um confronto entre dois depoimentos coletados para o livro, no que tange a opinião de seus autores sobre o que teria levado João Pernambuco a sair d’Os Oito Batutas. Seriam os depoimentos de Donga e de Joca (João Elpídio Alves Mendes), irmão de João Pernambuco.

João Pernambuco, como disse anteriormente, liderava o Grupo do Caxangá, e a experiência desses músicos perdurou entre Os Batutas em seus primeiros anos, antes de conhecerem Paris, sobretudo, no que diz respeito à escolha do repertório que apresentavam, que neste período ainda incluía músicas sertanejas interpretadas anteriormente pelo Caxangá. 

A presença de João Pernambuco nos Oito Batutas jamais pode ser apagada, esquecida.

Da esquerda para a direita – Não identificado, Pixinguinha, Luis Silva e Jacob Palmieri. Sentados – Otávio Viana, Nelson Alves, João Pernambuco, Raul Palmieri e Donga

Da esquerda para a direita – Não identificado, Pixinguinha, Luis Silva e Jacob Palmieri. Sentados – Otávio Viana, Nelson Alves, João Pernambuco, Raul Palmieri e Donga

Depois de três anos 1919, 1920 e 1921 fazendo parte d’Os Oito Batutas, no final deste último ano João Pernambuco teria sido convidado a sair do grupo. Na biografia de João Pernambuco, “João Pernambuco: arte de um povo”, reeditada neste momento com curadoria minha, pela Editora Flor Amorosa, os autores afirmam que o convite foi uma exigência do então mecenas do conjunto, o empresário Arnaldo Guinle.

Justamente pelo fato de ter sido um episódio polêmico e traumático para todos os músicos, que já trabalhavam juntos há anos, a participação de João Pernambuco n’Os Oito Batutas e a sua saída do mesmo são fatos praticamente ocultos das páginas da história do choro e da música popular brasileira, sobretudo, da biografia d’Os Oito Batutas.

João Pernambuco no centro dos músicos. Era o elo do grupo com seu violão.

João Pernambuco no centro dos músicos. Era o elo do grupo com seu violão.

Importantíssimo ressaltar, que João Pernambuco além ter sido um exímio violonista e compositor, é o autor de uma das músicas mais interpretadas ao violão no mundo inteiro: Sons de carrilhões. Para pesquisadores e estudiosos da música popular brasileira, depois de Pixinguinha, João Pernambuco é um dos maiores compositores do seu tempo.

Para ler o artigo na íntegra assine a Revista do Choro.

Fomente!

Assine a Revista do Choro!

Para assinar clique aqui.

 

imprensabr
Author: imprensabr