Leonor Bianchi
Conhecido como a maior patente do rádio brasileiro, Henrique Foréis Domingues, o “Almirante”, fez aniversário no último dia 19. Nascido em 1908 na cidade do Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 22 de dezembro de 1980, dirigiu inúmeros programas em diversas emissoras de rádio, foi amigo dos maiores músicos do tempo de ouro do rádio no Brasil, foi músico, compositor, pandeirista, escritor… ator, e pouca gente sabe, morou em Nova Friburgo, cidade onde está localizada, em Lumiar, a redação da Revista do Choro, serra Centro-Norte do estado do Rio de Janeiro.
Almirante residiu em Nova Friburgo por volta de 1915, quando seu pai, Eduardo Foréis Domingues foi trabalhar como diretor da antiga Fábrica Ypu, falida há décadas.
O prédio enorme onde funcionava a fábrica permanece de pé, e até onde sei houve um convênio entre a prefeitura, atual proprietária do imóvel, com a Universidade Federal Fluminense, para instalar em alí um polo avançado da universidade. Há alguns anos, funcionam um restaurante popular a quilo e a garagem de uma distribuidora de volumes no antigo prédio da fábrica desativada.
A Ypu já foi a empresa mais importante para a economia de Nova Friburgo. Empregava praticamente toda a cidade e vendia para o Brasil inteiro seus produtos: tecidos, artigos de couro, rendas, elástico…
Entrevistado para o livro “Samba, o dono do corpo” do historiador Muniz Sodré, Almirante revelou que em Nova Friburgo aprendeu alemão e presenciou inúmeras manifestações culturais.
“Num chalé da Ra MacNiven presenciei manifestações sobrenaturais, batucadas e aprendi alemão correntemente e violino. ”, contou o radialista.
O apelido de Almirante foi dado depois que desfilou como ordenança do comandante da Reserva Naval do Rio na solenidade de comemoração da chegada do hidroavião Jaú ao Brasil.
Fez o curso técnico de contabilidade e trabalhou nessa profissão. Nesse período foi cantor e pandeirista do conjunto Flor do tempo, depois, o Bando de Tangarás que contava com Alvinho, João de Barro, Henrique Brito e Noel Rosa.
Almirante, a maior patente do rádio, registrou seu nome no universo musical pelas suas diferentes facetas artísticas seja como cantor, compositor, radialista, escritor ou pandeirista. Colecionou, pesquisou e historiou a nossa música popular. Produziu e apresentou com sucesso programas em várias emissoras, um deles é “Curiosidade musicais”, de 1938, o primeiro programa estruturado da história do rádio brasileiro.
Naquele tempo o cinema vivia uma intensa produção com as chanchadas da Atlântida, Vera Cruz, Cinédia… e Almirante participou de diversos filmes. Dentre os mais famosos estão “Alô, alô Brasil”, “Alô, alô carnaval”, “Banana da terra”, etc.
A partir de 1940, passou a atuar somente no rádio. Produziu e apresentou programas de sucesso como “Curiosidades musicais”, “Caixa de perguntas”, “Programa de reclamações”, “Orquestra de gaitas”, e, dentre outros, o célebre “No tempo de Noel Rosa”, também o título do seu livro publicado em 1963.
Colecionou discos, partituras musicais e documentos do nosso legado musical, esse acervo foi incorporado ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, o MIS, que infelizmente, como vimos no episódio relacionado ao acervo de Jacob do Bandolim, na última semana, não é capaz de resguardar nenhum acervo.
Este incansável pesquisador prestou grandes serviços a nossa música em qualquer uma das atividades que desempenhou.
Ave Almirante! Amaior patente do rádio!