Leonor Bianchi
Você conhece a história do nome da valsa ‘Guaracy’, do flautista Altamiro Carrilho? Segundo o próprio Altamiro, o nome da música surgiu num programa da extinta Rádio Mauá.
“Foi um pequeno concurso que fiz no meu tempo de rádio, na Rádio Mauá. Quem quisesse mandar sugestões para o título daquela valsa poderia mandar por carta, mas eu não pensei que fosse receber tantas cartas; uma quantidade enorme, que eu tive até que pedir ajuda!
E dentre os vários nomes bonitos que chegaram – havia também alguns nomes como Etelvina um pouco esquisito porque é um nome que está praticamente em desuso -, aí chegou essa Guaracy. Eu gostei porque é uma palavra indígena, lembra o tupi-guarani, e eu disse: bom, vou ficar com essa Guaracy.
E outra coisa: quando eu fui conhecer a Guaracy que mandara aquela carta, era uma moça linda, tão bonita quanto a valsa”, contou Altamiro numa entrevista concedida ao editor da Choro Music, Daniel Dealarosa, em 2009. Daniel produziu um songbook com Altamiro Carrilho, onde incluiu a música Guaracy. Em 2014 o songbook ganhou segunda edição.
Guaracy foi gravada no LP ‘Antologia da Flauta’, de Altamiro Carrilho, lançado em 1975, pela Philips.
Assista a interpretação da música no programa Mosaicos TV Cultura, apresentado originalmente em setembro de 2007 – A Arte de Altamiro Carrilho, com os músicos: Teco Cardoso (flauta); Léa Freire (flauta baixo); Thiago Costa (piano); Zé Alexandre (baixo); Edu Ribeiro (bateria).
No verbete sobre o significado da palavra Guaraci encontramos a seguinte definição na enciclopédia mais popular do mundo, a Wikpédia:
“Guaraci Quaraci, Coaraci ou Coraci (do tupi kûarasy, “sol”) na mitologia tupi-guarani é a representação do Sol, às vezes compreendido como aquele que dá a vida e criador de todos os seres vivos, tal qual o Sol é importante nos processos biológicos. É identificado com o deus greco-romano Apolo, o hindu Brama e com o egípcio Osíris.
De acordo com o Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo, Guaraci significa o Sol no idioma tupi. Segundo esta mesma referência, a teogonia indígena teria sido arquitetada por Couto de Magalhães, não havendo, contudo, mais significativos vestígios de culto astrolátrico entre os indígenas brasileiros.[1]
A etimologia da palavra vem da junção dos termos kó, ‘ara e sy, que, juntos, significam “origem deste dia”.[2]
Referências
- ↑ CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, [19–]. p. 288
- ↑ TREVISAN, Rodrigo Godinho. Tradução comentada da obra Le Petit Prince, de Antoine de Saint-Exupéry, do francês ao nheengatu (versão corrigida).
Saiba mais sobre a Rádio Mauá da qual fez parte do casting o flautista Altamiro Carrilho
A emissora foi fundada em 5 de junho de 1935 como Rádio Ipanema,[1] por um grupo de empresários de origem alemã. Com o prefixo PRH 8, operava inicialmente em 1080 kCs, tendo mudado para os 1130 kCs no ano seguinte. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a rádio foi confiscada pelo Governo Federal em julho de 1944. Em 7 de setembro do mesmo ano, a emissora foi renomeada para Rádio Mauá, tornando-se subordinada ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.[2]
Com o slogan A emissora do trabalho, a rádio contava com programas produzidos pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, tornando-se assim como sua co-irmã Rádio Nacional um instrumento de propagação das ideias populistas do presidente Getúlio Vargas. Sua programação funcionava entre 5h e 0h, e na época era uma das emissoras mais ouvidas na faixa matutina. Com o fim do Estado Novo em 1945, a rádio teve sua programação alterada e passou a ser gerida por uma fundação, tendo sua imagem de “emissora do trabalho” completamente desvincilhada, mesmo ainda ligada ao Ministério do Trabalho.[2]
Na década de 1950, a Rádio Mauá tinha uma estrutura composta por dois estúdios e um auditório localizados no Palácio do Trabalho, além de orquestra e conjunto regional. Além do transmissor de onda média, a emissora também operava em ondas curtas de 31 metros (ZYZ 24, 9705 kHz) e 25 metros (ZYZ 25, 11885 kHz). Na gestão do então ministro João Goulart, o seu secretário Doutel de Andrade passou a dirigir a emissora, trazendo para a Mauá nomes como Orlando Batista, Osvaldo Sargentelli e Haroldo de Andrade. Entre 1954 e 1955, foi dirigida por Hélio Fernandes, quando passou a operar com novos transmissores e por 24 horas. Além da programação de entretenimento, que era composta por programas como Ritmos e Melodias, Grande Carnaval Mauá, Tribuna Livre, O Sertão é Assim, Rádio-Show Mauá, Programa Nena Martinez, Diário Feminino, entre outros, Fernandes reforçou a parte jornalística da rádio, criando os noticiários Noticioso Mauá, transmitido de hora em hora, e Rotativas Mauá, apresentado por Osvaldo Sargentelli. Nomes como José Lewgoy, Maria Fernanda e Leon Eliachar também fizeram parte desta época da emissora.[2]
Em 1958, a emissora passou a ser dirigida por Paulo Nunes Vieira. Eram veiculados programas como Os Grandes Vultos da Música, com Maurício Caminha de Lacerda, sobre música erudita; A Turma do Bate-Papo, com Orlando Batista; Essa, não!, humorístico apresentado por Samuel Bastos; Musifone, com Haroldo de Andrade, entre outros. Em 1959, segundo pesquisa IBOPE, a Rádio Mauá figurava como quinta colocada em audiência no Rio de Janeiro, atrás (em ordem decrescente) da Rádio Nacional, Rádio Tamoio, Rádio Tupi e Rádio Mayrink Veiga (empatadas em 3º lugar) e Rádio Jornal do Brasil.[2]
Em 22 de julho de 1960, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio passou a se chamar Ministério do Trabalho e Previdência Social. A Rádio Mauá, que ainda era subordinada a pasta, firmou convênio em 1965 com os institutos de previdência social, passando a receber subvenções mensais.[2] No início da década de 1970, os principais sucessos da emissora estavam no humorístico A Turma da Maré Mansa, apresentado por Antonio Luiz, e na Grande Resenha Esportiva Antártica, com Jorge Nunes.
Em 15 de dezembro de 1975, através do Decreto nº 6.301, foi criada a Radiobrás, empresa de comunicação responsável por gerenciar todas as concessões de radiodifusão pertencentes ao Governo Federal.[3] A Rádio Mauá então deixou de ser subordinada ao Ministério do Trabalho e passou a fazer parte da nova empresa, juntamente com a Rádio Nacional, Rádio MEC e a TVE Rio de Janeiro. Na virada para 1976, a emissora troca de frequência com a Nacional, e passa a operar em 980 kHz, tempos depois alterados para os atuais 990 kHz.
Em 25 de maio, a Rádio Mauá sai temporariamente do ar, retornando em 16 de junho como Rádio Ipanema, voltando a utilizar sua antiga nomenclatura após 32 anos.[2] Seus estúdios passaram a funcionar junto a Rádio Nacional no Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, estando até hoje no local uma placa de bronze indicando o fato. Com o relançamento da emissora, inicialmente apostou-se numa programação voltada para o público feminino, mas posteriormente a emissora voltou-se para a programação musical, concorrendo diretamente com a Rádio Tamoio e a Rádio Mundial, que dominavam o segmento no dial AM carioca.
Na década de 1980, a rádio passou a fazer parte de uma rede de emissoras comandada pela Golden Cross, sendo essa a primeira tentativa de privatização da emissora. No fim de 1989, a rádio foi vendida para o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, passando a fazer parte da recém-criada Central Record de Comunicação. Em 1990, deixa de utilizar o nome Ipanema e passa a se chamar Rádio Record, tal qual a emissora homônima de São Paulo que pertencia ao grupo. Com o passar da década, sua programação musical foi aos poucos dando espaço aos cultos e programas religiosos da Igreja Universal, declinando totalmente na audiência.[4]
Em 2006, a emissora mudou de nome para Rádio Nova, passando a apostar numa programação similar a da 93 FM e da Rádio Melodia, com atrações voltadas para o público evangélico além de promoções para os ouvintes.[4] Em julho de 2009, passou a ser dirigida pelo bispo Carlos Rodrigues, que reorganizou a programação da emissora e modernizou alguns equipamentos, fazendo-a sair da 13ª para a 7ª colocação no ranking de audiência das emissoras AM.
Em 8 de junho de 2010, a emissora passou a se chamar Rádio Record Rio, substituindo a maior parte da programação religiosa por uma programação popular, com locução ao vivo e notas jornalísticas. A reformulação era parte do projeto do Grupo Record de criar uma nova rede nacional de rádio comandada a partir de São Paulo, porém o mesmo foi abandonado a partir de julho de 2011, e a emissora carioca voltou aos poucos ao antigo formato religioso. Em maio de 2017, a emissora passa a se chamar Rádio Contemporânea, passando a intercalar programas jornalísticos diários com a programação religiosa.
Referências
- ↑ «Rádio Ipanema». O Imparcial: 2. 6 de junho de 1935. Consultado em 23 de setembro de 2018
- ↑ Ir para:a b c d e f Siqueira, Carla. «Rádio Mauá». CPDOC. Consultado em 23 de setembro de 2018
- ↑ GEISEL, Ernesto; REIS VELLOSO, João Paulo dos; QUANDT DE OLIVEIRA, Euclides (16 de dezembro de 1975). «Lei nº 6.301 de 15 de dezembro de 1975». Diário Oficial da União. Consultado em 23 de setembro de 2018
- ↑ Ir para:a b Delfino, Marcelo (20 de maio de 2015). «Oscilando entre o secular e o evangélico». Tributo ao Rádio do Rio de Janeiro. Consultado em 23 de setembro de 2018
Fonte das informações sobre a Rádio Mauá: Wikipédia