Choro: o fado com ginga


A Roda de Choro de Lisboa está de volta. Todas as terças-feiras, no Lusitano Clube, em Alfama, pertinho da Sé.

Por Inês Henriques*

Choro nem sempre é lamento. Choro pode ser fado com mel, pode ser música de requinte com um toque popular. A Roda de Choro de Lisboa, com quatro brasileiros e um português, traz a Lapa do Rio à Alfama lisboeta, traz a boemia em cada corda do violão, em cada trinado do bandolim, uma certa ‘malandragem’ boa no chapéu branco e nos suspensórios da ‘farda’ do quinteto luso-brasileiro.

Género musical “não tão conhecido”, como disse Edu Miranda, o homem do bandolim e do ‘português’ cavaquinho, é para ser ouvido, mas em Portugal ganhou uma versão dançante.” “Nunca fizemos nada para que isso acontecesse”, conta Nuno Gamboa, o solitário lusitano.

E é verdade. Cerca das 23h00 da última terça-feira, a primeira desta nova temporada de atuações, o salão do Lusitano Clube, cheio de carisma e história dos tempos em que os clubes recreativos polvilhavam Lisboa, começa a ficar composto e antes mesmo de aquecerem as cadeiras colocadas junto às paredes, as pessoas chegam-se à pista de dança. Em Alfama, o choro virou ‘música de baile’. No Rio não, continua a ser música escutada, de quem chega e toma um ‘chope’ na velha Lapa carioca.

Na verdade, aos primeiros acordes é impossível manter o pé sossegado. O ritmo vai subindo, mexem-se as pernas, as ancas e num ápice, o corpo é levado pelo estilo.

João Pedro Santos, no clarinete, Edu Miranda, no bandolim e cavaquinho, Carlos Lopes, no acordeão, Nuno Gamboa, no violão de sete cordas e Alexandre Santos, na percussão, compõe o quinteto que durante o verão estará todas as terças-feiras, entre 22h30 e 01h00, no Lusitano Clube.

 

*Jornalista portuguesa atuante em Lisboa, colaborou com a cessão desta matéria para a Revista do Choro.

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Author: imprensabr