Leonor Bianchi
Neste mês em que celebramos o aniversário de Pixinguinha*, em 23 de abril, Dia Nacional do Choro, a Revista do Choro conversa com o chorão Fernando César, atual coordenador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, de Brasília, fundada em 1998.
Fernando César, violonista, compositor, arranjador, educador musical brasiliense, chorão por DNA, pois o pai, José Américo já era um chorão quando ele nasceu e foi quem o apresentou ao choro na infância, completa 50 anos este ano, dos quais já toca choro há 40. Entendedor do gênero como poucos, trabalha como professor há 18 anos na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello lecionando violão. Entre 2004 e 2011 coordenou a Escola, e este ano assumiu novamente o cargo de extrema responsabilidade à frente de uma das maiores escolas de choro – senão a maior -, que conhecemos.
De acordo com a pauta a seguir, Fernando gravou este podcast com exclusividade para a Revista do Choro contando um pouco da história do choro em Brasília, desde a fundação da cidade quando a capital federal, então sediada no Rio de Janeiro, mudou-se para Brasília (1960) levando para a nova capital do país muitos servidores públicos que eram chorões e introduziram pequenos núcleos para a prática do choro na capital federal logo nos primeiros anos da fundação de Brasília; e do Clube do Choro de Brasília, fundado como uma entidade jurídica em 1976.
No podcast o músico e atual coordenador da Escola de Choro Rafael Rabello lembra também dê muitos instrumentistas que passaram pela Escola e fizeram dela uma instituição de ensino de choro fortemente consolidada, hoje com cerca de 1.000 alunos, aproximadamente.
Ele relembra também os primeiros anos da Escola quando ela ainda funcionava num antigo vestiário do Centro de Convenções de Brasília, e destaca a evolução que a mesma alcançou ao longo dos anos com a introdução do apoio governamental, de políticas públicas de fomento à Cultura, e dos veículos de comunicação, que segundo ele nos conta, foram fundamentais para a popularização do choro em Brasília e das atividades do Clube do Choro de Brasília, que após um longo período de sucateamento e abandono de por ausência justamente de políticas públicas, ganhou uma grande exposição quando, nos anos de 1990, sob à presidência do jornalista e músico Reco do Bandolim, a entidade voltou a receber incentivos e patrocínios para funcionar. Foi um período de glória para o Clube do Choro de Brasilia, para os músicos da cidade e para toda a sociedade brasiliense, que teve a oportunidade de assistir grandes espetáculos, inclusive de instrumentistas e artistas de outros países.
O coordenador da Escola de Choro Raphael Rabello também apresenta a estrutura da Escola destacando o atual quadro de professores da mesma.
Fernando César aponta sua visão de como acredita que possa vir a ser o futuro para professores e alunos da Escola diante da atual realidade imposta pelo confinamento para evitar a proliferação do Corona vírus, que impossibilita a reunião presencial destes. Enquanto instrumentista com experiência em participações em seminários e turnês fora do Brasil, ele tem uma visão global da realidade do músico na atual condição imposta pelo Corona, e também aponta soluções para as atividades do músico durante o período de quarentena e para o porvir dela. Ele acredita que a internet será o maior veículo de disseminação de produção artístico-cultural, incluindo aí os espetáculos musicais, e também para o ensino e aprendizado do choro (também) no âmbito da Escola de Choro Raphael Rabello.
Ele comenta, que agora em abril o Clube receberia a presença de cerca de 40 músicos que participariam de diversas oficinas durante o Seminário Eurobrasileiro de Choro, mas que o mesmo foi adiado para outubro por causa do coronavírus.
Ao final da entrevista, o músico aponta uma visão otimista e humanista para o cenário que enfrentamos diante de um vírus cuja cura ainda é desconhecida pela medicina, e que está levando a humanidade e os chefes de estado de todo o mundo a repensar a conduta humana no planeta Terra.
*Recentemente, o pianista e pesquisador Alexandre Dias descobriu a certidão de nascimento original de Pixinguinha, a qual traz o dia 4 de maio de 1897 como data do nascimento de Alfredo da Rocha Viana Júnior. Assim revela-se um novo dia para o aniversário do maestro, que até pouco tempo atrás era considerado o 23 de abril, dia de São Jorge, o santo padroeiro do menino Pizindim.
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