Leonor Bianchi
Sempre insisto nas relações do choro com o cinema, um assunto ainda a ser tratado com merecida profundidade numa pesquisa mais ampla que penso em um dia fazer. Desde Carmen Miranda dezenas de músicos brasileiros se apresentaram fora do Brasil e participaram de filmes norte-americanos e de produções cinematográficas de outros países.
Hoje, lembrando os 40 anos sem o imortal cavaquinista Waldir Azevedo (27/01/1923 – 20/09/1980), reconhecidamente um dos instrumentistas que mais contribuiu para a evolução do cavaquinho no choro, dando destaque ao instrumento, colocando-o como solista e não apenas como acompanhador, chamo a atenção dos leitores da Revista do Choro para a participação de “Waldir Azevedo e seu Conjunto” numa produção cinematográfica argentina, de 1952. Uma chanchada chamada ‘Como yo no hay dos’; em português “Como eu não há dois’.
No filme, um longa metragem, Waldir Azevedo aparece acompanhado por seu conjunto em duas sequências: na primeira, enquanto eles tocam um ladrão disfarçado de fotógrafo entra na casa onde eles estão e rouba discretamente o seu cavaquinho. Nessa sequência eles aparecem tocando “Brasileirinho”, que se tornaria um clássico do choro, interpretada no mundo inteiro, composição do próprio Waldir Azevedo.
Na segunda sequência do filme em que eles aparecem tocando, estão no palco de um auditório repleto, num programa de TV, interpretando o baião ‘Delicado’, outra composição de Waldir Azevedo, que teria inclusive virado nome de bala no Brasil, chocolate, na França, tema de uma caixinha de música japonesa e de uma cigarrilha encontrada numa feira no oriente médio pelo produtor do Waldir Azevedo em uma de suas excurções, entre outras…
Quem me ajudou esclarecendo os nomes dos integrantes do regional do Waldir Azevedo foi cavaquinista e pesquisador da obra de Waldir Azevedo, Leonardo Bodstein Benon.
Veja no trecho abaixo as duas sequências em que ele participa do filme.
O filme, dirigido por Kurt Land; com roteiro de Ariel Cortazzo e trilha sonora de Víctor Slister tem como estrela maior o comediante argentino Pepe Iglesias, José Ángel Iglesias Sánchez, apelidado de El Zorro.
As imagens a seguir não tem qualidade, pois são prints da tela do filme; tentei capturar alguns momentos dessa gravação histórica.