Os 170 anos da pioneira Chiquinha Gonzaga


Leonor Bianchi

Há exatos 50 anos, em 26 de setembro de 1967, Geysa Boscoli (1907 – 1947) proferia a palestra ‘Você sabe quem foi Chiquinha Gonzaga?’, na Academia Brasileira de Letras (ABL) do Rio de Janeiro. Na mesma noite, após sua explanação, o teatrólogo e jornalista ouviria do Acadêmico R. Magalhães Júnior, também diretor da Sociedade Brasileira de Autores (SBAT), e quem presidiu a mesa da qual ele participara, que a biografia da maestrina tal como fora apresentada em sua palestra precisava urgentemente ser narrada em livro para que pudesse chegar a um maior número de pessoas.

a pioneira chiquinha gonzaga

“No dia seguinte, Ney Machado, que também assistiu a conferência, fez coro com outros jornalistas aumentando a sugestão da véspera: um livro, um filme, um show”, comentou o próprio Geysa, no prólogo do livro “A pioneira Chiquinha Gonzaga”, segunda biografia de Chiquinha Gonzaga. O livro só fora publicado 11 anos depois dessa noite, em uma edição particular.

Há sete anos na prateleira, a biografia permanecia fechada até a tarde de ontem (dia 25 de setembro, um dia antes da tal palestra do Geysa), quando, imaginando o que poderia ser o viés para falar de Chiquinha Gonzaga (1847-1935) num novo artigo para a Revista do Choro, desta vez sobre seus 170 anos, completados no próximo dia 17 de outubro, peguei o livro e comecei a folhear…

Boscoli iniciou sua carreira como jornalista as 13 anos no Jornal do Comércio e como ele lembra em seu livro:

“Eu me embevecia com a música de Chiquinha, com sua palavra, seus conselhos e suas histórias, isto é, com a história de sua vida atormentada, mas gloriosa, sempre contada com a maior simplicidade. Naquelas conversas com uma suposta criança que começava a lutar, Chiquinha Gonzaga, sem o saber, deu-me as melhores lições de tenacidade, além de contribuir para apurar minha sensibilidade musical e meu amor pelas nossas coisas”.

Um laço de parentesco

Chiquinha Gonzaga era irmã do avô materno de Geysa, que cresceu ouvindo as músicas da tia avó que, como ele mesmo conta no livro, só foi começar a entender já quando homem adulto.

“Somente no ano de 1920 comecei a compreender a vida e, em consequência também, comecei a compreender aquela velhinha tão querida”, lembra Boscoli, no livro.

O sobrinho neto, que conviveu 17 anos com a tia avó, considerou o livro uma ‘simples reportagem’, pois acreditava que apenas os biógrafos, os historiadores e os pesquisadores da música popular brasileira poderiam escrever uma biografia à altura da pianista compositora de mais de duas mil peças.

“Eu, sem a menor vocação ou paciência para ser pesquisador, com este trabalho não consegui ser mais que um modesto repórter. A reportagem aqui está. Começa com a assinatura dessa tão excepcional figura humana Chiquinha Gonzaga, a sempre venerada Tia Chiquinha”, escreveu Geysa Boscoli ao final do Prólogo do livro.  

A assinatura de Chiquinha Gonzaga

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Author: imprensabr