O CENTENÁRIO DE MANEZINHO DA FLAUTA


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Leonor Bianchi

No dia 12 de abril deste ano o choro e a flauta brasileira celebram o centenário de um dos maiores contribuidores para o gênero musical que acaba se virar patrimônio cultural do Brasil: Manezinho da Flauta, como era conhecido Manuel Gomes (12/ 4/ 1924 Rio de Janeiro, RJ — Rio de Janeiro, 17/ 6/ 1990).

 

 

Herança musical

A herança musical veio do avô, que já era flautista, e do pai, estivador, mas também músico nas horas vagas. Aos cinco anos, Manuel começou a ‘imitá-los’ tendo seus primeiros contatos com a flauta.

Era do Rádio

No seu tempo vigorava no Brasil a Era do Rádio, e seu pai, um entusiasta e grande incentivador de seus estudos musicais, sempre levava o jovem para tentar a fama nos programas de calouros das emissoras mais badaladas do Rio de Janeiro, como na Rádio Tupi, por exemplo.

Na juventude estudou na Escola Quinze de Novembro, e mais tarde, no Conservatório Musical do Rio de Janeiro, onde diplomou-se em 1952.

Com apenas 14 anos, na Rádio Guanabara (RJ), deu seus primeiros passos como flautista profissional, e daí por diante não pararia mais de atuar. Teve emprego na escola Farolito Danças, Rádio Mauá do Rio de Janeiro, entre outros.

Viagem à Europa com Humberto Teixeira

Foi um dos músicos escolhidos para integrar, no início dos anos 1960, a excursão promovida pelo compositor Humberto Teixeira, com formato de caravana de divulgação da música brasileira na Europa. Manezinho da Flauta tocou na Bélgica, França e Inglaterra.

Zicartola

Na volta, entre 1963 e 1964, fez inúmeras apresentações no consagrado bar carioca, Zicartola, e foi apenas em 1967 que gravaria seu primeiro LP solo: “O melhor dos chorinhos”, (CBS). No ano seguinte gravou o LP “Gente da antiga”, ao lado de Pixinguinha, Clementina de Jesus e João da Baiana, lançado (Odeon).

Gravadora Discos Marcus Pereira

Manezinho conheceu todos os chorões da sua geração e das duas antes dele nascer, do Rio de Janeiro, e de outros estados. A flauta deixada pelo avô quando este falecera foi um presente que permaneceria nas mãos do músico até sua morte também. Com o instrumento importado da França, da marca Djalma Julliot, ele eternizou – só para mencionar uma música, o clássico choro de Pixinguinha (com quem também fez diversas apresentações e a participação inesquecível no LP ‘Gente da antiga’) -, Carinhoso, gravada no LP ‘A música genial de Pixinguinha’, produzido Gravadora Discos Marcus Pereira, em 1980.

Pela extinta Gravadora Discos Marcus Pereira, Manezinho também gravou no LP “Brasil, flauta, bandolim e violão”, de 1974, acompanhando o Regional do Evandro (bandolinista), com quem trabalhava neste período se apresentando na cena paulista.

Som de Cristal e Jogral

Em busca de novas oportunidades de trabalho, em 1969 foi para São Paulo. Na capital, trabalhou na gafieira Som de Cristal, mas por pouco tempo, pois seria na boate Jogral, no início dos anos 1970,na terra da garoa, que Manezinho da Flauta ficaria imortalizado com sua participação no espetáculo “Os homens verdes da noite”, idealizados e dirigido pelo dono da casa, o visionário Luís Carlos Paraná, amigo pessoal de outro gênio, Marcus Pereira. Aliás, foi no Jogral que nasceu a Gravadora Discos Marcus pereira.

Manezinho da Flauta em destaque na imprensa

Na imprensa brasileira Manezinho da Flauta também ganhou destaque com suas apresentações. Destaco esta nota abaixo publicada no domingo 5 de junho de 1977, no jornal Cidade de Santos (SP).

 

 

 

Fontes
Fotos: A História do Jogral. São Paulo: Hucitec. PEREIRA, Marcus. 1980.
Recorte de jornal: Hemeroteca Digital Brasileira.
Site Dicionário Cravo Albin da Música popular Brasileira, https://dicionariompb.com.br/, acessado em 16/ 04/ 2024.
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Author: imprensabr