A imortal Chiquinha Gonzaga


Por Leonor Bianchi

Há 79 anos morria no Rio de Janeiro a compositora e chorona pioneira Chiquinha Gonzaga, Francisca Edwiges Neves Gonzaga. A seção Hemeroteca Digital do Choro relembra, através de matérias publicadas pela imprensa carioca em revistas e jornais, o grande legado deixado por esta que foi uma grande personalidade da história da música brasileira.

Cena Muda e o centenário de nascimento de Chiquinha

Há 67 anos o centenário de nascimento de Chiquinha Gonzaga era lembrado pela revista Cena Muda; uma revista brasileira sobre cinema, que circulou semanalmente entre 1921 e 1955.

No artigo assinado por F. Corrêa da Silva, em 14 de outubro de 1947, o cronista e crítico destaca a data do centenário de nascimento de Chiquinha Gonzaga e ressalta o papel da compositora e primeira maestrina brasileira no campo das artes. Relembrando nomes de outras mulheres de significativa relevância na história das artes no Brasil, o autor não poupou elogios à pianista Chiquinha Gonzaga, colocando-a num patamar de genialidade e nobreza artística inalcançável por essas demais artistas de nossa história por ele mencionadas.

A Cena Muda de 14 10 1947 traz matéria especial sobre Chiquinha Gonzaga.

A Cena Muda de 14 10 1947 traz matéria especial sobre Chiquinha Gonzaga.

Os 83 anos lembrados em nota pelo Diário de Notícias

O jornal Diário de Notícias de 17 de outubro de 1930 deu uma nota de destaque no cabeçalho da retranca de ‘Artes e Cultura’ sobre o aniversário de 83 anos de Chiquinha Gonzaga.

– “Alma de artista. Temperamento dotado de uma sensibilidade tão nossa, musicista de inspiração natural, espontânea e definitiva, Chiquinha Gonzaga criou um nome de compositora tão grande que cedo ultrapassou as fronteiras pátrias e repercutiu no estrangeiro como um expoente da autêntica música brasileira, na sua expressão popular mais legítima e mais genuína nossa. Tudo isso faz com que a passagem do seu aniversário seja um acontecimento glorioso para a arte teatral brasileira, para a música nacional, pois hoje Chiquinha Gonzaga é, aos seus venerandos oitenta e tantos anos, uma das mais expressivas afirmações do passado do nosso teatro musical”, diz a nota sem assinatura.

 diário de notícias 17 outubro 1930 aniversario de chiquinha gonzaga

Grandes matérias biográficas na Revista da Semana

Na Revista da Semana, Mariza Lira, pesquisadora e biógrafa de Chiquinha, cita a maestrina entre compositores – todos homens -, de hinos e canções patrióticas. Para quem desconhece, quando esteve na Guerra do Paraguai, Chiquinha escreveu o hino ‘Bandeira Brasileira’. Na matéria publicada em 7 de setembro de 1940, a compositora aparece ao lado de hinos escritos por Evaristo da Veiga, Osorio Duque Estrada e Pedro I., imperador do Brasil.

revista da semana 7 setembro 1940 canticos patrioticos chiquinha gonzaga

Em março de 1940, cinco anos após sua morte, com texto de Barros Vidal, a mesma Revista da Semana publicara uma extensa matéria especial sobre Chiquinha Gonzaga intitulada ‘Chiquinha Gonzaga: A primeira maestrina brasileira’, na qual apresentou sua biografia, destacando a compositora no cenário do teatro musical brasileiro, ao piano, e no mundo das artes, porém, não deixou de tocar no assunto polêmico que sempre acompanhou a vida da maestrina: sua autonomia, sua independência e sua coragem para ser uma pessoa autêntica, e em muitos aspectos uma ‘transgressora’ para sociedade, sobretudo, para as mulheres de seu tempo.

revista da semana 16 março 1940 

 revista da semana 16 março 1940 pagina 2

A morte de Chiquinha dada em nota no jornal A Noite

A Noite Ilustrada de 7 de março de 1935 publicou uma nota sobre a morte de chiquinha Gonzaga.

A Noite Ilustrada de 7 de março de 1935 publicou uma nota sobre a morte de chiquinha Gonzaga.

Depoimento de Wandrei Braga sobre Chiquinha Gonzaga

Sobre Chiquinha Gonzaga, o pesquisador e biógrafo Wandrei Braga, idealizador do site http://chiquinhagonzaga.com/wp/ escreveu:

– “Francisca Gonzaga (1847-1935), popularmente conhecida como Chiquinha Gonzaga foi pianista, compositora, primeira maestrina e chorona. Ao ter que decidir entre o matrimônio e a música Chiquinha não teve dúvida e respondeu: Não entendo a vida sem harmonia! Bastarda, Chiquinha foi criada para ser uma sinhazinha do segundo reinado, mas trocou os salões nobres pela vida boêmia, o berço da música popular brasileira. Na companhia de seu amigo e protetor, o flautista Joaquim Callado, Chiquinha frequentou o cenário musical carioca, e contribuiu para a formação da música genuinamente brasileira ao misturar gêneros europeus com ritmos africanos. Segundo o pesquisador Marcello Verzoni, ao publicar uma coleção de choros, reutilizando suas composições, em 1932, Chiquinha confere um papel de divisor de águas a série Alma Brasileira, disponível na íntegra no Acervo Digital Chiquinha Gonzaga, que reúne mais de 300 partituras da compositora”.

imprensabr
Author: imprensabr

Leave a comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *