Os 40 anos do Galo Preto


Leonor Bianchi

Quando foram gravar seu primeiro disco, em 1978, os rapazes do conjunto de música instrumental que surgia na zona sul do Rio de Janeiro não sabiam que estariam começando ali uma história que perduraria por mais de 40 anos. Um dos conjuntos de choro em atividade há mais tempo no Brasil, o Galo Preto completou quatro décadas em 2015 com o mesmo gás de quando começou, em Botafogo, com o nome de Pessoal de Botafogo, por conta de seu Raul Machado, violonista amador, pai do bandolinista, arranjador e compositor do Galo, Afonso Machado, que sempre reunia músicos para saraus e rodas de choro em sua casa.

A última edição de 2015 da Revista do Choro tira da gaveta uma matéria que já era para ter sido publicada há meses, mas que em função da mudança da redação de Lumiar para Rio das Ostras, nos últimos meses, acabou sendo publicada apenas agora. Entrevistamos, eu e o editor da revista, Rúben Pereira, o bandolinista do Galo Preto, Afonso Machado, que nos contou um pouco sobre a trajetória do Galo nesses 40 anos.

Zé Maria Braga, Afonso Machado, Mauro Rocha e Alexandre Paiva. Primeira formação do Galo Preto (1975)

Zé Maria Braga, Afonso Machado, Mauro Rocha e Alexandre Paiva. Primeira formação do Galo Preto (1975)

“É uma vida toda tocando choro. A gente começou bem garoto, meninos de 20 anos tocando choro. Ninguém entendia aquilo porque quem tocava choro era a turma mais velha. O gênero parecia que seguia os passos do que previa o Mestre Jacob do Bandolim, parecia que já estava morto, só se tocava choro nas casas dos amigos, em saraus nos subúrbios, e a gente, por muita influência do meu pai, que tocava violão muito bem, era violonista amador, começou a se envolver com o gênero. Meu pai era pesquisador, trabalhava com biofísica, foi cientista, mas tocava violão como hobby e muito bem. A gente se reunia aqui em casa pra tocar. Vinha a turma do futebol pra cá pra poder tocar com ele. Nós morávamos em Botafogo. Minha mãe mora lá até hoje, e eu estou aqui neste momento da entrevista, inclusive.

Nesses saraus que meu pai promovia aqui em casa, vinham muitas pessoas que nós admirávamos como músicos. Todos vinham numa boa porque adoravam saraus… Déo Rian, Rossini Ferreira, Joel nascimento… Claudionor Cruz. Claudionor passou a convidar a gente para ir a casa dele aos domingos de manhã quando ele adorava dar umas oficinas de choro pra gente. Ele dava aulas e chamava a gente pra participar. Ele dizia: Esses meninos são muito bons! Ele fazia arranjos pra gente na hora, isso era espetacular! E essa história de galo preto era uma expressão dele para quando alguma coisa não dava certo. Ele sempre falava: “- Ih, vamos fazer alguma coisa pra espantar o galo preto!” E aí nós fizemos esta homenagem a ele, nosso padrinho, nomeando o grupo com essa expressão que ele usava tanto”, conta Afonso Machado.

Primeiro show com cachê foi ao lado de Claudionor Cruz

Da formação inicial do grupo: Afonso Machado (bandolim), Alexandre Paiva (cavaquinho), Mauro Rocha (violão de seis cordas), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas), Zé Maria Braga (flauta) e Camilo Atier (percussão), os três primeiros, amigos de infância, permanecem atuantes no Galo. O grupo já mudou de formação algumas vezes e hoje a percussão e o violão estão sob a batuta dos músicos Diego Zangado e Tiago Machado, respectivamente. O grupo teve ainda a participação de músicos importantes, que contribuíram para a trajetória do Galo ao longo desses 40 anos: Marcos Farina (violão de 7 cordas), Alexandre De La Penha (violão) e Bartholomeu Wiese (violão) e o percussionista João Alfredo Schleder. O Galo teve ainda outros grandes companheiros: Téo de Oliveira, Luiz Moura, Camilo Attie. Lucas Porto, Marcelo Gonçalves e Reynaldo dos Santos.

Diego Zangado (percussão), Alexandre Paiva (cavaquinho), José Maria Braga (flauta), Tiago Machado (violão) e Afonso Machado (bandolim e arranjos)

Diego Zangado (percussão), Alexandre Paiva (cavaquinho), José Maria Braga (flauta), Tiago Machado (violão) e Afonso Machado (bandolim e arranjos)

Claudionor Cruz

Claudionor Cruz

Segundo Machado, embora o grupo já tocasse junto e se apresentasse em rodas e em pequenos eventos, foi em 1975 que o galo começou oficialmente a existir.

“A gente tem o ano de 1975 como sendo o início do trabalho do Galo porque foi quando ganhamos nosso primeiro cachê num show. Esse acontecimento foi marcante porque aconteceu ao lado do Claudionor Cruz”, lembra Afonso Machado.

Aqui valem dois adendos. O primeiro refere-se ao pai de Afonso Machado, Raul Machado. Os saraus e rodas de choro e seresta que fazia em sua casa, em Botafogo, reuniam gerações diferentes de músicos e eram verdadeiros eventos. Personalidades da cena cultural e artística do Rio e grandes instrumentistas passaram por lá. Desses encontros, desta iniciativa provocada por seu Raul Machado, podemos imaginar que se tratava de um homem sereno, de inteligência aguçada e grande sensibilidade. Não fosse ele e sua admiração pelas tradições, pela cultura, quem sabe o Galo Preto nem existiria. Em sendo assim, um salve ao seu Raul Machado!

raul machado

Raul Machado, pai do bandolinista do Galo Preto, Afonso Machado, reunia chorões para rodas em sua casa e foi responsável pela união dos amigos de infância e de bairro em torno do choro, o que os levaria a formar o Galo Preto na juventude

O segundo adendo diz respeito a Claudionor Cruz e a criação do nome do grupo. Como nos contou o bandolinista e fundador do grupo Afonso Machado, o violonista seria o inspirador do nome do grupo porque sempre usava o termo ‘vamos fazer alguma coisa pra espantar o galo preto’, quando algo dava errado. Seria o violonista de uma geração de músicos bem anterior a dos meninos do Galo um amigo para sempre na vida, nos palcos e estúdios.

Disco de lançamento marca a trajetória do Galo com repertório inédito de grandes chorões, como Pixinguinha, Nazareth e Anacleto, e participações de instrumentistas consagrados no choro, como Abel Ferreira, Copinha e Maestro Nelsinho do Trombone

O primeiro disco do grupo sairia apenas três anos depois dos meninos do Galo começarem a se apresentar informalmente em rodas de choro pela cidade maravilhosa. Antes disso, como disse Ary Vasconcelos em um de seus livros, no final da década de 1970 e início da década de 1980 o Galo Preto foi um dos grupos de música instrumental brasileira mais presentes na vida social do Rio de Janeiro. Tocou em bares, restaurantes, botequins, universidades… Eram jovens muito atuantes na cena musical e cultural do Rio e levantavam a bandeira do choro na contramão da juventude daquele tempo, que só queira ouvir e dançar ‘rock in roll’.

 O jornal O Fluminense de 21 outubro de 1977 deu a nota do show do Galo Preto numa faculdade de Cabo Frio (RJ)

O jornal O Fluminense de 21 outubro de 1977 deu a nota do show do Galo Preto numa faculdade de Cabo Frio (RJ)

O JB de 1 julho 1977 de a nota do show que o Galo Preto fez na maior feira agropecuária do estado do Rio, em Cordeiro

O JB de 1 julho 1977 de a nota do show que o Galo Preto fez na maior feira agropecuária do estado do Rio, em Cordeiro

Em janeiro de 1978 o Galo tocou na Feira de Choro (RJ). Notinha publicada n'O Fluminense

Em janeiro de 1978 o Galo tocou na Feira de Choro (RJ). Notinha publicada n’O Fluminense

Galo Preto em apresentaçao com músicas de Nelson Cavaquinho, Jacob do Bandolim, Villa-Lobos, Pixinguinha, Cartola entre outros. (JB 27 de novembro de 1977)

Galo Preto em apresentaçao com músicas de Nelson Cavaquinho, Jacob do Bandolim, Villa-Lobos, Pixinguinha, Cartola entre outros. (JB 27 de novembro de 1977)

Galo Preto se apresenta no Teatro Municipal de Niterói, com a Orquestra Sinfônica Brasileira. (O fluminense 17 de setembro de 1978)

Galo Preto se apresenta no Teatro Municipal de Niterói, com a Orquestra Sinfônica Brasileira. (O fluminense 17 de setembro de 1978)

O Galo tocou no aniversario de 165 anos de Macaé (RJ)

O Galo tocou no aniversario de 165 anos de Macaé (RJ)

“As pessoas não entendiam muito bem nós, moleques de 20 anos, jovens, tocando choro. As pessoas achavam e acham que choro é uma música saudosista, mas não é; tem muita gente compondo coisas novas o tempo todo: Hermeto, Guinga…

Capa do 1º disco do Galo Preto (1978). O LP teve participação de grandes chorões, como Abel Ferreira, Maestro Nelsinho do Trombone, Copinha entre outros

Capa do 1º disco do Galo Preto (1978). O LP teve participação de grandes chorões, como Abel Ferreira, Maestro Nelsinho do Trombone, Copinha entre outros. Capa de Mario Cafiero.

E assim foi naquela época. Por isso a gente fez um trabalho diferente, pra não parecer que choro tem que ser obrigatoriamente sempre a mesma coisa. Em nosso primeiro disco, convidamos essa galera que vinha nos saraus aqui na casa do meu pai porque todos se tornaram nossos amigos: Abel Ferreira, Copinha, Claudionor Cruz, Maestro Nelsinho do Trombone, Lenir Siqueira, o violoncelista Peter Daulsberg.

Galo Preto e Abel Ferreira no estúdio da RCA durante a gravação do primeiro disco do grupo, em 1978

Galo Preto e Abel Ferreira no estúdio da RCA durante a gravação do primeiro disco do grupo, em 1978

Pensamos: Todo mundo quando pensa em choro, pensa em Pedacinho do Céu, Brasileirinho, Carinhoso… A gente não! A gente quer inovar, fazer outra coisa, mas com choro, tocando choro. Então fomos pesquisar repertório inédito. Nesse tempo não compúnhamos ainda, só o Luiz Otávio Braga compunha nessa época. Na pesquisa, encontramos músicas ainda inéditas de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros… Tivemos uma ajuda superimportante da Ligia Santos, filha do Donga, que abriu todo acervo do pai pra gente. Nesse disco, a única regravação é Murmurando, um choro que marcou muito o início do grupo porque tocávamos muito ele, mas ainda assim a música ganhou um arranjo novo, camerístico, para o disco, pois tinha que ser diferente do que já existia”, conta Afonso Machado a experiência de criação e produção da primeira obra fonográfica do Galo, há 37 anos.

O primeiro disco do grupo saiu em 1978 pela RCA Victor, a gravadora de Jacob do Bandolim, com produção de Simon Koury, e teve simplesmente os melhores músicos de estúdio da época (para gravar choro). O LP autointitulado Galo Preto trouxe as músicas Recado (Rossini Ferreira), Desprezado (Pixinguinha), Dia do Preto Velho (Claudionor Cruz), Medrosa (Anacleto de Medeiros), Sarambeque (Ernesto Nazareth), Cheio de Afeto (Luiz Otávio Braga), Implicante (Jacob do Bandolim), De Coração a Coração (Jacob do Bandolim), Estou Voltando (Pixinguinha/ Donga/ João Pernambuco), Vou lhe dar uma Resposta (Luiz Otávio Braga), Língua de Sogra (Raul Machado), Murmurando (Fon-Fon/ Mario Rossi).

Acontece que o Galo tocou com Cartola

Nesse mesmo ano, logo após gravarem seu primeiro LP, os meninos do Galo foram convidados pelos produtores da RCA, sua gravadora, para subirem ao palco com um grande compositor de samba do Rio de Janeiro. Como já estavam começando a fazer um pouco mais de sucesso e a serem mais conhecidos, inclusive pelo respeitado Paulinho da Viola, que então comandava, ao lado de Sergio Cabral, o movimento de fomento ao choro chamado de renascença do choro, no final dos anos 70, os produtores musicais viam na união dos novatos chorões com este sambista uma explosão de sucesso.

Publicidade do show 'Acontece', de Cartola,  com participação do Galo Preto, publicada em 14 de fevereiro de 1978 no Jornal do Brasil (RJ)

Publicidade do show ‘Acontece’, de Cartola, com participação do Galo Preto, publicada em 14 de fevereiro de 1978 no Jornal do Brasil (RJ)

 Foi então que os meninos do Galo, com idades entre 21 e 28 anos, acompanharam um dos maiores sambistas de todos os tempos e patrono da escola de samba carioca Mangueira, Angenor de Oliveira, o Cartola, então com 70 anos e que acabava de gravar seu terceiro disco, em seu show Acontece, com temporada de duas semanas no Teatro da Galeria.

A ‘sacada’ de colocar os dois no mesmo palco chamou atenção de críticos musicais e levou muita gente ao espetáculo. Jovens chorões tocando ao lado de Cartola!? O que poderia sair desse encontro? Esta era a pergunta que gravadoras e o pessoal da música se fazia quando o show foi anunciado, e olha que muito bem anunciado; no Jornal do Brasil encontramos uma publicidade chamando para o show em 10 números seguidos do impresso mais lido pela intelectualidade carioca daquele tempo.

E a surpresa aconteceu para os menos crédulos de que a mistura de gerações poderia dar certo. O show teve repercussão altamente positiva na imprensa e nas rodas populares de choro e samba, entre os músicos, nas rádios, nos corredores da RCA, que mesmo apostando no encontro dos meninos do Galo com Cartola, não investiria mais nos rapazes depois desse show.

ensaio com Cartola na casa de Cartola em Mangueira

Ensaio com Cartola na Casa de Cartola em Mangueira (1978)

Afonso Machado comentou esse momento mágico na trajetória do Galo, durante a entrevista:

“Teve uma coisa muito importante na carreira do Galo. Assim que a gente lançou o primeiro disco, que era da RCA, o Cartola lançava seu terceiro disco também por essa gravadora. Aí a gravadora teve a ideia de nos colocar tocando com Cartola. Com o Mestre Cartola fizemos uma temporada, em 1978. Na época do show Acontece, com Cartola, saiu uma crítica no JB a respeito de nossa participação no espetáculo, escrita por uma jornalista cujo nome não lembro agora, onde ela que achou muito estranho um grupo de jovens da zona sul acompanhando um sambista do subúrbio, e tal…”, lembrou Machado.

Matéria de Lena Frias publicada no JB depois da estreia do show Acontece, de Cartola acompanhado pelo grupo Galo Preto (1978)

Matéria de Lena Frias publicada no JB depois da estreia do show Acontece, de Cartola acompanhado pelo grupo Galo Preto (1978)

Mas o que ficou dessa experiência para o grupo obviamente que foi muito positivo e rendeu frutos ao Galo, que passou a ganhar ainda mais conceito e respeito.

“Era um sonho que a gente estava vivendo. Cartola era um sábio, ele falava coisas bacanas e inteligentes. Foi um mestre em todos os sentidos. Com isso ganhamos respeito com a galera do samba principalmente. Agora estamos tocando com Nelson Sargento, 40 anos depois. Ele falou pra gente: – Esses meninos tocaram com Cartola! E o mesmo caso foi Elton Medeiros… A gente acompanhou toda essa turma”, destaca Afonso Machado.

Afonso Machado e Cartola tomando uma gelada numa praia em Maceió

Afonso Machado e Cartola tomando uma gelada numa praia em Maceió

Oxigenando o choro

Final dos anos 1970, início dos anos 1980. O pessoal só gravava dancing e rock, e quem ainda se atrevia a gravar choro não se preocupava em inovar e fazer um arranjo novo que fosse. Muito do que foi gravado nesse período representa o ostracismo no qual o gênero estava sendo colocado pela indústria fonográfica. O que foi gravado de choro nesse período de amargor para músicos e admiradores do choro foram regravações de choros já bem populares, com arranjos idênticos aos das gravações originais, que não traziam nenhuma inovação estético-sonora.

Neste cenário eis que aparecem a todo vapor e tocando muito choro em tudo o que era roda das zonas sul a norte do Rio os meninos do Galo Preto. Se houve um grupo que inovou tanto no repertório quanto na criação de novos arranjos para antigos clássicos do choro este foi o Galo Preto.

O que podemos chamar de releitura acabou por trazer tamanha oxigenação para o choro, que cativou antigas e novas gerações de músicos que pararam para dar atenção e conhecer o som dos rapazes.

A oxigenação que os meninos do Galo deram ao choro num momento em que o gênero parecia estar desaparecendo das rádios, dos palcos e das gravadoras foi muito importante para que a peteca não caísse e a bandeira do choro permanecesse fincada, e bem fincada, com profundidade em solo brasileiro. Afinal, os meninos traziam o prazer da inovação para dentro de uma estética de tocar ‘antiga’ justamente porque viveram toda a tradição das serestas e das rodas de choro onde o grupo começou: na casa do seu Raul Machado, o grande Mestre dessa rapaziada toda e sabiam transgredir toda a estética clássica do choro. E isso é natural. Depois que aprendemos a andar sob os pés, não é verdade que nosso desejo é voar?

Pioneiros: Segundo disco sai de forma independente

capa 2º disco do Galo

As artes da capa e do encarte do segundo disco do Galo foi produzida a partir da partitura do choro ‘Vocês me deixam ali e seguem no carro’, dedicado especialmente ao Galo por Hermeto Pascoal para este disco

Depois de gravarem seu primeiro disco por uma das mais imponentes gravadoras da história da indústria fonográfica, a RCA, o Galo Preto gravou, em 1981, seu segundo disco: ‘Galo Preto’.

Mais uma vez inovando, o conjunto foi pioneiro no Brasil gravando seu segundo disco de forma independente.

“No segundo disco a gente resolveu quebrar tudo! O primeiro disco era a gravadora do Jacob. Os caras viram a garotada tocando choro e resolveram investir, queriam ver o que era aquilo, e ficou muito bom. Nos anos 1980 só se gravava rock. Todas as gravadoras só gravaram rock. Acabou totalmente o interesse das gravadoras em música instrumental, principalmente em choro, e a gente acabou fazendo o segundo disco de forma independente.

O Francisco Mário, irmão do Henfil, foi um pioneiro nesse lance de gravar de maneira independente. Ele o Antônio Adolfo foram pioneiros nessa história de disco independente no Brasil, e o Chico Mário foi quem me deu a maior força. Ele dizia: “- Você tem que fazer independente, não tem outra maneira”.

O jornal niteroiense O Fluminense de 18 de maio de 1981 dedicou um pequeno espaço à 1a edição da Feira do Disco Independente (que aconteceu no Rio de Janeiro) da qual participaram os meninos do Galo

O jornal niteroiense O Fluminense de 18 de maio de 1981 dedicou um pequeno espaço à 1a edição da Feira do Disco Independente (que aconteceu no Rio de Janeiro) da qual participaram os meninos do Galo

Nesse tempo estava acontecendo um fenômeno interessante e que motivou de certa forma o Galo a gravar assim também, que foi o pessoal do Boca Livre. A gente vendia muito pouco com o independente, eram dois, três mil cópias, mas tinha o Boca livre, que também era independente e vendia milhares de cópias”, relembra Afonso Machado.

Repertório do segundo disco teve composições de Hermeto Pascoal e Tom Jobim

O segundo disco do Galo apresenta um trabalho completamente diferente do primeiro. Se no trabalho anterior eles foram em busca de antigos compositores de choro e de músicas inéditas, no segundo LP os rapazes do Galo preferiram encontros mais ousados, com novos compositores que despontavam no cenário da música brasileira. Dois convidados ilustres para o disco foram Hermeto Pascoal e Tom Jobim. De Hermeto ganharam a composição ‘Vocês me deixam ali e seguem no carro’; de Tom, a música ‘Flor do Mato’.

Os rapazes do Galo Preto durante a gravação de seu segundo disco, ao lado de Hermeto Pascoal, que compôs uma músico para o LP

Os rapazes do Galo Preto durante a gravação de seu segundo disco, ao lado de Hermeto Pascoal, que compôs uma músico para o LP

“A gente resolveu quebrar tudo no segundo disco. Resolvemos gravar só músicas que não fossem choros, e na cara de pau ligamos pro Hermeto, que já tinha ouvido falar da gente e disse que gostava muito do nosso trabalho. Chamamos ele para compor uma música para esse disco. Um dia ligamos pra ele e eu não sei nem como ele já conhecia o nosso trabalho, mas ele já tinha ouvido falar e disse que sim, que iria fazer a música. Depois de uma semana, foi ele quem nos deu retorno: “- Meninos, a música está pronta! Venham aqui em casa!”. E fomos nós para a casa do Hermeto, no Jabour. Chegando lá, seis cadeirinhas dispostas pra gente sentar… Incrível! Pensamos: Esse cara não existe! Estava o Itiberê! Foi sensacional!!! Era um choro complicado demais! Demorei uns dois meses pra poder tocar. Chegamos a tocar lá. Carlos Malta ajudando… E aí saiu o choro. Ao final a gente perguntou: Hermeto, qual o nome do choro? E ele: “Não sei, vamos tocando, que o nome vai aparecer”. Só quando estávamos indo embora pra casa, depois dessa tarde maravilhosa na companhia do Hermeto e toda aquela turma boa, foi que aconteceu uma situação engraçada e inusitada que acabou dando nome à música que Hermeto tinha composto pro Galo. A gente estava em dois carros e um do grupo falou: – Eu vou ficar ali no Fundão. Vocês me deixam ali e seguem no carro”, relembrou Afonso Machado. Pronto! Seria a frase, a última coisa dita no encontro, o nome da música.

Afonso Machado e Hermeto Pascoal

Afonso Machado e Hermeto Pascoal

Afonso Machado e Hermeto Pascoal em outro momento, durante a gravação do segundo disco do Galo

Afonso Machado e Hermeto Pascoal em outro momento, durante a gravação do segundo disco do Galo

Com Hermeto, o Galo Preto gravou para esse disco a música ‘Vocês me deixam ali e seguem no carro’ e ‘Música é que nem filho: primeiro a gente faz depois dá o nome’, em seu terceiro disco.

E assim, da mesma forma, ‘na cara dura’, como fizeram com Hermeto Pascoal, os rapazes do Galo ligaram para Tom Jobim, durante o processo de escolha de repertório para o disco.

Hermeto Pascoal e Galo Preto – Música é igual filho, primeiro a gente faz, depois dá o nome

“Alô! Tom?! Nós somos do Galo Preto… E também com o maior carinho ele disse: “- Venham aqui! Quando é que vocês podem vir? E fomos nós na casa do cara. Aí foi O Encontro! Ele sentou-se ao piano e começou a tocar uns temas e mandou a gente escolher. Acabamos gravando sua composição Flor do Mato.

O disco, de 1981, traz as faixas Meu tempo de garoto (Cristóvão BastosPaulinho da Viola), Choro ligado (Raul Machado), Eventualmente (Luiz Otávio Braga), Gracioso (Garoto), Um presente pro titio (Márcio Hallack), Marceneiro Paulo (Hélio Delmiro), Amarelinho (Élton MedeirosTéo de Oliveira), Deixa falar (Afonso MachadoLuiz Moura), Rabo de galo (Marcos Farina), Valsa nº 2 (Mauro Rocha), Vocês me deixam ali e seguem no carro (Hermeto Pascoal), Flor do Mato (Tom Jobim).

O disco foi considerado um dos melhores lançamentos instrumentais do ano pela revista Playboy e o Jornal do Brasil.

Quando tocaram com o jovem Raphael Rabello

Ainda no começo da carreira, ganhando fama e recebendo mil convites, o Galo Preto foi chamado para acompanhar uma apresentação do pianista Arthur Moreira Lima, no Rio de Janeiro. Sem violonista no grupo, os integrantes convidaram o jovem que roubava a cena naqueles tempos quando o assunto era violão: Raphael Rabello.

Afonso Machado e Raphael Rabello na TV Globo

Afonso Machado e Raphael Rabello na TV Globo

“No início dos anos de 1980 a gente estava muito em ativa, gravávamos muito na TV Educativa, até a Globo chamou a gente! A formação muda nesse tempo. O Mauro Rocha era um grande compositor e resolveu fazer carreira solo. Ele faleceu em 1980. Pouco antes dele sair, o Luiz Otávio Braga tinha saído do grupo para se dedicar aos estudos acadêmicos. Lembro que assim que o Luiz saiu fomos convidados para fazer uma temporada com Artur Moreira Lima no Museu de Arte Moderna, no Rio. Estávamos sem violonista e imagina quem a gente chamou? Raphael Rabello! Raphael foi sempre muito amigo. Acompanhei toda sua carreira. Nessa época ele devia ter uns 15 anos. Acho que esse foi o primeiro show que ele fez. Ele tocava Odeon com Arthur, eram só eles dois nessa música. Ele já era um absurdo aos 14, 15 anos!”, relembra Machado.

Festivais

Da geração de músicos de choro que estava começando em 1975/ 76, muitos participaram dos festivais de choro que foram promovidos no Rio e São Paulo por emissoras de TV e Rádio e pelo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Diferentemente da maioria desse pessoal, os meninos do Galo não curtiam estar nas competições dos festivais e simplesmente não participaram de nenhum deles. Segundo Afonso, o Galo não participou por questões ideológicas. Algumas pessoas até erroneamente falam que o Galo surgiu nos festivais de choro, mas isso não aconteceu.

“O Galo Preto sempre foi composto por pessoas de personalidades muito fortes e que não gostavam, eram contra os festivais, por isso não rolou, não participamos. Eu até gostaria de ter participado…, mas não rolou”, comentou Machado.

Os anos passaram e os meninos do Galo amadureceram suas interpretações acerca dos festivais de choro. Este ano o Galo Preto participou do VI Festival Nacional do Choro, em abril, no Rio de Janeiro e se apresentou num palco montado na Praça Tiradentes, centro histórico do Rio, para um público de apaixonados por choro.

Turnês internacionais

Em 1987, o Galo Preto realizou um show em Guadalajara, no México. Em 1991, estiveram na Suécia, em Estocolmo, Uppsalla e Orebro, em turnê com Elton Medeiros. O Galo cantou também em Portugal e na França.

Pioneirismo também em ministrar oficinas de choro

O Galo Preto atuou além dos palcos e dos estúdios. Os integrantes do grupo, muito antes dessa febre que se tornaram as oficinas de choro, ultimamente, foi um dos primeiros a ministrar aulas para instrumentistas interessados em estudar e pesquisar o repertório de choro. Certamente, motivados pela experiência que viveram na juventude com o violonista Claudionor Cruz, davam essas aulas de choro para ‘fazer a cabeça’ da moçada mais nova que ia chegando nas rodas. As oficinas não acontecem mais faz tempo, mas até hoje tem muita gente que lembra e comenta.

Nota publicada no JB de 26 de agosto de 1976 sobre o curso de Estruturação Musical Popular e Erudita que Mauro Rocha, violonista do Galo Preto daria na PUC Rio

Nota publicada no JB de 26 de agosto de 1976 sobre o curso de Estruturação Musical Popular e Erudita que Mauro Rocha, violonista do Galo Preto estava ministrando na PUC Rio

As oficinas de choro do Galo Preto geraram uma apostila promovida pela Rio Arte que correram nas mãos de muitos instrumentistas que estudavam choro nos anos 1990. Essas oficinas foram referência para uma geração de músicos e ajudou a difundir metodologias, repertórios clássicos e novos e serviu de modelo para tudo o que conhecemos hoje em termos de oficinas de choro.

Entre o repertório da apostila estão músicas como Ainda me Recordo (Pixinguinha e Benedicto Lacerda), Iara (Anacleto de Medeiros), Choro Negro (Paulinho da Viola), Vocês me deixam ali e seguem no carro (Hermeto Pascoal).

O terceiro disco

O terceiro disco do Galo foi lançado em 1992. Com músicas e participações especiais de compositores contemporâneos como Hermeto Pascoal, Sivuca, Antonio Carlos Jobim, Cristóvão Bastos, Elton Medeiros, além de composições dos próprios componentes do conjunto, o disco foi indicado para o prêmio Sharp, hoje chamado de Prêmio da Música Brasileira, um dos mais respeitados do país.

Capa 3º disco do Galo Preto

Capa do 3º disco do Galo Preto. Arte de Claudia de Miranda. O texto da contracapa é assinada pelo compositor Aldir Blanc

O disco inclui as músicas Vermelhinho (Elton Medeiros /Afonso Machado), Depois do Arcos (Afonso Machado /Luiz Moura /Paulo Cesar Pinheiro), Brasileirinha (Adamo Prince), Sanhauá (Sivuca), Não me Digas Não (Cristóvão Bastos /Paulinho da Viola), Luíza (Tom Jobim), Música é que nem Filho: primeiro a gente faz, depois dá o nome (Hermeto Pascoal), Bem-te-vi (José Maria Braga), Este Choro é meu Pranto (Claudionor Cruz), Zanzando em Copacabana (Radamés Gnattali), Vinte de Janeiro (Guerra-Peixe), Galo Preto (Luiz Moura).

Quarto disco tocando Só Paulinho

De todos os seus discos, o mais conhecido é o quarto, onde tocam só músicas de Paulinho da Viola. Lançado em 1994, o LP Só Paulinho traz 12 músicas do sambista que tem berço no choro. O disco tem choro, sambas-canções, valsas e maxixes, mas vale destacar que a faixa “Maxixe do Galo” foi feita especialmente para o grupo.

O quarto disco do Galo teve repertório só de Paulinho da Viola

O quarto disco do Galo teve repertório só de Paulinho da Viola

Compõe o LP as músicas Só o Tempo, Tudo se Transformou, Maxixe do Galo, Choro Negro, Rumo dos Ventos, Inesquecível, Pra Fugir da Saudade, Valsa Chorona, Eu e Minha Sogra, Romanceando, Sem Ela Eu Não Vou, Na Linha do Mar (Galo Cantou).

A capa do LP tem arte assinada pelo artista plástico Mello Menezes.

O Dono das Calçadas

Em 2001 o Galo gravou o cd independente O Dono das Calçadas, com Nelson sargento e a cantora Soraya Ravenle.

Capa do disco O Dono das Calçadas

Capa do disco O Dono das Calçadas

Sobre o disco, escreveu Paulo Eduardo Neves, criador da Agenda do Samba e Choro, em 26 de fevereiro de 2002.

“Os chorões do Galo Preto, acompanhados do sambista Nelson Sargento e da cantora Soraya Ravenle fazem no disco “Dono das Calçadas” um belo tributo a um dos maiores compositores do samba, Nelson Cavaquinho. O Galo Preto segura a onda instrumental do disco. Na verdade este disco bem poderia ser chamado de “Só Nelson Cavaquinho”, dando continuidade aos seus discos tributo “Só Paulinho da Viola” e “Só Cartola”. Um contraste bacana é feito entre a voz “velha guarda” (e que entende tudo de samba) de Nelson Sargento e a perfeição técnica (às vezes até demais) de Soraya Ravenle. O contraste já aparece na bonita abertura do disco, com Nelson interpretando a cappella a música “Dono das Calçadas”, só no final ouve-se o primeiro som instrumental, o sete cordas tocado lembrando o estilo do bardo dos botequins cariocas, surge então a voz límpida de Soraya interpretando o clássico “Luz Negra”, criando um belo efeito. Até um chato como eu, que considera o Nelson Cavaquinho com sua voz rachada seu maior intérprete, acaba por gostar das interpretações. O disco passa ainda por músicas menos conhecidas como a marcha rancho “Risos e Lágrimas” e o choro instrumental “Nair” até encerrar com os clássicos “A Flor e o Espinho” e “Pranto de Poeta”.

A seleção do repertório é um dos pontos altos, revelando várias pérolas pouco conhecidas. Afonso Machado, bandolinista e líder do Galo Preto, é provavelmente o maior especialista na obra de Nelson Cavaquinho. Em 2001 ele ganhou uma bolsa de pesquisa da Rioarte. Durante um ano pesquisou as composições do bardo, encontrando raridades e inéditas. Foram catalogadas as partituras de um total de 176 composições! Pena só que no disco não caibam tantas músicas quanto no show, tendo ficado muita coisa boa de fora. Além disto, Afonso escreveu para ilustrar a pesquisa pequenas crônicas que contam passagens do Nelson. Ele pretende publicar o trabalho, mas ainda não há previsão a respeito. Se você gostou do disco da Beth Carvalho, que trazia basicamente os sucessos de Nelson, pode-se dizer que este disco é “curso avançado” para se tornar um Nelson Cavaquinista.

Atualmente o Galo Preto é formado por Afonso Machado (bandolim), Alexandre Paiva (cavaquinho), Bartholomeu Wiese (violão), João Alfredo Schleder (percussão), José Maria Braga (flauta) e Lucas Porto (sete cordas). Metade do disco conta com o auxílio luxuoso do percussionista Ovídio Brito. Ovídio é um percussionista tão cobra que seria mais apropriado se mudasse seu nome para Ofídio. A produção, direção musical e arranjos são de Afonso Machado. A produção executiva ficou a cargo de Didu Nogueira.” 

O disco tem as faixas O dono das calçadas (Nelson Cavaquinho E Guilherme De Brito), Luz negra, Beija-flor, Minha honestidade vale ouro, Rugas, A vida, Nair, Velho amigo, Nome sagrado, Risos e lágrimas, Notícias, Aquele bilhetinho, Meu pecado, A flor e o espinho, Pranto de poeta.

O Dono das Calçadas

Luz negra – Galo Preto, Nelson Sargento e Soraya Ravenle

Só Cartola: uma homenagem ao lado de Elton Medeiros e Nelson Sargento

O disco Só Cartola, lançado em 1999 e gravado no Teatro Municipal de Niterói é outro importante álbum na discografia do Galo Preto. Acompanhando os mestres do samba Elton Medeiros e Nelson Sargento, ambos parceiros de muitas músicas ao lado de Cartola, o Galo, desta vez bem mais experiente do que quando tocou com Angenor de Oliveira, em 1978, prestou sua homenagem ao grande amigo mangueirense.

Disco Só Cartola

Disco Só Cartola

No repertório do cd: Quem me vê sorrindo (Cartola e Carlos Cachaça), Sei chorar (Cartola), Alegria (Cartola), Alvorada (Cartola, Carlos Cachaça, Hemínio Bello de Carvalho), Sala de recepção (Cartola), Tempos idos (Cartola e Carlos Cachaça), A Mangueira é muito grande (Cartola e Ataliba), Fiz por você o que pude (Cartola), O inverno do meu tempo (Cartola e Roberto Nascimento), Tive sim (Cartola), Amor proibido (Cartola), Acontece (Cartola), Sol e chuva (Cartola), O que é feito de você ? (Cartola), Divina dama (Cartola), Velho Estácio (Cartola e Nelson Sargento), Ciúme doentio (Cartola e Nelson Sargento), Deixa (Cartola e Nelson Sargento), Sofreguidão (Cartola e Elton Medeiros), A mesma história (Cartola e Elton Medeiros), Peito Vazio (Cartola e Elton Medeiros), Injúria (Cartola e Elton Medeiros), As rosa não falam (Cartola).

Fiz por Você o que Pude (Elton Medeiros, Nelson Sargento e Galo Preto

Diz que fui por aí, disco de Andréa Pinheiro contou com acompanhamento do Galo

Em 2004 o Galo Preto gravou com a cantora paraense Andréa Pinheiro o cd Diz que fui por aí, com clássicos da música brasileira que vão de Silvio Caldas a Chico Buarque.

Galo Preto 30 anos

Há 10 anos, quando completou três décadas, gravaram seu disco Galo Preto 30 anos. Integram o disco as músicas Café para dois, de Afonso Machado e Luís Moura; Rua Alegrete, de Alexandre de La Peña; Dose Dupla, de Laércio de Freitas; Malemolente, de Afonso Machado e Bartolomeu Wiese; Pé na jaca, de Carlinhos Vergueiro e Afonso Machado, Maxixado, Malemolente entre outras peças.

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Nelson Cavaquinho por Galo Preto

No centenário de nascimento de Nelson Cavaquinho, em 2011, o Galo Preto gravou o cd Nelson Cavaquinho por Galo Preto, uma homenagem ao sambista criado nas rodas de choro da Gávea, no Rio de Janeiro. No cd há clássicos de Nelson, como Folhas caídas, O bem e o mal, Nair, Degraus da vida, A flor e o espinho.

Capa do disco Nelson Cavaquinho por Galo Preto

Capa do disco Nelson Cavaquinho por Galo Preto

O pesquisador Eduardo Granja Coutinho cita várias vezes o Galo Preto em seu livro Velhas Histórias, Memórias Futuras (2002). Em 2010 o cineasta Elano Baptista dirigiu um filme sobre a trajetória do Galo Preto, ainda sem previsão de lançamento.

Capa do livro Velhas Histórias, Memórias Futuras, que cita bastante o grup Galo Preto

Capa do livro Velhas Histórias, Memórias Futuras, que cita bastante o grup Galo Preto

E como está o Galo após esses 40 anos?

“Como todos os músicos brasileiros que dependem de patrocínios”, conta Afonso Machado, e segue:

“Eu como nunca consegui nenhum patrocínio, faço as coisas na marra. Montei um estúdio em casa e estou fazendo. Tem um rapaz em Mendes que está fazendo um filme dos 40 anos do Galo. Já entrevistou muita gente e tem muito material. Eu gostaria muito de escrever a biografia do Galo, contar as histórias do grupo pra moçada conhecer. Este ano, fizemos um show com Nelson Sargento e Pedro Miranda. Foi um show tão bacana que merece ser gravado, muita gente está querendo o disco desse show e nós vamos gravar na marra! Se ficar esperando o patrocínio a gente não faz nada!”, finaliza Afonso Machado.

Este ano, para celebrar as quatro décadas em atividade, o grupo começou a planejar a gravação do cd Galo Preto – 40 anos, com músicas inéditas e arranjos camerísticos tradicionais do Galo. O disco traz a marca do Galo nesses anos compondo, acompanhando e tocando choro. Elton Medeiros, Carlinhos Vergueiro, Luiz Moura, Nelson Sargento, Laércio de Freitas, Marcus Ferrer e Rildo Hora fizeram temas para o cd.

No dia 20 de dezembro deste ano, o Galo Preto fez sua última apresentação do ano. O espetáculo Nelson Sargento 90 anos, com a participação do músico Pedro Miranda. Agora é aguardar a chegada do cd desta temporada de apresentações que o Galo fez este ano com Nelson e Miranda e continuar curtindo o choro do Galo Preto, um dos nossos maiores conjuntos de música instrumental e de choro de todos os tempos!

 

Leia em breve na Revista do Choro matéria sobre o filme Cantando de Galo, de Carlos Camacho, sobre o Galo Preto.

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Author: imprensabr