MARINGÁ GANHA OFICINA DE CHORO: IDEALIZADA POR MÚSICO DE APUCARANA, PROJETO CONTA COM APOIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ


Leonor Bianchi

Entrevistei o músico, instrumentista, pesquisador, compositor e professor, Fellippi Borrero, sobre o projeto de choro que ele está desenvolvendo em Maringá (PR), “Roda de Choro da UEM: Práxis e performances em dialogos”, envolvendo Universidade e comunidade local.

Fillippi tem bastante experiência no segmento da música popular brasileira e do choro, tendo integrado diversos regionais e sendo fundador do “Choramingando”, que atuou entre os anos 2008 e 2012 em Barcelona,  (Espanha), com turnês na França (Toulouse). O grupo começou como um trio e terminou com seis instrumentistas: três espanholas, dois brasileiros, e um argentino.

“Trouxe o nome para o projeto de extensão que estou organizando agora, que foi rebatizado como “Regional Choramingando”. O objetivo é usar o mesmo nome para dar uma ideia de continuidade de algo que já existiu no passado, em outro lugar, resgatando a história e memória de algo que foi muito bom, e também trazer a minha experiência de outras terras pro local onde estou agora”, conta Borrero.

Atualmente envolvido bastante com a parte da educação musical ele vem desenvolvendo projetos neste sentido em cidades próximas a Apucarana, onde reside desde 2018.

1. Leonor Bianchi / Revista do Choro: O que é o projeto Roda de Choro da UEM: Práxis e performances em dialogos?
FILLIPPI: É uma iniciativa para incentivar a prática do Choro dentro da Universidade Estadual de Maringá / PR, para que os alunos e a comunidade tenham contato e conheçam as raízes da música popular urbana do Brasil.

2. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Como surgiu este projeto?
FILLIPPI: Quando comecei o projeto de Extensão na Unespar de Apucarana / PR (Regional Choramingando), entrei em contato com a profa. Simone Cit, que foi minha profs. na Unespar de Curitiba, toca cavaquinho, e a algum tempo se transferiu para a UEM. Meu objetivo era convidá-la para uma parceria. Ela me sugeriu que entrasse em contato com o prof. Renan Bertho, músico e pesquisador do Choro, e que foi incorporado ao quadro de professores da UEM no começo desse ano. Na nossa primeira conversa percebemos que tínhamos objetivos em comum, e assim surgiu a proposta da parceria entre os dois projetos, entre as duas universidades.

3. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Você é o orientador e o Renan Bertho é o coordenador. Comente um pouco sobre o trabalho de vocês neste projeto.
FILLIPPI: O prof. Renan Bertho é flautista e etnomusicólogo, e responsável pelo projeto da UEM. Como este ano não teríamos muito tempo para desenvolver algo mais aprofundado, ele propôs que fizéssemos três encontros com oficina + roda de choro. Assim vamos nos conhecendo (pessoalmente e musicalmente), vamos envolvendo e preparando os alunos, para no ano que vem fazermos algo mais aprofundado e estruturado. Como conversamos bastante e pensamos tudo em conjunto, ele acabou me colocando como orientador desse projeto.

4. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Fale sobre a participação da universidade e como está sendo o apoio da mesma ao projeto.
FILLIPPI: A Unespar tem disponibilizado toda a infraestrutura para que a gente “toque” esse projeto. Os professores e o Pró-Reitor, prof. Marcos Dorigão, têm elogiado nosso trabalho; estão muito contentes, e desejam que o projeto cresça e permaneça por muito tempo. Considerando que a Unespar de Apucarana não tem cursos na área de artes, projetos de extensão cultural como o nosso acabam tendo que partir da iniciativa de pessoas externas, como foi no meu caso.

5. Leonor Bianchi / Revista do Choro:  Antes desta iniciativa já havia ou já houve algum projeto de choro na cidade?
FILLIPPI: Pelo que consultei e pesquisei, com músicos e amigos apreciadores de música, que são de Apucarana ou moram aqui há muito tempo, nós estamos sendo os pioneiros do Choro aqui na cidade.

6. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Existe algum Clube do Choro aí?
FILLIPPI: O que temos aqui na região é o Clube do Choro de Londrina, o Maraka Trio e o Choringá de Maringá. Londrina e Maringá estão a 60km de Apucarana. Além desses nomes citados, nessas duas cidades existem vários outros músicos envolvidos com o Choro.

7. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Quem pode participar e como os interessados podem se inscrever para tocar na roda?
FILLIPPI: Nosso projeto está aberto a todos: alunos da Unespar, de outras instituições, e o público (a comunidade) em geral. Todos podem participar tocando, cantando ou simplesmente assistindo nossos “ensaios” e as palestras e documentários que traremos. Não precisa se inscrever, apenas responder a lista de chamada via QR Code no dia em que vier. Ao final do ano faremos os certificados de acordo com as horas (quantidade de vezes) que cada um participou.

8. Leonor Bianchi / Revista do Choro: A primeira roda acontece agora no dia 29 de setembro, mas o projeto vai até o final de novembro. Quantas rodas serão ao todo, qual é a expectativa de participantes, e como será o projeto no ano que vem?
FILLIPPI: Com a UEM faremos três encontros (set, out e nov), no último sábado de cada mês. No final do ano faremos um balanço desses encontros, para traçar as estratégias e direcionamentos do projeto no ano que vem, onde pretendemos oficializar no papel a parceria entre a Unespar e a UEM.

9. Leonor Bianchi / Revista do Choro: Além das rodas haverá alguma exposição audiovisual sobre choro, alguma aula teórica, vocês darão alguma apostila falando sobre a história do Choro para os participantes?
FILLIPPI: Este ano focaremos em que os participantes conheçam o repertório e a dinâmica (regras e funcionamento) da roda de choro. Para o ano que vem podemos pensar em aprofundar mais na história e na teoria musical do estilo.

10. Leonor Bianchi / Revista do Choro:  Como é a cena do Choro nessa região e o que o projeto pretende deixar como legado para a comunidade local?
FILLIPPI: A atividade econômica principal da região é o agro negócio. O estilo musical que domina a região é o Sertanejo, devido à característica mais rural daqui. Por outro lado, existe um núcleo urbano muito importante também. Nosso objetivo é promover a diversidade cultural na região, apresentando outras alternativas para a população, e colocando eles em contato com as raízes da música popular urbana do Brasil.

 

O Regional Choramingando é:
Fillippi Borrero – Cavaquinho, Bandolim, Violão e Regência
Hélio Pereira Jr. – Violão 6
Lua Cristina – Pandeiro, percussão e voz
Felipe Lorusso –  Pandeiro e percussão

 

Foto: Regional Choramingando na 44a Semana Literária do Sesc Apucarana. Acervo Fillippi Borrero.

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Author: imprensabr

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