Por Leonor Bianchi
Amélia Brandão (1897-1983), pianista e compositora, nasceu em 25 de maio de 1897, em Jaboatão (PE). Aos quarto anos de idade começou a tocar piano sem que lhe ensinassem. Era de família abastada e, dedicada aos estudos de música erudita, no início da mocidade, com 12 anos compôs sua primeira obra, a valsa “Gratidão”.
À Revista do Rádio, em 1962, durante uma entrevista, ela explicou o motivo do título da música. Levada e pimpona que era já desde a infância, vivia a implicar com os meninos do bairro onde morava. Certo dia, um grupo deles, cansado de suas investidas e truques, combinaram de pregar-lhe um susto, dando-lhe uma coça. Foi quando um senhor a salvou da situação, protegendo-a e livrando-a de apanhar dos garotos. O fato acendeu nela a consciência do perigo e a fez ter gratidão por quem a salvara da grande enrascada.
“Desde criança, fui o diabo em figura de gente. Quando criança, em Jaboatão, meu divertimento maio era dar surras nos meninos. Moleque que se fizesse de besta comigo podia aprontar o couro. Apanhava pra valer! Depois das escaramuças de rua, eu corria para casa e me punha a batucar no piano. A inspiração vinha que era uma beleza… Aos 12 anos, compus minha primeira valsa, que por sinal está no LP ‘Velhas Estampas’, que gravei há poucas semanas pela Odeon. A valsa chama-se Gratidão.
