O violão de sete cordas no choro – com Lia Meyer 2


Por Leonor Bianchi

Violonista de sete cordas, Lia Meyer é a irmã do meio de um trio musical (que como tempo absorveu um quarto personagem) que faz história no choro desde a infância. Quem não conhece o Choro das Três integrado por ela no sete cordas, as irmãs Corina (flauta transversa), Elisa (bandolim) e o pai, Eduardo ferreira, no pandeiro? A relação de Lia com a música vem desde a mais tenra infância. Aos oito anos ela iniciou os estudos de música na escola municipal da cidadezinha de Porto Feliz, no interior de São Paulo, onde nasceu. Estudou flauta doce e depois violão. No Conservatório de Tatuí, Lia estudou música clássica e teoria musical. A paixão pelo sete cordas aconteceu a partir dos encontros com chorões nas rodas de São Paulo. Atraída pelo instrumento, Lia escolheu o sete cordas para acompanhá-la por toda a vida. Estudou e tocou com grandes mestres, como Luizinho 7 cordas e Ed Gagliardi, que transmitiram a ela a paixão pelo violão de sete cordas. Hoje, aos 27 anos, Lia segue a tradicional escola do mestre Dino 7 Cordas, e é considerada uma das grandes revelações do sete cordas o choro, na atualidade. À Revista do Choro Lia falou um pouco sobre sua relação com o violão de sete cordas para nosso especial’ O violão de sete cordas no choro’; série de entrevistas publicada toda primeira quarta-feira do mês aqui na Revista do Choro e que ainda trará entrevistas com Luizinho 7 Cordas, Edmilson Capelupi e  Rogério Caetano. este conteúdo teve consultoria técnica de Fernando Dalcin (bandolinista). O violonista Ricardo Vieira abriu a série, em fevereiro. Leia agora a entrevista com a violonista Lia Meyer.

Lia Meyer Ferreira

Lia Meyer Ferreira

Revista do Choro: No choro quais os violonistas de 7 cordas mais a influenciaram/ influenciam?

Lia Meyer: Foram e são os violonistas que eu tive contato e claro, o Dino 7 Cordas. Entre eles aqueles que eu tive um contato mais próximo, como o grande Luizinho 7 Cordas, o meu primeiro professor de Choro, que domina instrumento completamente, sempre tocando com uma tranquilidade impressionante, baixos precisos, marcados e de extremo bom gosto; Edson Gagliardi, que também foi meu professor e que acompanha valsas como ninguém; Arnaldo Galdino que mostra o quão conectados são o nossos sentimentos ao que tocamos, extremamente criativo e talentoso, mas que ainda segue aquela linha “Dino” que eu adoro, baixos bem melódicos e bem colocados. Uma das maravilhas da música é que você aprende sempre, e nunca sabe quando e com quem, especialmente quando você toca um instrumento que agrega tanto, como o violão.

Revista do Choro: Se tivesse que citar três violonistas de 7 cordas que deixaram seu trabalho, sua marca ao instrumento na história do choro e do próprio 7 cordas (no choro), que nomes seriam estes?

Lia Meyer: Tute, com as suas baixarias “Pé de Boi”, Horondino Silva, o Dino 7 Cordas, o maior nome do instrumento e o grande responsável pela sua popularização e Raphael Rabello, que incorporou outras influências, levando-o ao papel de solista também.

Revista do Choro: Como você pensa as baixarias na hora em que escuta uma harmonia pronta numa gravação’? Você pensa em alguma referência violonística; tem um padrão que sempre usa; um banco de dados de baixariasem sua cabeça?

Lia Meyer: Para mim isso varia de música pra música. Algumas simplesmente “vem” prontas, e outras eu gosto de experimentar um pouquinho, testar o que fica melhor no caso de uma gravação por exemplo.

Revista do Choro: A troca da sétima corda é um ritual que varia de instrumentista para instrumentista; e também do trabalho que se pretende fazer, gravar… enfim…  Alguns instrumentistas trocam a sétima corda semanalmente. E vc, qual a sua prática?

Lia Meyer: A única regra que eu tenho é que pra gravar troco todas as cordas. Fora isso, troco quando sinto que esta na hora, ou seja, pode ser pela qualidade do som, da afinação ou da integridade física. Uso a 4a do Cello e ela tem naturalmente um som mais seco, até mais opaco, e com o tempo o som metálico se perde, então é uma questão muito pessoal determinar quando essas características se tornam excessivas e indesejadas.

Revista do Choro: O som da sétima corda melhora com o tempo de uso da mesma?

Lia Meyer: Sim e não! Para gravações gosto da corda novinha, o som fica muito bonito gravado. No entanto, quando é pra tocar eu gosto da corda menos metálica, então com um pouco de uso ela fica melhor. O detalhe é que usando uma corda de cello de qualidade, esse envelhecimento será mínimo, não prejudicando a afinação.

Revista do Choro: Gostaria de sugerir alguma bibliografia básica sobre o 7 cordas (no choro)?

Lia Meyer: Aproveitando a vantagem da revista ser digital, gostaria de sugerir esta entrevista com o Dino 7 Cordas https://www.youtube.com/watch?v=cmwtxht885g e a ‘Análise dos Acompanhamentos de Dino 7 Cordas em Samba e Choro’, por Remo Tarazona Pellegrini: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000372987&fd=y

 

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Author: imprensabr


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