Flautista Antônio Rocha lança seu primeiro CD autoral. Disco é uma resposta de gratidão ao choro


Leonor Bianchi

Considerado um dos maiores seguidores do legado deixado pelo imortal chorão e flautista Altamiro Carrilho, Antônio Rocha acaba de lançar seu primeiro trabalho fonográfico autoral. O CD ‘Flauta Brasileira’, lançado este mês, é uma homenagem a vários flautistas (Dante Santoro, Pixinguinha, Benedito Lacerda, o próprio Carrilho, claro, entre outros) e reúne 14 estudos dedicados à linguagem da flauta brasileira.

flauta brasileira antonio rocha

Natural de Valença, cidade do sul do estado do Rio de Janeiro, o multi-instrumentista Antonio Rocha, revelação nos últimos anos à frente da flauta transversa no choro, é professor da Escola Portátil de Música, referência mundial no ensino e difusão do choro, e integrante de um dos regionais de choro mais antigos do Brasil, o Conjunto Época de Ouro.

Sua relação com a música começou na infância, influenciado por sua tia Jô. Rocha também estudou piano, órgão, sax-tenor, tuba, clarineta, e música erudita. Essa relação com muitos instrumentos veio de família – seu tio avô, José Batista de Almeida (conhecido como Arranca-Toco por seu temperamento), tocava na banda Sociedade Musical Progresso de Valença (fundada em 20 de novembro de 1929, por ferroviários), da qual Antonio Rocha hoje é maestro.

Nasci no dia 16 de abril de 1981 e com poucas horas de nascido ganhei um presente que mudou minha vida para sempre: minha primeira flauta! Minha tia Jô (Jocely Rocha) musicista, pediu que minha mãe escolhesse entre uma flauta e um violão e minha mãe escolheu a flauta. Quando completei oito anos fiquei conhecendo mais sobre flauta e não dei mais sossego em casa, queria minha flauta. Tia Jô, que tocava um pouco de flauta, colocou meus dedinhos nas chaves e me mostrou como é que soprava e para minha surpresa neste momento eu consegui tocar uma melodia (um trecho de melodia) Tristeza do Jeca. Dai não parei mais”, conta Antonio Rocha.

Além de choro, Antonio Rocha também música sacra, peças para banda e para pequenas formações (duos, trios, quartetos e quintetos) para sopros e cordas.

No choro, ele elenca suas influências:

“Minha relação com o Choro sempre foi de total admiração pelo trabalho de músicos como Altamiro Carrilho, Niquinho, Dino 7 cordas, Jacob, Pixinguinha, mas foi ouvindo um disco de Altamiro Carrilho, que um dia eu disse para mim mesmo: – Quero ser flautista!”, lembra Rocha.  

O flautista Antonio Rocha.

O flautista Antonio Rocha.

Gerações de chorões de ontem e hoje fazem participação no CD

Rocha contou com a participação de vários amigos no CD: Conjunto Época de Ouro, Regional Imperial, Yury Reis, Glauber Seixas, Julião Pinheiro, Ana Rabello, Aquiles e Eversom Moraes, Celsinho Silva, Marlom e Mayco. No disco, há uma faixa especial com participação da sua tia Jô cantando a marcha rancho ‘De vovó para vovô’, parceria dele com a tia.

Sobre o disco, disse o flautista:

“Flauta brasileira é uma resposta de gratidão ao choro e ao tudo o que venho aprendendo dele, nesta vagem que faço pelo som, desde meus oito anos de idade, quando a descoberta do instrumento foi a chave que abriu as portas para meu encontro concreto com a música.

Neste CD, basicamente autoral, manifesto minha gratidão a algumas pessoas que contribuíram para o me crescimento pessoal e profissional, inclusive outros compositores que interpreto.

Assim, ‘Amor de mãe’, escrevi para minha mãe Adriana; ‘Cosme e Damião’, para meu pai Carlos; pessoas que possibilitaram minha estada por aqui e que sempre me apoiaram nesta vida que escolhi para ser feliz.

“Memórias” foi minha primeira composição para este trabalho. ‘Flor de Laranjeira’ é um carinho para minha incentivadora esposa Cristiane. ‘Chegando em Bangu’, uma homenagem ao amigo Geraldo Coelho. ‘De vovó para vovô’ é uma parceria com minha tia Jô; uma marcha-rancho através da qual conseguimos trazer de volta os ‘libertos e velhos carnavais’ da cidade do interior, na lembrança de meus avós, que foram grandes foliões.

Destaco, sob a força das circunstâncias que me levaram a escrevê-lo, o choro ‘Tranca rua’, que nasceu de um sentimento de urgência muito forte num quarto de hotel, no Rio de Janeiro, após estar próximo à Igreja de São Francisco, no Centro da cidade, e ouvir o sino tocar as badaladas da meia noite.

Pelo importante apoio, agradeço aos amigos Alfredinho, do Bip Bip; Geraldo Coelho; Antônio Tanure Gama e Amilton Costa Faria, incentivadores generosos que respeitam meu trabalho e acreditam no músico que sou.

Este trabalho é dedicado à memória do músico Altamiro Carrilho, meu mestre e mentor para sempre”, conclui Antonio Rocha.

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Author: imprensabr