Redação
Os oito batutas: história e música brasileira nos anos 1920, livro de Luiza Mara Braga Martins, lançado pela Editora UFRJ, é um estudo de história cultural que reúne as memórias constituídas em torno desse grupo musical, liderado por Pixinguinha e Donga.
Ao longo de 216 páginas, a autora nos mostra como aquele conjunto, formado por negros e brancos, enfrentou e rompeu, por meio da alegria, do virtuosismo e do irresistível vigor da cultura negra, o preconceito racial e de classe das elites brasileiras, fazendo grande sucesso no Brasil e no exterior.
A orquestra, formada para tocar choro na sala de espera de um refinado cinema no centro do Rio de Janeiro, então capital federal, fez tanto sucesso que muitas pessoas iam ao local apenas para ver o grupo e saíam sem assistir ao filme. Entre seus admiradores famosos estavam Rui Barbosa e Ernesto Nazareth. Mas também havia os insatisfeitos com as apresentações, que criticavam o repertório, composto por ritmos populares, e ficavam incomodados com a presença de músicos negros entre os integrantes do grupo em um local tão luxuoso.
É nesse contexto de disputa ideológica no mundo musical, diante de um persistente projeto elitista de branqueamento da cultura, que Luiza Mara mostra que a escolha de uma música popular mestiça como síntese da identidade nacional já estava colocada nos anos 1920, antes mesmo do projeto nacionalista de Vargas.
O livro é resultado da tese de doutorado em História de Luiza Mara Braga Martins, que atualmente faz seu pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense, pesquisando samba e choro contemporâneos, com apoio da Faperj.