Discos de Ouro: Discografia comentada do Conjunto Época de Ouro


Por Armando de Andrade*

A História do Conjunto Época de Ouro e sua discografia são indissociáveis da figura de Jacob do Bandolim. Fundador do grupo, Jacob montou o Época de Ouro minuciosamente com músicos de características marcantes, cada um com função específica, a qual era exigida dos músicos à exaustão de ensaios e mais ensaios.

No começo da carreira, em 1947, na Continental e nas primeiras gravações na RCA, para onde se transferiu em 1951, Jacob gravou com César Faria e seu Regional. César Faria, pai de Paulinho da Viola, seria posteriormente um dos pilares do Época de Ouro.

De 1951 a 1961, Jacob gravaria com o Regional do Canhoto, do qual levaria, para seu conjunto, o grande mestre Dino 7 Cordas e, posteriormente, o Jorginho do Pandeiro.

A formação original do grupo se deu com: César Faria (violão 6 cordas), Carlinhos Leite (violão 6 cordas), Dino 7 Cordas, Jonas Silva (cavaquinho centro) e Gilberto d’Ávila (pandeiro).

De início, o grupo era conhecido como o regional do Jacob e é com esse nome que o grupo grava o álbum Chorinhos e Chorões, lançado em julho de 1961. Porém, Jacob tinha ojeriza ao nome “regional”, por associar tal nomenclatura a um tapa-buracos das rádios, por quem se chamava a cada instante de improviso das programações.

Assim, no segundo álbum, Primas e Bordões, lançado em julho de 1962, o grupo passa a se chamar de Jacob e Seus Chorões, nome com o qual também é lançado o disco Jacob Revive Sambas Para Você Cantar, de junho de 1963.

Em 1964, Jacob finalmente nomeia o grupo com o nome de Época de Ouro, nome de um álbum seu lançado em 1959 pela RCA Victor.

Em outubro de 1967, é lançado o álbum Vibrações, o último lançado por Jacob antes de ser vitimado pelo segundo ataque cardíaco em 13 de agosto de 1969. Esse disco é considerado por muitos críticos e chorões como o melhor disco de choro de todos os tempos. Nesse álbum, entra para o seleto grupo o Jorginho do Pandeiro.

Sairiam ainda gravações ao vivo de Jacob do Bandolim e Conjunto Época de Ouro nos álbuns “Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro” e “Pixinguinha 70” e a participação no disco “O Eterno Seresteiro”, de Orlando Silva, em 1969.

Com a morte de Jacob, o Conjunto encerra suas atividades até que, em 1973, Paulinho da Viola organiza um espetáculo chamado Sarau, com direção de Sérgio Cabral, e convida o grupo para uma reunião a fim de participar do show ao lado do próprio Paulinho, mais o flautista Nicolino Cópia, o Copinha. Para assumir o posto de bandolinista, a escolha natural foi aquele que o próprio Jacob considerava como seu sucessor: Déo Rian.

Com o sucesso de crítica que foi o Sarau, o grupo resolve retomar em definitivo suas atividades e grava 3 discos na Continental: Conjunto Época de Ouro (1974), Clube do Choro (1976) e Conjunto Época de Ouro Interpreta Pixinguinha e Benedito Lacerda (1977). Nesse período, Damázio, violonista que já havia tocado no Regional do clarinetista Otaviano Pitanga, assume o lugar de Carlinhos Leite. Posteriormente, Déo Rian sai do grupo e entra Ronaldo do Bandolim.

Em 1987, o grupo se reúne mais uma vez para celebrar os 50 anos de carreira do Dino 7 Cordas e gravam um dos mais espetaculares discos de choro de todos os tempos: Dino 50 anos. Nesse disco, destacam-se a volta de Carlinhos Leite e a participação do cavaquinista Valmar Amorim.

Após o lançamento de um disco ao vivo, em 1997, com Armandinho, o grupo volta a gravar em 2001 e 2002 os dois respectivos volumes do Café Brasil: no primeiro, o grupo aparece apenas em algumas faixas; já no segundo, o grupo recebe convidados e assina todas as faixas.

Nesse período, mais uma vez Carlinhos Leite se afasta do grupo e é substituído por Toni, outro violonista de 7 Cordas e o cavaquinista Jorge Filho, filho do Jorginho do Pandeiro, assume o cavaquinho centro.

Em 2010, embora a gravação seja anterior a esse ano, é lançado com muito sucesso no Japão o disco Feijão Com Arroz, recheado de clássicos com o Época impecável nas execuções. O grupo faz uma série de shows por lá e é sucesso de público e crítica.

Com o falecimento do Dino e do César, atualmente André Belieny, no violão de 6, e Antônio Rocha, na flauta, completam o grupo.

É dificílimo levantar a discografia do grupo, levando em conta também as participações do grupo ou mesmo de alguns de seus membros em gravações acompanhando outros artistas e que nem sempre contam com ficha técnica. Mas, as referências mais óbvias são essas, o que não significa menos trabalho e, inclusive, dificuldade em encontrar os áudios, pois quase nada se encontra disponível em Cd em catálogo vigente.

Comentários sobre cada álbum

1961 – Chorinhos e Chorões – RCA Victor

Jacob e seu Regional

  • Primeiro disco gravado com a formação clássica do Época de Ouro. A constituição do grupo com 3 violões, sendo 2 de seis cordas, deu ao Dino maior liberdade para a criação dos contrapontos, deixando a Carlinhos e César os “baixos de obrigação”. Nota-se isso logo na primeira faixa, Assanhado. Destaque também para “É do que há”, do clarinetista sergipano Luiz Americano, música que, segundo Jacob, foi o primeiro choro que ouviu. Neste álbum aparecem a clássica Santa Morena, em sua primeira gravação, as clássicas Vou Vivendo e Cinco Companheiros, de Pixinguinha e a polca Ameno Resedá, de Ernesto Nazareth.

1962 – Primas e Bordões – RCA Victor

Jacob e seus chorões

  • Neste álbum, destacam-se as gravações de Araponga, de Luiz Gonzaga, que antes de virar Rei do Baião gravou e compôs muitos choros, inclusive de Ernesto Nazareth e isso muito antes de Jacob; Meu Chorinho, de Jonas Silva e moto-perpétuo tupiniquim, o Voo da Mosca, música de dificílima execução. Com a nova formação, Jacob explora ao máximo as possibilidades de composição, como em A ginga do Mané, em homenagem a Garrincha. Há ainda a gravação da clássica Gorgulho, de Benedito Lacerda, da época em que liderava o Gente do Morro, o embrião do que chamamos hoje de Regional. Estes dois primeiros discos foram reeditados em cd pelo Instituto Jacob do Bandolim em um livro com as partituras de todas as músicas. Cada respectivo cd traz o álbum completo e, na sequência, as mesmas músicas sem o bandolim solo de Jacob, apenas com o acompanhamento para que o músico possa tocar sendo acompanhado pelo Conjunto Época de Ouro. Uma curiosidade: Primas e Bordões é título de uma música de Jacob, mas que não chegaria a ser gravada por ele. Só seria conhecida após sua morte quando Déo Rian a gravou no disco Choros de Sempre, de 1974.

 

1963 – Jacob do Bandolim Revive Sambas Para Você Cantar – RCA Victor

Jacob e Seus Chorões e metais

  • Segundo Henrique Cazes, é de supor que Jacob não estava muito animado com a gravação deste álbum em formato karaokê. Trata-se de um nítido produto com fins comerciais. A contracapa trazia a letra das músicas para o ouvinte acompanhar cantando. Repertório centrado no samba e no samba-canção, destaque para a presença de 4 músicas de Ataulfo Alves, compositor e cantor com quem Jacob fez sua primeira gravação. Este disco não foi relançado em cd.

1967 – Vibrações – RCA Victor

Jacob do Bandolim e seu Conjunto Época de Ouro

  • Poucos discos são unanimidade em qualquer que seja o estilo. Uma das raras exceções é Vibrações, o último álbum de Jacob e o primeiro no qual seu grupo é denominado Conjunto Época de Ouro. Arranjos impecáveis e atuações memoráveis de todos os músicos. Todas as músicas merecem destaque, em especial Vibrações e Murmurando, de Fon-fon, música a qual Jacob confessava ser uma de suas favoritas. Esse álbum foi relançado em cd, com as capas originais, e depois na série Acervo, da BMG.

1968 – Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro, ao vivo no Teatro João Caetano em 19/02/1968 –MIS

  • Show beneficente realizado para angariar fundos para o Museu da Imagem e do Som. Encontro memorável entre os músicos e performances incríveis. No dia da gravação, que foi mudada de data, César Faria não pôde comparecer. Lançado em Cd, rapidamente saiu de catálogo e não mais relançado. O Conjunto Época de Ouro aparece nas seguintes faixas:
  • Jamais
  • Mulata Assanhada
  • Feitio de Oração
  • Barracão
  • Murmurando
  • Noites Cariocas
  • Feitiço da Vila
  • Meiga presença
  • Chão de estrelas
  • Chega de saudade
  • Tempo feliz
  • Carinhoso
  • Lamentos
  • Inocência
  • Vou partir/Água no Rio/Malvadeza Durão/Rosa de Ouro

1968 – Pixinguinha 70 – MIS

  • Show comemorativo dos 70 anos de Pixinguinha, gravado em 19/02/1968, no Teatro João Caetano. Jacob comparece com o Conjunto Época de Ouro nas seguintes faixas:
  • Lamentos
  • Ingênuo
  • Proezas do Solon
  • Cochichando
  • Sofres Porque Queres
  • Sentimento Oculto
  • Cinco Companheiros (Época de Ouro e Trio de Flautas da orquestra do Teatro Municipal)

As demais participações de Jacob se dão com o acompanhamento da orquestra do Teatro Municipal.

A versão em cd possui 7 músicas a mais que a versão em vinil, e hoje é um item raro de colecionador.

 

1969 – O Eterno Seresteiro: Orlando Silva com participação especial de Jacob do Bandolim e Conjunto Época de Ouro – RCA Victor

  • Um disco belíssimo, seresta autêntica e, infelizmente, não causou grandes impactos no meio chorístico. Inclusive, raramente é citado na discografia de Jacob e do Conjunto Época de Ouro. Registro raro, destaque para a gravação de Modinha, de Sérgio Bittencourt, filho de Jacob, que deve ter se emocionado muito em ver seu grande ídolo Orlando Silva gravar a música de seu filho, além de acompanhá-lo.

1974 – Conjunto Época de Ouro – Continental

  • Primeiro disco do Conjunto Época de Ouro sem a presença de Jacob. Trata-se, na verdade, de um renascimento que se deu através de Paulinho da Viola com o espetáculo Sarau. O choro viveu seu lado fênix, e uma série de eventos, como os festivais de choro da TV Bandeirantes fizeram os velhos ídolos tirarem a poeira dos instrumentos e voltar à ativa, impulsionados pela molecada. Neste primeiro disco, o Conjunto está mais livre, mais solto, e mescla, na medida certa, clássicos com contemporaneidade. Inicia de cara com Noites Cariocas, do mestre Jacob, mas abre espaço para Paulinho da Viola e o hoje clássico Choro Negro, além de Inesquecível. Destaque ainda para Batuque, de Henrique Mesquita, um dos fundadores do gênero tango-brasileiro, fortemente influenciado pela habanera, maestro e compositor de óperas que viveu no século 19. Compõe ainda o álbum Carolina, dos primeiros sucessos de Chico Buarque, Villa-Lobos e o Choro nº1, e composições de Damázio e Jonas. Participações especiais de Abel Ferreira, no clarinete, Canhoto (líder do Regional), no cavaquinho centro, e dos ritmistas Luna, Gílson (também do Regional do Canhoto) e de Pedro dos Santos, mais conhecido como Pedro Sorongo, um dos mais criativos percussionistas da história da MPB.

1976 – Clube do Choro – Continental

  • Embalados pelo sucesso do choro, o Época entra em estúdio em 76 para lançar seu segundo disco em “carreira solo”.  O grande destaque é o choro “O Boêmio”, de Anacleto de Medeiros, maestro da banda do corpo de bombeiros, um dos grandes chorões que estabeleceram o gênero em seu início. Essa música acabou por virar tema do personagem principal da novela Pecado Capital. Isso fez com que, inclusive, ela fosse lançada em compacto. Nesse segundo disco, o Época se mostra mais conservador no repertório, com resgates como a rara incursão de Jacob na música nordestina, transformando em um samba-choro o baião De Limoeiro a Mossoró, e Tupinambá, de Ernesto Nazareth. Destaque ainda para a bela homenagem a Jacob, feita pelo citarista Avena de Castro, Evocação a Jacob.

 

1976 – Tempo de Seresta: Francisco Petrônio e Conjunto Época de Ouro – Continental

  • O Conjunto Época de Ouro repete a fórmula do lançamento com Orlando Silva, ainda na época de Jacob, desta vez com Francisco Petrônio, cantor do cast da Continental assim como o grupo. Destaque para a dobradinha Amigo Leal e Amigo Infiel, ambas de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, e para Foi Ela, de Ary Barroso, e Serra da Boa Esperança, de Lamartine Babo, ambas sucesso na voz de Francisco Alves.

1977 – Conjunto Época de Ouro Interpreta Pixinguinha e Benedito Lacerda – Continental

  • Clássico. Não há outra palavra para a descrição deste álbum. Aliás, não teria como ser diferente diante da obra dos dois homenageados: Pixinguinha e Benedito Lacerda. A dupla fez um acordo (que ainda hoje rende polêmicas) e gravou 14 compactos na RCA Victor, e praticamente todas as gravações viraram clássicos do choro, mas o Época não limita sua homenagem aos tempos da dobradinha e vai a fundo no repertório de cada um dos homenageados. Neste disco, o Época de Ouro conta com a participação de Abel Ferreira no clarinete, Orlando Silveira no acordeom e Carlos Poyares, flautista, ambos do Regional do Canhoto, além do saxofonista Zé Budega, irmão de Severino Araújo e considerado por muitos o melhor saxofonista da MPB. Na percussão, o apoio de Pedro Sorongo, Gílson e Neném da Cuíca. Destaque para a faixa de abertura Flauta e Pandeiro, choro composto por Oduvaldo Lacerda como trilha para o filme Você já foi à Bahia?, de Walt Disney. O restante do repertório é um desfile de clássicos: Sofres Porque Queres, 1×0, Os Oito Batutas, Naquele Tempo, Doidinho, Seresteiro e a mais linda versão de Boneca, valsa/modinha de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, sucesso na voz de Sílvio Caldas. Esse disco ganhou o prêmio de Melhor Disco Instrumental de 1977 pela Revista Playboy, fato comentado com muito bom humor por Jorginho do Pandeiro no programa Ensaio, da TV Cultura, 20 anos depois.

Nenhum desses 3 álbuns lançados pela Continental foram relançados em cd. Em 1995, a Warner lançou uma coletânea da série Mestres da MPB compilando faixas dos 3 álbuns. Em 2006 e 2007, saíram mais duas coletâneas da mesma Warner, mas praticamente repetindo as mesmas faixas, com poucas exceções. Em 2010, a Warner lançou um box com 5 cds chamado Chorinhos do Brasil, volume 2. Nesse box, é possível encontrar várias faixas desses álbuns, inclusive aparece quase na íntegra o álbum Conjunto Época de Ouro interpreta Pixinguinha e Benedito Lacerda. Vale a pena o investimento, pois esta caixa ainda está em catálogo.

1979 – Chorando Baixinho: um encontro histórico – Arthur Moreira Lima, Abel Ferreira, Conjunto Época de Ouro, Copinha, Zé da Velha e Joel Nascimento – Kuarup

  • Trata-se de um show gravado no auditório do Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, em 12/10/1978 em comemoração aos 30 anos da Construtora Servenco. Nessa época, Déo Rian já havia saído do grupo e entrara o talentoso Ronaldo do Bandolim. Arthur Moreira Lima, músico erudito, havia se encantado com o choro ao gravar 4 discos sobre a obra de Ernesto Nazareth e outro sobre Noel Rosa, em parceria com Radamés Gnatalli. Sonhava em tocar e ser acompanhado pelo Dino nas “baixarias”. Com a proposta da construtora, reuniram-se o Época de Ouro, além de Copinha na flauta, Zé da Velha no trombone e Abel Ferreira no sax e clarinete. Às vésperas do concerto, Ronaldo do Bandolim foi diagnosticado com hepatite. Assim, chamaram Joel Nascimento, que despontava como craque do bandolim ao participar do disco A Música de Donga (1974), em meio aos craques do Regional do Canhoto. Tudo foi gravado “de primeira” e lançado em lp em 1979, com o título do clássico choro de Abel Ferreira. Em 1992, foi relançado em cd com o acréscimo de 3 faixas.

1987 – Dino 50 Anos -Copacabana

  • Depois de longo hiato, o Conjunto Época de Ouro voltou aos estúdios Transamérica, no Rio, para a celebração dos 50 anos de carreira do Dino 7 Cordas. E foi uma festa “de família”: Dino e Jorginho, irmãos, contaram com a participação na percussão de Jorge Filho e Celsinho Silva, ambos filhos do Jorginho do Pandeiro na percussão, e o Dininho, filho do Dino, no contrabaixo. Além disso, gravaram a scottish Orgulhosa, do Tico-Tico (Jorge Simas), primo do homenageado. O álbum é um desfile de belíssimas execuções e participações especiais. Orlando Silveira, do Regional do Canhoto, brilha com seu acordeom em Oh Meu Amigo, homenagem a Esmeraldino Salles, seu grande parceiro na época do Regional do Rago, em São Paulo. Paulinho da Viola aparece em Acreditei nos Beijos Dela. Em que pese a “rivalidade” de Jacob e Waldir Azevedo, o grupo renega a autoridade de Jacob e grava um choro de Waldir, Cinema Mudo, que inclusive não chegou a ser gravado pelo autor. Walmar Amorim, cavaquinista, além de solar em Cinema Mudo, brilha na valsa Caixinha de Música, em que a tríade Dino, César e Carlinhos, este último de volta ao grupo, dão um show no acompanhamento. Tudo vira festa na gravação do samba Exaltação à Bahia, e o grave do 7 Cordas do Dino encanta na introdução de Minha Crença. Destaque ainda para Pretensioso, choro que é equivocadamente atribuído a Pixinguinha, mas é de autoria de Benedito Lacerda, num arranjo caprichadíssimo do Jorginho do Pandeiro, além de Um Cachorrinho no Circo Voador (título mudado, pois no original lançado por Severino Araújo, o título é Um Chorinho do Circo Voador) num belíssimo duelo entre Ronaldo do Bandolim e Severino Araújo, no clarinete. Um clássico e dos mais belos e melódicos discos lançados! Foi relançado em cd na série Grandes Solistas, da EMI.

Curiosidade: o clássico Descendo a Serra, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, aparece aqui em “sentido contrário”, com o título Subindo a Serra.

1991 – Seresta – Nelson Gonçalves – RCA/BMG

  • Nos mesmos moldes dos álbuns lançados por Orlando Silva e Francisco Petrônio, este disco traz o Época acompanhando uma das mais belas vozes da nossa música. Arranjos de Cristóvão Bastos, Dino e Raphael Rabello (que também toca em algumas faixas), traz o Época na sua melhor forma na “terceira idade”.

 

1993 – Instrumental no CCBB – Armandinho e Conjunto Época de Ouro – Tom Brasil e

1997 – O Melhor do Chorinho Ao Vivo – Armandinho e Conjunto Época de Ouro – CID

  • Armandinho, do célebre Trio com Dodô e Osmar, participou do movimento de renascimento do choro com o grupo A Cor do Som, concorrendo, inclusive, com composições nos festivais de choro da TV Bandeirantes. Virtuose do bandolim elétrico, fez shows com o Época de Ouro e que geraram esses dois cds, sendo o segundo, de 97, gravado no Jazz Mania. Repertório recheado de clássicos, com destaque para a versão chorada de Czardas, Lamentos, Aguenta Seu Fulgêncio (música editada como de Jacob do Bandolim, mas composta na verdade por Lourenço Lamartine), e Samba do Avião, de Tom Jobim. Lindos duelos de bandolins entre Armandinho e Ronaldo, como em Lamentos, do segundo disco. A performance do Época de Ouro destaca o porquê de os músicos serem tão requisitados enquanto acompanhadores, pois exercem sua atual competência sem tirar do solista o destaque. Ambos lançados em cds, hoje são raridades em sebos.

2000 – A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes –Conjunto Época de Ouro

  • Áudio do programa Ensaio, da TV Cultura/SP, gravado em 23/05/1997. Músicas com comentários históricos e quase sempre bem-humorados desses gigantes da MPB.

2001 – Café Brasil – Warner

  • Este disco não é, necessariamente, um disco do Conjunto Época de Ouro, mas, sem dúvida, ele é a estrela principal e mola propulsora. O projeto se iniciou em meados de 96 quando o Conjunto gravava, por conta própria, um disco no estúdio Companhia dos Técnicos. Convidaram Paulinho da Viola, Marisa Monte, dentre outros. Após negociar com várias gravadoras, a Warner topou fazer o projeto, desde que o Época participasse de uma coletânea idealizada pela gravadora alemã Teldec sobre o choro brasileiro, com lançamento simultâneo em vários países. Contudo, a gravadora gostou tanto da obra do Conjunto que metade do disco foi dada a eles. O restante foi produzido pelo Rildo Hora. Café Brasil traz o Época de Ouro inspiradíssimo, vide a versão de Noites Cariocas, arranjada pelo mestre Sivuca, que participa com sua sanfona. O grupo ainda revive 1×0 com Carlos Malta e Altamiro Carrilho fazendo os papeis de Pixinguinha e Benedito Lacerda, respectivamente. Pastora dos Olhos Castanhos, gravada por Sílvio Caldas, traz uma linda introdução do Dino, completada com a suave voz de Paulinho da Viola. Destaque ainda para a versão de Treme-Treme, primeira gravação de Jacob do Bandolim, em que Jorginho do Pandeiro simplesmente arregaça seu instrumento num solo inconcebível, além do resgate do belíssimo choro Mariana, de Irineu de Almeida, grande mestre de Pixinguinha. Marisa Monte retribui o presente ao Conjunto por participar do disco Verde, Anil, Amarelo Cor de Rosa e Carvão (na faixa De Mais Ninguém), e canta Onde Andarás, linda canção de Caetano e Ferreira Gullar, enquanto Leila Pinheiro canta com sua elegância o clássico Jamais, de Jacob e Luiz Bittencourt, em versão que faz frente à de Elizeth Cardoso com o mesmo Jacob e o mesmo Época de Ouro. Café Brasil colocou o Conjunto Época de Ouro outra vez em grande evidência e sua participação foi decisiva para a vendagem, em poucos meses, de mais de 100 mil cópias do disco ao redor do mundo, principalmente na Alemanha e Japão, fato raro para um disco praticamente instrumental.
  • O Conjunto Época de Ouro participa nas seguintes faixas:

o   Noites Cariocas, com Sivuca (acordeom)

o   Onde andarás, com Marisa Monte

o   Pastora dos Olhos Castanhos, com Paulinho da Viola

o   1 x 0, com Altamiro Carrilho (flauta) e Carlos Malta (saxofone)

o   Jamais, com Leila Pinheiro

o   Títulos de Nobreza (Ademilde no Choro), com João Bosco

o   Treme-treme

o   Mariana

 

2002 – Café Brasil 2 – Warner

Na esteira do sucesso do Café Brasil, volume 1, o Conjunto Época de Ouro assume a titularidade em Café Brasil 2, mas abre as portas para convidados ilustres e bastante distintos, promovendo duetos inusitados, como o do Conjunto com o roqueiro Lobão na música deste último, Chorando no Campo. Destaque para o dueto entre Dino e Beth Carvalho em Aperto de Mão, música do Dino com seu grande parceiro do Regional do Canhoto, Meira e letra de Augusto Mesquita, além da bela interpretação do Conjunto com o Grupo Nó em Pingo d’Água da samba exaltação Canta Brasil, do polêmico jornalista David Nasser e Alcir Pires. Brilha também Sivuca em bela homenagem instrumental a Dino na música Dino Pintando o Sete. Ney Matogrosso interpreta com delicadeza a valsinha Ana Carolina, música do Jorginho em homenagem à neta. Café Brasil 2 chama a atenção pela diversidade de participações em que o elemento de equilíbrio é justamente o Conjunto Época de Ouro e sua competência em acompanhar seus convidados. Zeca Pagodinho, Paulinho Moska, Arlindo Cruz, Ivan Lins, todos se sentem à vontade em “chorar” ao lado do Época de Ouro.

2010 – Feijão Com Arroz

O choro é muito valorizado no Japão, o que fez com o Época excursionasse por lá, inclusive ministrando workshops. Esse cd foi lançado exclusivamente para o mercado japonês, sendo uma joia muito desejada pelos colecionadores aqui. Repertório exclusivamente de clássicos, tendo em vista a proposta de divulgação do choro por lá. No set list, Murmurando, Carinhoso (arranjo do Dino), Vibrações, Brejeiro, 1X0, Doce de Coco, enfim, um desfile de clássicos do choro pra arregalar olhos de japonês!! Embora tenha sido lançado em 2010, pelo que pudemos apurar, César Faria e Dino participaram das gravações, o que pressupõe que o disco tenha sido gravado antes de 2006, ano da morte do Dino.

*Armando Andrade é Professor de Língua Portuguesa e Hermenêutica Jurídica da Faculdade Asces, Coordenador Adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Humanas e Engenharia da Faculdade Asces e Colaborador da Revista do Choro.

imprensabr
Author: imprensabr

Leave a comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *