Linda Batista: a Estrela do Brasil – Podcast com o cineasta Dimas Oliveira – SoundCloud


Leonor Bianchi

Linda Batista, a cantora Florinda Brandino de Oliveira, de família abastada do Rio de Janeiro, conheceu três Presidentes da República, fez carreira internacional, foi a cantora brasileira mais bem remunerada do seu tempo, anos de 1930 – Era de Ouro do rádio, mas morreu na miséria, no dia 17 de abril de 1988, no Rio de Janeiro.

Hoje, data do seu falecimento, a Revista do Choro presta uma homenagem a esta que fora uma das maiores cantoras do Brasil.

Filha do famoso ventríloquo carioca João Batista de Oliveira Junior, nasceu em São Paulo, no dia 14 de junho de 1919, por exigência da avó, que era paulista e muito supersticiosa e queria que todos os netos nascessem na sua casa.

Teve vida de princesa. Estudou nos melhores colégios religiosos do Rio de Janeiro, e já aos 10 anos começou a aprender violão com o grande Patrício Teixeira, chegando a compor uma música intitulada “Tão Sozinha”. Dois anos depois passou a acompanhar a irmã Dircinha Batista em apresentações na Casa do Estudante.

Em 1936, por um atraso de Dircinha, substituiu-a, estreando como cantora no programa que Francisco Alves fazia na Rádio Cajuti, interpretando “Malandro”, de Claudionor Cruz, violonista e grande chorão. O sucesso de sua presença no palco dos estúdios da rádio foi enorme e a emissora a convidou para participar de outras apresentações.

No ano seguinte ela recebeu pela primeira vez o título de Rainha do Rádio, o qual se manteve por onze anos consecutivos.

Muito conhecida no ambiente dos cassinos, que deixaram de existir em 1946, foi crooner da orquestra de Kolman, no Cassino da Urca.

Em 1940 gravou a marcha-conga “Passei na ponte” de Ary Barroso, pela RCA Victor.

Esteve duas vezes na Argentina. Em 1941 foi a primeira. Lançou na turnê em Buenos Aires, “Tudo é Brasil”, de Vicente Paiva e Sá Róris, e o clássico “Batuque no Morro”, de Russo do Pandeiro e Sá Róris, obtendo enorme sucesso.

Com o estrondoso sucesso da turnê, neste mesmo ano ao retornar da viagem apresentou-se na Rádio Nacional (RJ).

Em 1942, Linda fez outra excursão à Argentina. Neste ano que ela fechou um contrato com a Rádio Tupi.

E seguiu com seu sucesso absoluto – o qual só era comparado ao de outra estrela internacional que o Brasil exportava, a cantora Carmen Miranda -, gravando sambas de compositores conhecidos no Rio de Janeiro durante toda a década de 1940.

 

Mas, diferentemente de Carmen Miranda, Linda optou por não gravar os sambas que cantava em inglês ou outros idiomas, privilegiando sua língua natural, o português, e isso para alguns críticos musicais da época era um ponto muito importante que marcava sua originalidade enquanto cantora naquele período. Assim como Carmen Miranda, Linda Batista também emprestou sua imagem enquanto artista, e seu carisma para as campanhas governamentais de Getúlio Vargas.

Voltando aos seus sucessos, em 1944, lançou “Clube dos Barrigudos”, de Cristóvão de Alencar e Haroldo Lobo, que explodiu durante o Carnaval.

Em 1948 gravou “Enlouqueci”, de Luís Soberano, Valdomiro Pereira e João Sales.

A década de 1950 não foi diferente para Linda Batista, que seguia fazendo sucesso interpretando sambas de compositores cariocas já consagrados. “Nega maluca”, de Fernando Lobo e Evaldo Rui, lançado no Carnaval de 1950 foi o sucesso que abriu a nova década para a cantora.

Década esta também de bastante sucesso quanto a sua atuação como cantora, e de reconhecimento e valorização a sua brilhante carreira artística. Penúltima década de atuação vigorosa, se assim podemos dizer, pois nos anos de 1960 ela começaria a se afastar aos poucos da cena musical.

Linda Batista encerraria a década de 1950 atuando na Rádio Nacional. E foi em 1959, que ao retornar ao Brasil de uma viagem à Argentina, que recebeu da UBC – União Brasileira de Compositores e da SBACEM o troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira.

A partir de 1960 lançou principalmente músicas de Carnaval, inclusive algumas de sua autoria. Com a chegada da televisão ao Brasil foi convidada a participar de alguns programas para esse veículo de comunicação, nesta década.

Seguindo a trajetória de suas companheiras Emilinha Borba, Marlene, Nora Ney e a irmã Dircinha Batista, autênticas representantes da fase áurea do rádio no Brasil, também afastou-se das atividades artísticas nos anos 60.

No cinema atuou nas clássicas comédias Alô! Alô! Carnaval, Banana da Terra, Carnaval em Marte, É Fogo na roupa!, Entrei de gaiato, Mulheres à vista, Tristezas não pagam dívidas, e Virou bagunça.

Ela passou os últimos dias de sua vida no único imóvel que ainda lhe restou de toda a fortuna que conquistou ao longo de sua carreira brilhante; um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, no qual não recebi a visita de ninguém, apenas a do amigo José Ricardo, um cantor “lado B” dos anos de 1960, que levava acalanto, alimentos, e cuidou dela e das irmãs Batista ao final de suas vidas.

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O legado deixado por Linda Batista para a música popular brasileira é incomensurável. Não podemos pensar em nenhuma cantora brasileira que após ter conhecido a voz de Linda Batista não tenha nela buscado inspiração.

A contribuição de Linda Batista à cultura brasileira foi destaque no projeto “Memórias: Velhos Nomes, Novos Talentos”, idealizado e dirigido por Dimas Oliveira Junior.

O cineasta gravou – com exclusividade para a Revista do Choro -, um podcast falando sobre o projeto “Memórias: velhos nomes, novos talentos’, e sobre a produção do curta-metragem dirigido por ele através deste projeto (pela Oficina de Artes Rosina Pagan), “Linda Batista: a estrela do Brasil”, estrelado pelaa atriz Barbara Danielli, que interpreta de forma belíssima a cantora Linda Batista.

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Além da foto da atriz Barbara Danielli, ilustram este podcast fotos inéditas da cantora Linda Batista cedidas pelo cineasta Dimas Oliveira Junior, especialmente para este conteúdo.

Ouça agora o podcast e assista ao filme em seguida!

 

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Barbara Danielli, atriz que interpreta Linda Batista no filme "Linda Batista: a Estrela do Brasil"

Barbara Danielli, atriz que interpreta Linda Batista no filme “Linda Batista: a Estrela do Brasil”

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Assista o curta Linda Batista: a Estrela do Brasil

 

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Author: imprensabr