Por Leonor Bianchi
Estou em vias de concluir a redação de uma matéria e uma série de artigos sobre Avena de Castro para a Revista do Choro. Para escrever este conteúdo, conversei muito com a biógrafa do citarista, a instrumentista e pesquisadora Beth Ernest Dias, que ano passado lançou o projeto Sábado à tarde: Avena de Castro, a cítara e o choro e em Brasília. Leia agora um trechinho dessa entrevista, que ainda esta semana será publicada na íntegra aqui na Revista do Choro (conteúdo exclusivo para assinantes. Para assinar, clique aqui).
Revista do Choro: Algum dos depoentes que você conversou para escrever o livro sobre Avena de Castro e o choro em Brasília já faleceu, além do Giovani Pasche?
Beth Ernest Dias: Infelizmente faleceram algumas pessoas, a saber: o bandolinista Coqueiro, já bastante idoso, o cavaquinista Evandro Barcellos, que foi o diretor de estúdio do CD, precoce perda, o Maestro Levino de Alcântara, fundador da Escola de Música de Brasília, a Dona Lezir, viúva do Avena e a Magda França Lopes, filha da pianista Neuza França. E, por último faleceu trágica e precocemente a Liane Uchoa, que é personagem (página 91).
Revista do Choro: Saberia dizer se a citarista filha de alemães, Inge Bolman Brums, citada no seu livro, tocava ou gravou choros?
Beth Ernest Dias: Não, ela só gravou um LP: Sossego da Alma, era amadora e não tocava choro.
Revista do Choro: Existe outro citarista na história do choro? Quem?
Beth Ernest Dias: Não existiu até agora nenhum outro. Há uma citarista alemã, Gertrud Huber, com quem tenho contato, que ficou conhecendo choro. Ela veio a Brasília em 2015 e tocamos juntas duas peças do Avena. Mas por enquanto é só.
Revista do Choro: Como Avena faleceu?
Beth Ernest Dias: Ele sofria de enfisema pulmonar num estágio muito avançado, pois era fumante inveterado. Estava hospitalizado e num ataque de falta de ar, ele se jogou pela janela do quarto do hospital. Não foi suicídio como muitos pensam. Pesquisei muito sobre isso.
Revista do Choro: Com quem ficou e com quem está a cítara de Avena de Castro?
Beth Ernest Dias: Com a família
Revista do Choro: E o acervo de Avena, está com sua família? Que família; netos, sobrinhos? Quem? Só pra citar, se eu for citar isso em algum momento).
Beth Ernest Dias: A guardiã é a filha, Heizir de Castro, professora de biologia na USP.
Revista do Choro: Há interesse da família de Avena de que esse material dele vá para algum centro cultural onde possa ser visto e conhecido por um maior número de pessoas e assim, difundir a obra de Avena de Castro?
Beth Ernest Dias: Creio que haja interesse, mas até agora nenhum centro desse tipo teve iniciativa.
Revista do Choro: No álbum de partituras, no texto de abertura, é dito que Avena compôs uma centena de choros, entre 1968 e 1981. Você saberia dizer o número exato?
Beth Ernest Dias: O número exato não sei porque algumas dessas composições estão espalhadas, mas cataloguei tudo a que tive acesso, 123 choros e duas marchas-rancho
Revista do Choro: Avena gravou quantos discos?
Beth Ernest Dias: 24 em 78rpm e 9 LPs.
Revista do Choro: Quem é Severino Francisco, que escreve um dos textos do livro?
Beth Ernest Dias: Ele é jornalista aqui em Brasília com vasta experiência na cobertura da cena cultural, escreveu um livro sobre 50 anos de música em Brasília – “DA POEIRA À ELETRICIDADE”
Revista do Choro: Gostaria de comentar sobre os croquis que ilustram o livro?
Beth Ernest Dias: Os que ilustram a abertura dos capítulos são criação de Renata Fontenelle, designer gráfica de todo o projeto ‘Sábado à tarde’. Eu adoro esses croquis! Os do Lúcio Costa são famosos e maravilhosos!