Pensadores do Choro: Um breve relato do choro no Pará: Adamor, chorões e amigos


No domingo 24 de janeiro de 2016, a Revista do Choro começou a publicar o livro Pensadores do Choro na íntegra para seus assinantes. A cada domingo um novo capítulo vem sendo publicado desde então. Após publicarmos o artigo Tudo Culpa do Choro, do autor Sergio Aires, contemplado pelo prêmio literário promovido pela Revista do Choro e e-ditora] (www.portaldaeditora.com.br), em 2014, estamos publicando o texto de Vanessa Trópico vencedor do edital: O choro marajoara de Adamor do Bandolim e um breve relato da história do choro no Pará. Leia hoje o oitavo capítulo do texto de Vanessa Trópico. 

Boa leitura!

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Gilson Rodrigues (cavaquinho), Catiá (violão), Adamor do Bandolim, Gereco (centro), Birtan Porto (bandolim), Gerardão (violão de 7 cordas) e Cardosinho (violão). Arte de Biratan Porto. [Acervo Biratan Porto]

Do que se tem registro, a história do choro neste estado começou por volta de 1938. Além dos regionais que tocavam nas rádios PRC-5 e Marajoara, havia um conjunto formado por alunos do colégio Paes de Carvalho, conforme nos mostra a pesquisadora Maria José em seu artigo O Choro em Belém do Pará – Sonoridade regional de um gênero musical brasileiro. O conjunto ‘Bando de Estrelas’ era formado por Edyr Proença, Newton Paranhos, Herald Moraes, Paulo César Paranhos, Sidônio Figueiredo, Laureano Corrêa e Delival Nobre. Esses são considerados por Adamor do Bandolim como a primeira geração de chorões da cidade.

Segundo Carlinhos Gutierrez, esses músicos tocavam choro na Praça do Pescador. Mesmo depois de mais de 40 anos, a escola Paes de Carvalho ainda tinha a tradição de fazer festivais de música, onde Carlinhos Gutierrez chegou a participar.

Maria José Moraes, em seu texto, lembra que o Pará foi contemplado com projetos para a divulgação da música popular, não só com apresentações artísticas, mas publicações literárias, lançando, na época, novos nomes. Um desses projetos foi o lendário ‘Projeto Pixinguinha’. As apresentações não aconteciam apenas nas capitais, mas também nos interiores. Por conta deste projeto houve muitos outros de âmbito regional, como o projeto Jaime Ovalle, realizado no período de 23 a 27 de junho de 1980, no Teatro da Paz, tendo como objetivo, incentivar e apoiar os músicos e compositores e sua profissionalização. O projeto Jayme Ovalle não teve o sucesso esperado, não alcançou seus objetivos, mas deixou de herança um grupo de músicos dedicados a tocar choro na cidade, o Gente de Choro.

Em 1963, Adamor passa a trabalhar nos Correios como Agente Postal, em Anajás, na Ilha do Marajó, tendo em vista que ninguém queria ir para aquela região, pois não havia nem telefone nem navio. Nosso Chorão por ser nativo da região sabia todos os barcos que percorriam os municípios que formam o arquipélago do Marajó e trazia as malas dos Correios para Belém, e vice e versa. Ao chegar em Belém, colocava as malas com destino para Marajó no táxi, para guardar na casa de um tio que morava próximo aos Correios, pegava o seu dinheiro e ficava um mês na cidade antes de retornar para Marajó. Foi na capital paraense que comprou um instrumento novo e discos de choro e de forró. Quando retornava a Anajás, dedicava-se a ouvir e memorizar as músicas e os choros desses discos.

Foi nesse tempo, em que fazia essas viagens a trabalho, Belém – Anajás, que Adamor entrou para o circuito do choro em Belém. Gersino Pacheco, aquele bandolinista de Macapá que ao se apresentar no programa da rádio ‘Alô, Brotos’, encorajou Adamor a participar do concurso de calouros, já estava tocando em Belém, e foi por meio dele que conheceu os chorões da época por aqui. Adamor tem um imenso repertório dessa época. De estudos, pouco sabe os nomes e compositores dos choros que estudava, pois os discos lhe foram roubados, só não de sua memória.

No início da década de 1980, aproximadamente em 1982, surgiu no cenário do choro da cidade um grupo que se destacaria pela qualidade de seus músicos e repertório mais elaborado. O Corta Jaca surgiu das reuniões que o flautista Yuri Guedelha fazia em sua casa. Também tocavam em festas onde eram convidados de forma ainda não profissional. O grupo era composto pelos jovens Paulo Moura, Didica, Bochecha, Dedé, Salomão Habib, Júnior Bambu e Nelsinho. A segunda formação, quando já atuavam profissionalmente, tinha Bochecha no cavaquinho, Josimar Monteiro no violão de sete cordas, Mourinho Sete Cordas, Augusto Meireles no violão de seis cordas, Emilio Meninéa no pandeiro, Muka no surdo, Yuri na flauta e Alfredo da Costa Coroa no bandolim. Este, após algum tempo foi substituído por Luiz Pardal, criador dos novos arranjos do grupo. Conforme nos relatou em entrevista, Bochecha afirma que foi a formação mais forte até então do grupo, com um repertório difícil que incluía o choro ‘Jubileu’, ‘As Bachianas’, o ‘Tema da Quinta Sinfonia’, até músicas dos ‘The Beatles’ em ritmo de choro. Como considera Mestre Bochecha:

“- Foi uma nova escola porque até então eu não sabia fazer redução de acordes usando a sétima e a nona”.

A Seresta do Carmo foi um projeto de valorização do centro histórico da cidade, promovido pela prefeitura de Belém. Neste evento, o Corta Jaca era o grupo oficial, como relata Maria José de Moraes no livro Trilhas da Música, que acrescenta ainda, que o grupo teve grande sucesso de público e mídia. Para Adamor do Bandolim, foi o melhor trabalho de choro até então feito no Pará.

Em 1979, no dia 6 de setembro, data que hoje, por iniciativa de Adamor do Bandolim, marca o Dia Estadual do Choro em Belém do Pará, fora inaugurado na cidade, no bairro do Jurunas, a Casa do Choro, comandada por Aldemir Ferreira da Silva. Nessa época, nosso Mestre do Choro já era conhecido e tocava com Aldemir pela cidade, tendo ingressado no grupo de choro Gente de Choro, o mais antigo da localidade, onde Adamor era o segundo solista ao lado do amigo Gersino Pacheco. O trabalho nos Correios obrigava-o a se ausentar, e quando estava na cidade, dividia o solo com o companheiro de grupo, até que se transfere para Belém e passa a viver constantemente na cidade. Com o falecimento de Aldemir, em 1983, o grupo Gente de Choro se dispersa sem necessariamente se desfazer, pois os encontros dos chorões foi transferido para a casa do cavaquinista do grupo, Gilson Rodrigues.

Em 1987 é inaugurado um novo espaço: a Casa do Gilson, também conhecida na cidade como Bar do Gilson e pelos chorões, carinhosamente chamada de ‘quartel general do choro’. Local que abriga até hoje os chorões da cidade.

O gênero choro neste estado é mantido pela força e colaboração de músicos de qualidade e generosidade, que por mais que eu me esforçasse em tentar medir, não seria possível. São eles: Gerardão, o primeiro sete cordas do Pará; Alcides Freitas, o Catiá, violonista solista; Biratan Porto, bandolinista, compositor e cartunista, responsável pelos mais belos registros em ilustrações expostos na Casa do Gilson (se você já foi figura de suas obras, pode considerar-se  uma “celebridade do Choro”); Paulo Moura, responsável pelo projeto Choro do Pará, músico e compositor dono de uma técnica musical impressionante ao violão de sete cordas.

Carlos Alberto Meireles, o Mestre Bochecha, músico brilhante, teve formação musical em clarinete, porém domina o violão de sete cordas e a técnica do centro do cavaco no acompanhamento de choro como poucos no Brasil. Ainda muito jovem já sabia acompanhar todos os choros do disco Vibrações, de Jacob do bandolim, o que lhe valeu tocar na Casa do Choro, de Aldemir, e com Gercino Pacheco, bandolinista. Mestre Bochecha tem um vasto conhecimento e repertório musical. É responsável pelo naipe de cavaquinhos da Orquestra de Choro do Pará, companheiro fiel do Mestre Adamor do Bandolim e domina como poucos todo repertório deste compositor.

Paulo Borges é um flautista que possuí expressão musical e uma interpretação do choro neste instrumento ainda não vista igual no Pará.

Cardosinho, o violonista de seis cordas generoso como os outros, acompanha quem é veterano no choro ou iniciante e domina os mais belos bordões do gênero.

Emilio Meninéa é percursionista e produtor do grupo Gente de Choro.        Marcelinho Ramos tem no improviso a alma do choro na ponta dos dedos. Toca vários instrumentos, mas destaca-se no bandolim.

Carlinhos Gutierrez, professor universitário e violonista sete cordas, tem uma das características mais belas de um chorão: a generosidade de passar seu conhecimento sobre o gênero adiante. Gosta de tocar junto, é um incentivador dos iniciantes e músico que domina um dos os mais belos repertórios clássicos do choro.

Diego Leite, maestro responsável pelos violões e regência da Orquestra de Choro do Pará é o mais novo talento em forma de virtuosidade nos violões seis e sete cordas.

Claude Lago, maestro dos sopros no projeto Choro do Pará e editor das partituras das obras de Adamor do Bandolim, faz um belo trabalho sempre com muita competência e organização. É um saxofonista com enorme desempenho e repertório devidamente decorado.

Muitos são os músicos que se esforçam pela preservação do gênero, foge-me a competência de classificá-los neste momento.

Nosso Chorão também passou, ao transcorrer de sua carreira musical, por grupos de samba da cidade, como o Novo Som, Sol Nascente, Oficina, e Manga Verde, este último de maior expressão na história dos grupos de samba da região, e no folclórico grupo Urubu do Ver-o-Peso. Foi nessa época de sua vida, que ele adotou o nome artístico de ‘Adamor do Bandolim’. Como o instrumento não era muito conhecido no samba, na passagem do som chamavam seu instrumento por outro nome, como ele mesmo conta:

“- Diziam assim: – Olha, falta plugar o cavaquinho, ou banjo do Adamor. E eu falava: – Rapaz, isto é um bandolim! Para não ter mais esse problema, atrelei o instrumento ao meu nome, mas longe de mim querer ser comparado a Jacob; essas coisas não passavam pela minha cabeça”.

Desta convivência com os sambistas Alcyr Guimarães e Davi Miguel Santos nasceu uma bela composição intitulada Pérolas aos Porcos. Segundo Alcyr, o processo de criação foi inspirado em um episódio ocorrido na porta da escola de samba Império do Samba Quem São Eles, que acabou virando um samba lindo, quase chorado. Logo que foi proposta a ideia de fazê-lo, Adamor do Bandolim abraçou o seu instrumento e encarregou-se de criar a bela introdução instrumental e os arranjos. Alcyr e Davi Miguel fizeram o restante. Como o próprio Alcyr diz, parafraseando Chico Buarque: “Parceria não tem porcentagem”. O amigo e produtor musical do disco Chora Marajó escreveu as seguintes palavras para o encarte do vinil, em 1992:

Ah, meu querido compadre! Se você soubesse que por trás desta figura doce existisse um único ato agressivo, que é a velocidade dos dedos no buscar das notas tão mágicas e tão lógicas do seu bandolim. Se você concordasse, que este teu sentimento tão leve também é capaz de construir pesadas harmonias, frutos da criação que a você como um dom foi cedido. E, finalmente, se dentro da sua grandeza no ser, no tocar e no compor houvesse porventura algo de vaidoso, tão normal nos seres humanos, não seria você, tão humilde como foi e é”.

O Lançamento do disco de Amilar Brenha, em Macapá, no ano de 1986, fez com que Adamor se determinasse a fazer um disco seu. Segundo ele, suas composições nesta época já estavam fluindo e ele cuidava em registrar em um gravadorzinho. Em fitas que ele guarda até hoje já estava registrada sua principal obra: Chora Marajó. Adamor nos conta que no momento decidiu apenas fazer um registro de suas composições. Mestre Adamor não imaginava que seria uma referência do gênero em seu estado. Aí começou o seu calvário… Sem qualquer recurso, sem fazer ideia de como e quanto custaria, buscou o amigo, na época Deputado Estadual, Gervasio Bandeira, que o aconselhou a ir nas gravadoras e se informar quanto aos valores necessários para a gravação do vinil. Adamor percorreu as três maiores gravadoras da época em Belém: RJ, Gravo Disco e Gravasom. Em média, cada gravadora pediu quatrocentos cruzeiros por hora pelo aluguel do estúdio para gravar seu disco. Adamor precisaria de 150 horas…  Era muito dinheiro e o amigo pediu que ele procurasse outra alternativa. Nosso Chorão lembrou de outro amigo que ele chama de Ribeiro e trabalhava no Studio C. Produções de Fonogramas, da família Proença no edifício Palácio dos Rádios, no bairro da Campinas, em Belém, porém, o estúdio só tinha quatro canais. Era um estúdio para gravar comerciais! Adamor disse:

“- Se grava som, então dá para registrar o meu trabalho!”.

Até que o amigo Edgar Augusto Proença aceitou que o trabalho fosse feito por apenas vinte e três cruzeiros por hora… tornando possível o sonho de Adamor de entrar em estúdio. Ele conta que deu seu jeito e arrumou o dinheiro. Fez noitadas de choro e samba nas casas noturnas, mas só podia gravar uma hora, de 15 em 15 dias.

Alcyr Guimarães afirma que o disco Chora Marajó é a prova de que Deus gosta de música e de que ele ilumina aqueles que tentam, pois era um disco denso por ele foram responsáveis muitos músicos.

“- Gravamos em paz. Isso marcou muito a minha vida. Esse trabalho tem um significado muito grande para mim”, afirma o amigo e produtor musical, que estendeu a mão carinhosa e esteve sempre presente na vida do chorão. Ele gravou nove dos dez discos de Alcyr. Mesmo que não fosse samba, sempre houve um espaço para o talento de Adamor. O amor de amigo rompeu por vezes as questões musicais para o íntimo das necessidades do compositor, que lhe chama carinhosamente de ‘compadre’.

Depois de dois anos e meio, Adamor terminou de gravar e mixar. A edição foi feita por meio de corte e emendas com fita crepe. Só foi possível ir para prensagem porque o músico e amigo Eduardo Dias o chamou para gravar em um selo e o cachê alto pagou os cinqüenta por cento. Agora faltava a outra parte para que o disco chegasse a Belém. Embora nosso chorista tivesse uma promessa de receber esse dinheiro do município de Breves, no Marajó, o prazo era curto demais, e foi o amigo Gilson Rodrigues que lhe emprestou o valor em cheque. Adamor ficou tão nervoso, que entrou no banco errado. Ao chegar ao banco certo, já estava fechado e, de tanto bater na porta, o segurança abriu. Foi neste momento, que Adamor colocou o pé na porta para que ele não mais a fechasse e travou uma luta com o funcionário do banco, até que o gerente veio e Adamor clamou:

“- Por favor, isso aqui é a minha vida! Eu só quero depositar esse cheque nessa conta”.

Assim foi feito e o disco chegou.  Alívio? Ainda não… Faltavam o encarte e a capa. Foram noites e noites de shows em bares para que fosse possível ter o disco finalmente em suas mãos.

A odisseia começou em 1986, quando ele decidiu que registraria seu trabalho idealizando a criação do vinil. Em 1989, ele entrou no estúdio para gravar um disco que seria lançado em 17 de maio em 1993. Foram sete anos para conseguir ter seu disco independente de choro gravado. Ele lembra que as portas se fechavam, mas ele nunca desistiu.

Chora Marajó é um pouco e muito de tudo por ser o primeiro de sua discografia. Embora o próprio Adamor acredite não ser tão técnico como gostaria, nesta obra é possível notar toda a virtuosidade do Mestre do Bandolim do Pará e de seus virtuosos amigos músicos. O disco contou com Gilson Rodrigues (cavaquinho), Josimar Monteiro (violões de seis e sete cordas), Iury Guedelha (flauta), Emílio Meninéa (percussão) e com as vozes de Alcyr Guimarães e Nazinha.

Nessa época, Adamor estava em seu primeiro casamento, com Zélia Guimarães Ribeiro, com quem teve sete filhos; as sete notas musicais do Mestre do Bandolim: Helenice, Gisele, Elen Nívea, Evandro, Helder, Gilvandro e Osvaldino Neto.

Em entrevista para a produção deste texto, a filha de Adamor, Elen Nívea, conta que viveu com o pai e o músico ao mesmo tempo. Com ele superou as dificuldades que o Mestre do Choro passou com a família sem nunca perder o sorriso farto que todos os filhos herdaram. Um dia, a casa no bairro da Pedreira, em Belém, alagou e Adamor teve apenas a preocupação de não deixar os filhos tristes ou desesperados… De cima da cama, disse para a filha Nívea:

“- Olha, minha filha, os peixes todos bestas morrendo afogados e a gente no bem bom em cima da cama!”

“- Ele sorria, como eu poderia chorar?”, lembra sua filha.

O bom humor e amor aos filhos faziam com que ele emprestasse seu sorriso a qualquer situação. Pai zeloso, educou pelo exemplo. Participativo, Nívea conta, que ele sempre buscou ajudar da maneira dele até nos deveres de casa. Ela também nos conta que logo no início, quando a Casa do Gilson ainda era um espaço pequeno para reunião dos chorões, Adamor já tinha conquistado seu prestígio de talentoso bandolinista e, de certa forma, existia a expectativa de que os filhos também fossem músicos, entretanto, estes não tiveram a oportunidade de tocar ou de ser iniciados musicalmente. Enquanto Adamor teve o velho banjo para tirar as primeiras notas, nas lembranças de infância, Nívea conta que o instrumento do pai ficava pendurado no mais alto prego da casa, envolvido na capa artesanal de flanela azul clara de seu bandolim. O instrumento caro e não muito popular criava grande curiosidade nos sete filhos, porém ficava bem distante de suas mãos. A boa música que era tocada em casa deixou nos filhos bom gosto que nunca se perdeu.

Todos os filhos de Adamor possuem nível superior, só dois se dedicaram ao choro. Helder é jornalista e fotógrafo, toca violão, não profissionalmente, mas chegou a participar de oficinas do choro; Nívea é professora e, percussionista na Orquestra de Choro do Pará também pandeirista no grupo Choro Caboclo. Com o destaque do pai em grupos da cidade, sua vaidade foi lá em cima. Ela diz que naquele momento ela e os seis irmãos viraram ‘os filhos do Adamor do Bandolim’. Ali, algo tinha mudado.

“- Aprendi a gostar de choro, mas não nasci pronta como ele, que tem um dom. Acredito que eu possa ter habilidades. Nós resolvemos estudar e mudar o panorama em que vivíamos. Nunca passamos fome, mas sim a necessidade de querer algo e não ter. Hoje, me orgulho imensamente dele. Sou mãe de dois filhos Maria Cecília e João Pedro, me preocupo tanto… Como eram os dias do pai de sete filhos? A música gerava recursos para a família. Entrava dinheiro da música do papai? Entrava! Ou não! Porque ele tocava por paixão!”, conta a filha de Adamor do Bandolim.

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Author: imprensabr