OS CHOROS DE HEITOR VILLA-LOBOS E A SEMANA DE ARTE MODERNA


Leonor Bianchi

Muita gente não faz ideia de que o pianista Heitor Villa Lobos foi o único compositor brasileiro presente na Semana de Arte Moderna de 1922. Foi nesta ocasião que o artista fez sua estreia oficial.

Sua música era muito moderna, inovadora e chocou o público, que vaiou o gênio. No entanto, esse momento foi de grande importância na trajetória do músico, que acabou alçando carreira internacional.

Entre seus trabalhos famosos estão Trenzinho do Caipira,  Melodia Sentimental, as Bachianas Brasileiras e os Choros de Câmera.

Segundo pesquisadores e estudiosos, boa parte da obra de Villa Lobos traduz para a área da música os intentos da produção modernista apresentada pela Semana. Para estes a fase ‘moderna’ do compositor foi a mais original de toda a sua produção musical. Nesta fase, Vila Lobos conseguiu teve o influências de muitos gêneros, estilos e extraiu desses contrastes uma interessante mescla que partia da modernidade, mas dialogava com a tradição folclórico-popular brasileira.

Os choros de Vila Lobos

Dentre os gêneros nos quais Villa Lobos trabalhou destaca-se sua relação com um em especial: o Choro. Componente forte da cultura popular do Rio de Janeiro, o ritmo era muito tocado nas ruas, bares e lugares públicos, e simplesmente fascinava o autor. Foi para participar dos grupos de choro que ele aprende a tocar violão ainda na juventude.

Assim, a maior contribuição do artista à música nacional foi sua série de Choros que, no entanto, destoavam muito do tradicional ‘chorinho carioca’. Eram 14 obras que foram escritas entre 1920 e 1928 e que, segundo o maestro Marlos Nobre, são ‘monumentais, imbuídas de uma complexidade ímpar, exigência instrumental, invenção, arrojo técnico e liberdade no tratamento orquestral’.

Considerada por muitos estudiosos a série mais impactante, experimental, e atravessada pelo nacionalismo do autor, os choros possuem em seu trabalho de composição influências diversas. Algumas delas são ameríndias, rurais e regionais; o choro n 3, por exemplo, incorpora traços da melodia indígena Nozaniná.

Assim, Villa Lobos criou um novo gênero e abriu caminho para múltiplas possibilidades, novos campos de pesquisa, atuação e criação musical. Tudo isso é feito com um toque especial que une nacionalismo e modernismo sempre a partir da perspectiva do autor.

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Author: imprensabr