OS 50 ANOS DO SARAU DE PAULINHO DA VIOLA E DO ‘RENASCIMENTO’ DO CHORO


Leonor Bianchi

O cenário político e social no Brasil era tenso quando Paulinho da Viola e o jornalista Sérgio Cabral produziram o inesquecível espetáculo musical Sarau. O ano era 1973 e os militares comandavam o país em plena ditadura. Foi neste ambiente, mas também num florescer do movimento contracultura no Brasil, que vinha se afirmando desde os anos de 1960, que o Teatro da Lagoa foi palco de um dos mais importantes dias da música brasileira. Sem saber eles estariam estabelecendo ali um marco fundador para uma nova fase para o choro, pelo menos no Rio de Janeiro.

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Na grande festa que fora o Sarau, brilhou ao subir no palco pela primeira vez, desde a despedida de Jacob do Bandolim, o regional por ele criado; o Conjunto Época de Ouro. Nessa noite, os músicos Déo Rian, substituto natural de Jacob, Jonas Pereira da Silva (cavaquinho), Dino Sete Cordas (Horondino Silva), Damásio (violão de seis), no lugar de Carlinhos Leite, César Faria (violão de seis) e Jorginho Silva (pandeiro) retomaram o trabalho que não parou mais desde então.

Há exatos 50 anos, no dia 16 de outubro de 1973, eu ainda demoraria dois anos para vir a este mundo, foi encenado pela primeira vez o Sarau. Que rendeu muitos frutos. Paulinho da Viola seguiu pelos próximos 20 anos levando a bandeira do choro como um devoto segura uma vela por quilômetros numa procissão. Gravou especial para a Globo dirigido pelo maior diretor dos anos 70 e 80, Daniel Filho; em 1976 levou o espetáculo Sarau para Brasília, depois para outras grandes capitais do país; dedicou o projeto memórias – Chorando e Cantando, com dois Lps dedicados ao choro. Discretamente, Paulinho foi seguindo pelos mares do samba e do choro, e hoje, do alto dos seus 80 anos de idade e de um período de cura após ser acometido por uma rápida situação que exigiu um pouco mais de atenção à saúde, segue sendo um exemplo de comportamento artístico e de comprometimento com o choro. Todos os chorões agradecem a você por este Sarau, que até hoje ecoa em nossos ouvidos e corações a cada vez que um chorinho é tocado.

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Author: imprensabr