Leonor Bianchi
Quem ainda não leu o livro O choro nos anos de chumbo, pesquisa minha que saiu assinada com o pseudônimo de Giovani Salvador, não conhece minha pesquisa sobre o choro durante a ditadura militar. Depois desse primeiro livro, que até de editora mudou, mas já voltou para a Flor Amorosa, segui lendo sobre o cenário sócio-cultural no Brasil, nesse período, para entender melhor como funcionava nossa indústria de entretenimento, e como o choro aparecia e se colocava nesse ambiente.
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150 mil cópias com um disco de choro, samba e MPB no ano do AI-5
Um momento especial e de esperança, se assim podemos dizer, do choro, do samba e da música popular brasileira, durante a ditadura militar, foi, indubitavelmente, o espetáculo de Elizeth Cardoso com Zimbo Trio e Jacob do Bandolim e o Época de Ouro, no Teatro João Caetano (RJ), gravado em disco pelo selo do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, em 1968, auge do governo militar, com o Marechal Costa e Silva no comando do país e a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que concedeu maiores poderes ao Presidente, tornando a ditadura ainda mais severa contra os cidadãos civis.
O projeto, ou seja, esse show da Elizeth com o Zimbo Trio e Jacob com o Época de Ouro, foi, por muitos anos, a sustentação do orçamento do Museu da Imagem e do Som (RJ), segundo seu diretor, na época, o pesquisador de música popular brasileira, Ricardo Cravo Albin.
Em entrevista a um programa sobre a música brasileira na ditadura, concedida à Rádio Cultura, ele contou que Jacob do Bandolim não queria gravar o disco a não ser que a RCA, gravadora dele na época – a da Elizeth era a Copacabana -, fizesse mais cinco mil cópias além das 20 mil que estavam programadas; o que foi feito. Só que o disco não vendeu 20 mil cópias; foi um sucesso extraordinário e vendeu 150 mil cópias, entre 1969 e 1970.
Jonas Pereira da Silva (cavaquinho), Benedito César Faria (violão de 6 cordas), Carlinhos Leite (violão de 6), Dino 7 Cordas e Jacob do Bandolim. Consolidado, com esta formação, em 1968 o Época de Ouro se apresenta ao lado de Eliseth Cardoso em um espetáculo promovido pelo Museu da Imagem e do Som (MIS/ RJ), por conta de sua despedida do Brasil, antes de a cantora partir para uma turnê de dois meses no Japão, o que acabou não acontecendo.
Aplaudidos durante 15 minutos por um público de aproximadamente 1.500 pessoas, no Teatro João Caetano, o conjunto de Jacob escrevia mais uma página importante de sua história naquela noite.
O show chegou a ser comparado pela imprensa, na época, com os concertos de Edith Piaf no Carnegie Hall, e ficou eternizado em três LPs (volumes 1, 2 e 3) lançados pelo MIS: Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Zimbo Trio com participação especial do Conjunto Época de Ouro.
Disco 1
1 | Ponteio (Edu Lobo/Capinan) Intérpretes: Zimbo Trio |
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2 | Pot-pourri ”Suite Elizetheana”: (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Zimbo Trio Canção de Amor (Chocolate/Elano de Paula) Intérpretes: Zimbo Trio Nossos Momentos (Luiz Reis/Haroldo Barbosa) Intérpretes: Zimbo Trio Apelo (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Zimbo Trio Consolação (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Zimbo Trio |
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3 | Cidade Vazia (Baden Powell/Lula Freire) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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4 | Derradeira Primavera (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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5 | Ginga Muxique (Maurício Tapajós/Hermínio Bello de Carvalho) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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6 | Nossos Momentos (Luiz Reis/Haroldo Barbosa) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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7 | É Luxo Só (Ary Barroso/Luis Peixoto) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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8 | Canção do Sal (Milton Nascimento) Intérpretes: Zimbo Trio |
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9 | Nós E O Mar (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli) Intérpretes: Zimbo Trio |
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10 | Mundo Melhor (Pixinguinha/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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11 | Estrada Branca (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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12 | Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth CardosoA Capela |
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13 | Canção do Amor Demais (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth CardosoA Capela |
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14 | Tem Dó (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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15 | Murmurando (Fon-Fon/Mário Rossi) Intérpretes: Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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16 | Noites Cariocas (Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho) Intérpretes: Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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17 | Texto Jacob Sobre Descoberta De Elizeth Em 1936 (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Depoimento |
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18 | Mulata Assanhada (Ataulfo Alves) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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19 | Texto Elizeth, Inconfidências Sobre Jacob (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Depoimento |
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20 | Inocência (Jacob do Bandolim/Luis Bittencourt) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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21 | Foi Numa Festa (Jacob do Bandolim) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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22 | Jamais (Jacob do Bandolim/Luis Bittencourt) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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23 | Feitio de Oração (Noel Rosa/Vadico) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
Disco 2
24 | Feitiço da Vila (Noel Rosa/Vadico) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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25 | Meiga Presença (Paulo Valdez/Otávio de Morais) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim“Jacob do Bandolim (Violão) c/ Fala de ambos “ |
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26 | Barracão (Luiz Antônio/Oldemar Magalhães) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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27 | Texto Elizeth, Que Apresenta Seus Músicos (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Depoimento |
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28 | Chão de Estrelas (Sílvio Caldas/Orestes Barbosa) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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29 | Lamento (Pixinguinha/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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30 | Pot-pourri ”Seleção Do Musical ”rosa De Ouro”: (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro Vou Partir (Nelson Cavaquinho/Jair do Cavaquinho) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro Água do Rio (Noel Rosa de Oliveira/Anescarzinho do Salgueiro) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro Malvadeza Durão (Zé Keti) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro Rosa de Ouro (Élton Medeiros/Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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31 | Tempo Feliz (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Zimbo Trio/Conjunto Época de Ouro |
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32 | Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Jacob do Bandolim/Zimbo Trio |
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33 | Texto De Jacob (Ainda Sem Compositor) Intérpretes: Depoimento |
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34 | Canção de Amor (Chocolate/Elano de Paula) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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35 | Apelo (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Zimbo Trio |
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36 | Carolina (Chico Buarque) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Zimbo Trio |
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37 | Até Amanhã (Noel Rosa) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Zimbo Trio |
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38 | Carinhoso (Pixinguinha/João de Barro) Intérpretes: Elizeth Cardoso/Jacob do Bandolim/Conjunto Época de Ouro |
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39 | Está Chegando A Hora (Tradicional/Adpt. Henricão/Adpt. Rubens Campos) Intérpretes: DepoimentoPúblico agradece cantando para o elenco |
O raro volume 3
O volume três dos discos extraídos dessa noite é um exemplar raríssimo hoje em dia. Lançado nove anos depois, em 1977, depois da morte de Jacob, traz ‘Ginga Muxique’, uma versão de ‘Lamento’, e depoimentos de Elizeth Cardoso e Jacob Do Bandolim.
Elizeth não queria cantar ‘Carinhoso’
Dentre as tantas histórias desse show, uma delas é a de que Elizeth não queria cantar a música ‘Carinhoso’, de Pixinguinha, com letra de João de Barro (Braguinha). Foi Jacob, que contrariando a vontade da cantora, fez a introdução da melodia, deixando-a de saia justa em cima do palco, e aí ela não teve como não cantar.
Elizeth disse a Jacob que não sabia o tom e por isso não a cantaria, mas era mentira; a verdade é que ela estava ‘meio’ cansada de executar a música em todas as apresentações que fazia, de tanto que pediam para ela cantar ‘Carinhoso’. Mas nesse dia ela novamente cantou, como você pode ouvir na gravação a seguir, deixando eternizada em sua voz uma das gravações mais clássicas para uma das músicas mais populares do cancioneiro brasileiro:
Recorte biográfico
“Elizette Moreira Cardoso nasceu em 16 de julho de 1920 no Rio de Janeiro. Seu pai, fiscal da prefeitura, tocava violão, e sua mãe gostava de cantar. Na infância, morou na região da praça Onze, onde frequentou a casa de Tia Ciata, local em que teria nascido o samba carioca, e estreou como cantora aos cinco anos, na sede da Sociedade Familiar Dançante e Carnavalesca Kananga do Japão, como madrinha de uma festa em homenagem a são Jorge.
Aos 14 anos, passou a frequentar, com o tio, reuniões nas casas de músicos importantes, como Pixinguinha. Alguns desses artistas estavam presentes em seu aniversário de 16 anos. Incentivada pelo tio, Elizeth cantou várias músicas, acompanhada pelo conjunto Jacob e sua Gente. Ao ouvi-la, Jacob do Bandolim disse que iria levá-la para a Rádio Guanabara. Depois de vencer a resistência do pai, estreou no Programa Suburbano, apresentado por Xavier de Souza e Cristóvão de Alencar. Não impressionou, mas passou a se apresentar semanalmente na emissora.
Sua carreira demorou para deslanchar. Passou por várias emissoras de rádio e se apresentou em alguns clubes noturnos. Em 1940, trabalhava no Dancing Avenida como taxi-girl, dançarina que acompanhava os frequentadores. Conseguiu um teste para cantar com a orquestra do clube, dirigida pelo maestro Dedé, e foi aprovada. A jovem cantora passou a chamar a atenção e a conquistar fãs com um repertório formado por muitos sambas, boleros, tangos argentinos e uma ou outra música norte-americana.
No início de 1950, graças a Ataulfo Alves, conseguiu gravar seu primeiro disco, pelo selo Star, com os sambas Braços vazios (Acir Alves e Edgard G. Alves) e Mensageiro da saudade (Ataulfo Alves). Em julho, Elizeth gravou o 78 rpm que a lançaria ao estrelato, com Complexo (Wilson Batista e Magno Oliveira) e Canção de amor (Chocolate [Lourival Silva] e Elano de Paula). Lançado em outubro, fez sucesso principalmente por causa de Canção de amor, samba-canção que se tornaria uma das marcas registradas da cantora. Em 1953, Elizeth estreou no espetáculo Feitiço da Vila, de Paulo Soledade e Carlos Machado, em homenagem a Noel Rosa. Sucesso de público e crítica, catapultou Elizeth para a fama.
Em 1955, lançou o lp Canções à meia-luz com Elizete Cardoso, com arranjos de Antonio Carlos Jobim e Radamés Gnattali. Foi o primeiro de uma extensa discografia – foram mais de 40 álbuns, fora os 50 discos de 78 rpm gravados entre 1950 e 1963 e os mais de 20 compactos simples e duplos lançados nas décadas de 1960 e 1970.
Começou 1957 cantando nas boates Clube 36 (Copacabana) e Oásis (São Paulo). Foi por causa dos shows nesta última que ganhou o apelido de Divina. Haroldo Costa substituía Sérgio Porto na seção que este escrevia para a Última Hora sob o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Foi ele quem escreveu que um grupo apareceu na boate com uma faixa onde se lia “Elizeth, a Divina”. O apelido pegou.
Quem também reivindicava a criação do apelido era Vinicius de Moraes, que a convidou para participar de um LP do selo Festa apenas com parcerias dele com Tom Jobim. Lançado em agosto de 1958, Canção do amor demais trazia, pela primeira vez em disco, o registro do violão do baiano João Gilberto, em duas faixas que são consideradas o marco inicial da bossa nova: Chega de saudade (Tom e Vinicius) e Outra vez (Tom Jobim).
Em 1964, aceitou o desafio do maestro Diogo Pacheco e interpretou as Bachianas brasileiras n. 5, de Heitor Villa-Lobos, em apresentações marcantes no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo. No ano seguinte, lançou Elizete sobe o morro, uma obra-prima com composições de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho do Salgueiro.
Em 1968, foi a estrela de um show histórico para arrecadar fundos para o recém-criado Museu da Imagem e do Som. No palco do Teatro João Caetano, apresentou-se com Jacob do Bandolim, o conjunto Época de Ouro e o Zimbo Trio, com roteiro e direção-geral de Hermínio Bello de Carvalho. Os melhores momentos do espetáculo foram reunidos em um LP duplo. O Zimbo Trio a acompanharia em outros shows e discos ao longo de sua carreira.
Na década de 1970, seguiu a rotina de apresentações, lançamentos de discos e viagens internacionais, como a que fez em 1977 para o Japão, onde se apresentou em um espetáculo para 4.500 pessoas, eternizado no álbum Live in Japan.
Aclamada Rainha Eterna do Cordão da Bola Preta e madrinha da Banda de Ipanema, desfilou também por diversas escolas de samba – Portela, sua escola de coração, Unidos de Lucas, Salgueiro e Quilombo, escola criada por Candeia.
Em 1983, apresentou-se ao lado de Radamés Gnattali e da Camerata Carioca no espetáculo Uma rosa para Pixinguinha, editado em LPmeses depois. Em 1987, durante sua terceira turnê pelo Japão, sentiu fortes dores abdominais. Diagnosticada com câncer intestinal, submeteu-se a duas cirurgias antes de gravar, em 1989, Ary amoroso, com músicas de Ary Barroso, e Todo o sentimento, em parceria com o violonista Raphael Rabello. Produzidos por Hermínio Bello de Carvalho, seriam seus últimos registros.
Fez sua última apresentação pública em janeiro de 1990, na boate People, no Rio. No dia seguinte, passou mal e foi submetida a nova cirurgia. Teve alta em meados de março, mas voltou a ser internada e morreu no dia 7 de maio de 1990, aos 69 anos. Seu caixão foi coberto pelas bandeiras do Cordão da Bola Preta, da Portela e do Clube de Regatas do Flamengo, seguindo desejo manifestado por ela em depoimento ao Museu da Imagem e do Som, em 1970.
Em 2010, em comemoração aos seus 90 anos, o Instituto Moreira Salles produziu um espetáculo que buscava capturar o essencial do repertório de Elizeth. O roteiro comentado ficou a cargo de Sérgio Cabral, amigo e biógrafo, com interpretação de Áurea Martins, que era uma de suas cantoras preferidas, e Domingos “Bilinho” Teixeira ao violão.” (1)
Acervo foi pro IMS
Segundo o site do IMS, que adquiriu o acervo da cantora Elizeth Cardoso, em outubro de 2003, o mesmo encontra-se ’em processo de digitalização e catalogação’. Integram o acervo, “documentos, fotografias e recortes, coleção de discos, pôsteres de seus shows, partituras com arranjos e orquestrações, objetos de uso pessoal e mais de uma centena de fitas gravadas, com destaque para os formatos cassete (91 itens) e VHS (12 itens).”.
De acordo com informações do site, a maior parte do acervo se refere a partituras:
“Se fotos e objetos são fontes inestimáveis para o estudo da vida da “mãe de todas as cantoras do Brasil” (palavras de Chico Buarque), é em partituras e fitas que se concentram os maiores tesouros musicais do acervo. Entre as partituras, há arranjos e orquestrações de maestros como Léo Peracchi e Lindolfo Gaya, produzidos para discos e espetáculos da artista. As fitas cassete trazem gravações de ensaios de que Elizeth participou, em especial com o violonista Baden Powell.”.
Loja de raridades do choro disponibiliza cartaz do espetáculo
Ambiente de muitos colecionadores, o choro tem um espaço relativamente novo na internet dedicado a livros, objetos, tanto novos quanto usados, e relíquias no segmento. Esta semna o site Choro Patrimônio Cultural, gerenciado por mim, criado por mim, em agosto do ano passado, colocou disponível para compra uma única unidade do cartaz desse espetáculo, que rendeu para o choro 150 mil discos vendidos. Quem quiser o original pode levar para casa e colocar no acervo, ou na parede, através do site Choro Patrimônio Cultural. Com o cartaz vai o LP Volume 1 da Gravação do Show.
Clique aqui e acesse a loja do site
Choro Patrimônio Cultural, e aproveite.
Só existe 1 exemplar do cartaz à venda!
Bibliografia
Faixas das músicas dos LPs: Site do IMUBB, https://immub.org/album/elizeth-cardoso-zimbo-trio-jacob-do-bandolim-epoca-de-ouro-ao-vivo-no-teatro-joao-caetano, acessado em 30/07/2024.
Site do Instituto Moreira Salles, acessado em 30/07/2024, (https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-elizeth-cardoso/).