O FUTURO PRESENTE DO CHORO: OS IRMÃOS AYAN E AYANA ROCHA, COM APENAS 10 ANOS, GANHAM A CENA DO CHORO NO BRASIL


Leonor Bianchi

Educação e bom gosto vem de berço. A prova concreta disso são os irmãos Ayan e Ayana Rocha (10), que desde bem pequenininhos, influenciados pelo pai, que toca samba, começaram a ter interesse por choro, e hoje se destacam na cena musical jovem brasileira. Em suas redes sociais com milhares de seguidores, dentre eles, músicos consagrados, como Jorge Aragão, seus vídeos tocando samba e choro chegam a atingir mais de 800 mil visualizações. Na imprensa já foram destaque no SBT e em diversos programas de TV e rádio, coisa que muito músico ‘grande’ não conseguiu chegar nem perto. Com virtuosismo, ambos já tocam nas rodas de Blumenau (SC), sua cidade natal, e são super bem recebidos pelos mais experientes, que ensinam, mas também aprendem, e muito, com eles. Filhos de pernambucanos, terra do frevo, que assim como o choro também é patrimônio cultural do Brasil, ambos têm a essência da cultura brasileira na veia. Ayan e Ayana Rocha são o futuro presente do choro. Leia a seguir a entrevista que fiz com eles para a Revista do Choro.

 

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Quantos anos vocês têm hoje?

Ayan – Temos 10 aninhos.
Ayana – Somos gêmeos.

Com qual idade vocês começaram a estudar música?

Ayan – Eu comecei a estudar música com 5 pra 6 anos. Meu pai tinha um grupo de samba e pagode e ensaiava em casa, eu sempre estava no meio, foi aí que eu comecei a gostar do samba.

Ayana- Eu comecei a me interessar mais tarde, entre 7, 8 anos. Sempre via meu pai e meu irmão tocando e passei a acompanhá-los.

Qual foi o primeiro instrumento que vocês tocaram?

Ayan- Meu primeiro instrumento foi o rebolo, fazia a base pro meu pai treinar o cavaco rsrsr

Ayana- Eu tentei primeiro violão, aí achei difícil os acordes, e fui pro rebolo, pois meu irmão já tocava cavaquinho e eu ajudava fazendo a base.

Quem foram os professores de música de vocês, e onde: na escola, cursinho de música, ou foi um professor particular?

Ayan – O meu pai me ensinou a batida do cavaquinho, os primeiros acordes, os quadradinhos, as primeiras músicas. Logo depois precisou me colocar na aula. Fiz aulas online com o professor Rhuan Falcão, mas logo me interessei pelo bandolim, e passei a estudar os cursos do professor Carrapicho Rangel, onde me tive suporte online. Continuo estudando com os cursos do carrapicho e hoje também estudo choro online com o professor Khady Strings.

Ayana- Nós temos uma parceria com a Inconcert, uma escola de música que abriu as portas pro nosso talento, onde estudamos canto e leitura musical com a prof Karina Tobias, também estudo os cursos do carrapicho, e com meu irmãozinho e meu pai, que me ajuda quando tenho dificuldades.

Vocês conhecem a música tecnicamente, ou seja, a linguagem musical, vocês lêem partitura, ou vocês tocam de ouvido?

Ayan – Ainda não leio partitura, estou no início do estudo de leitura musical, eu aprendo muito com meus professores e YouTubers, ou tiro de ouvido. Tenho um ouvido muito bom! Consigo identificar os acordes e tirar melodias com facilidade.

Ayana – Estamos aprendendo, e já consigo tirar melodia de ouvido também, mas não é tão fácil (rsrsr).

O que vocês têm de partitura de choro, songbooks…?

Ayan e Ayana – Ainda não temos, pois estudamos e gravamos as melodias e acordes na memória (rsrsrs).

O Ayan toca bandolim e cavaquinho, e a Ayana, cavaquinho. Mas vocês tocam outros instrumentos também? Quais?

Ayan – Eu toco um pouco de violão, guitarra, rebolo, cavaquinho, banjo e bandolim.

Ayana – Eu toco rebolo, um pouquinho de violão, e cavaquinho, e gosto muito de cantar também.

Já havia alguém na família que tivesse deixado esse bichinho da música em vocês?

Ayan – Sim, meu pai. Ele toca cavaquinho e um pouco de violão. Um dia cheguei para ele e falei assim:

– Pai, me ensina a tocar cavaquinho. Ele apoiou a ideia e começou a me ensinar.

Ayana – Meu pai sempre foi envolvido com música. Ele tem um grupo de RAP que fazia shows, e também era cavaquinista iniciante, mas tocava em um grupo. Sempre escutava de tudo em casa: samba, maracatu, mangue beat, muito Djavan, Chico Buarque…. e ele sempre incentivou a mim e ao meu irmão a tocarmos um instrumento.

E o chorinho: como vocês conheceram o choro?

Ayan – Eu conheci o chorinho estudando e pesquisando sobre o cavaquinho. Conheci o Waldir Azevedo, de quem me tornei fã logo que ouvi Brasileirinho (rsrsr). Comecei a ouvir mais, assisti as entrevistas dele no YouTube, passei a conhecer outros nomes do choro, comecei a pesquisar sobre eles. Eu tinha só sete anos (rsrs). Foi aí que começou a paixão pelo chorinho.

Ayana – Eu conheci através do meu irmão, pois meu pai não escutava chorinho. Foi uma coisa que meu irmão trouxe para dentro de casa. Passei a estudar as bases e a gostar também de chorinho.

Qual é o compositor que vocês conhecem mais e estudam com frequência, existe algum?

Ayan – Eu gosto muito do Djavan e Jorge Aragão, adoro as composições deles, mas eu estudo todos. No chorinho eu adoro o Pixinguinha (rsrs).

Ayana – Tocamos muito o Jorge Aragão, mas gostamos de vários compositores.

Seus amiguinhos da escola conhecem choro? Eles sabem que vocês são instrumentistas e tocam choro?

Ayan – Meus amigos assistem a gente e, às vezes, comentam nos vídeos. Acho que conhecem o chorinho através de nós (rsrsrs).

Ayana – Eles sambem que somos instrumentistas, que tocamos samba e chorinho, só não sei se escutam em casa esses ritmos.

Além de choro vocês tocam quais outros gêneros musicais?

Ayan e Ayana – Samba e pagode, mpb, sertanejo raiz, fazemos uns chord melody de músicas internacionais. Gostamos muitos e tocamos frevo, baião, xote. Somos filhos de pernambucanos, então… (rsrsrs).

Onde vocês moram? Aí tem roda de choro? Onde é? Em qual dia da semana?

Ayan – Moramos em Blumenau (SC). Às vezes fazemos uns encontros de choro; eu, meu professor, outros alunos e amigos dele. É bem legal!!! Começamos os encontro há pouco tempo. A ideia é fazer um Clube do Choro na cidade.

Ayana – Sim, vamos para uma roda de choro que acontece mais ou menos uma vez por mês. Eu vou para aprender, observar, pois estou começando nesse ritmo, que é difícil tocar, então estou treinando com meu irmão para um dia sentar na roda com segurança.

Eu já estou sabendo que vocês adoram as rodas de choro! Compartilhem um pouco com os leitores da Revista do Choro como vocês se sentem numa roda de choro, como é essa experiência? Como vocês foram recebidos pelos instrumentistas mais experientes?

Ayan – Eu, quando toco o choro, consigo sentir uma coisa a mais: parece que eu sei que é isso que eu quero pra minha vida. Somos muito bem recebidos pelos mais velhos, que vêem em nós a continuação do chorinho.

Ayana- Adoramos ir nas rodas de choro. Os mais velhos estão sempre nos contando histórias sobre o choro, contando como era antigamente, e acreditando no nosso potencial pra seguir tocando o chorinho.

O que vocês diriam para outras crianças que estão estudando música e que acham o choro um gênero chato ou então difícil de tocar?

Ayan – Eu diria que a música ela traz alegria, que sigam sendo alegres tocando o que gostam. O chorinho é uma música de muito sentimento pela qual eu me apaixonei. Espero ver mais crianças envolvidas no chorinho.

Ayana – O chorinho é uma música que precisa de muita dedicação, mas com paciência chegamos aos nossos objetivos. Não desistam do choro ou da música, insistam em aprender cada dia um pouquinho, que logo tudo fica fácil.

O que vocês querem ser quando crescer?

Ayan – Eu sonho em ter uma escola de música; quero ser professor de música, mas também quero ser médico-cirurgião rsrsr. Vou estudar para conseguir.

Ayana – Estou me esforçando na escola para ser juíza rsrs, e também seguir na música, cantando e tocando vários instrumentos.

 

 

 

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Author: imprensabr