Leonor Bianchi
“Flautista e editora arretada você, viu?! Conheci Marcus Pereira em 197 num show que produzi na Nova Jerusalém, em Pernambuco. Era a primeira apresentação de um grupo de músicos de Recife, que não tinha nome ainda. Ele gostou muito do trabalho e convidou o grupo pra fazer uma pesquisa sobre a música nordestina para ele lançar um selo musical. O selo tinha como missão fazer e mostrar o mapeamento das diversas origens da música brasileira.
Quando chegavamos ao local para fazer aquela apresentação fomos batizados por crianças que confundiram a palavra “violeiros” (como os adultos até então chamavam aqueles cinco músicos cujos instrumentos tocados por três deles pareciam violões), e quando viram, ao longe, uns homens entrando nas muralhas da cidade de pedra carregando instrumentos musicais, lacraram: tão chegando os “violados”! Os “violados” tão chegando pra tocar!!!” Pronto! E assim com vocês: Quinteto VIOLADO!!!”!!!”
Ao longo dos dois últimos anos muitas pessoas cruzaram o meu caminho falando sobre Marcus Pereira, esse altruísta empreendedor da maior pesquisa musical já realizada por uma gravadora musical brasileira.
O depoimento que abre este artigo foi escrito e enviado a mim por Wellington Lima, um dos maiores produtores musicais do Brasil, meu amigo virtual, grande entusiasta do Prêmio Marcus Pereira, da Revista do Choro e da Editora Flor Amorosa.
Recebo toda hora mensagens de alguém me contando uma memória que viveu com o Marcus Pereira, ou alguma situação relacionada a sua agência de publicidade ou a sua gravadora.
Tenho muito orgulho de ser a idealizadora do Prêmio Marcus Pereira de Pesquisa em Música Popular Brasileira e de investir o meu sangue neste projeto.
Na primeira edição do prêmio, realizada no ano passado, foram contempladas quatro pesquisas que estão sendo publicadas este ano em livro pela minha amada Editora Flor Amorosa; a editora pela qual já fiz outros prêmios literários e pela qual publico a Revista do Choro; hoje lida em todo o mundo.
Eu sou outra altruísta!
Certamente a realização deste prêmio é uma das ações mais significativas que já executei nesses vinte e poucos anos trabalhando com Cultura. Desconheço alguma pessoa física no Brasil que tenha se predisposto a tirar do bolso para investir num projeto cultural, como eu fiz com o Prêmio Marcus Pereira. Inicialmente disponibilizei R$ 15.000,00 para produzir um único livro que seria contemplado pelo prêmio, mas hoje já investi muito mais do que esse montante na produção de quatro pesquisas que foram contempladas na primeira edição. E assim seguirei fazendo.
E o Prêmio segue!
Acabo de receber um e-mail da Universidade Federal de Minas Gerais dizendo que selecionou a Editora Flor Amorosa num edital de publicações científicas no qual concorri e já nem imaginava mais que estivesse vigorando, pois a última informação que tive era de que o mesmo ficaria estacionado até o ano que vem em função do Coronavírus. É um recurso que eu só posso investir produzindo um livro oriundo de uma pesquisa científica, ou algum método.
Com a mudança do home office da redação da Revista do Choro esses dias, fiquei a semana inteira offline, e esse e-mail já estava na caixa há alguns dias e eu nem tinha visto!
Mergulho no universo abissal de Marcus Pereira
Minha sede, minha saga em busca da história desta personagem emblemática chamada Marcus Pereira começou com uma curadoria editorial que fiz em 2017 pela Flor Amorosa, na qual descobri a pesquisa do jornalista André Picolotto. Depois do meu convite ele aceitou que publicássemos o seu trabalho.
Desde então o meu mergulho tem sido cada vez mais profundo nas águas da Marcus Pereira, e quanto mais eu mergulho mais eu encontro o rico universo abissal de Marcus Pereira iluminado com sua criatividade.
Os 50 anos do Movimento Armorial e o Quinteto Armorial
Este ano celebramos os 50 anos do Movimento Armorial, que inspirou a criação, em 1972, e a obra do lendário Quinteto Armorial, o qual teve seus quatro LPs lançados pela Marcus Pereira nos anos de 1970.
Um dos livros contemplados pelo Prêmio Marcus Pereira de Pesquisa em Música Popular Brasileira aborda a história do Quinteto Armorial. Estou muito ansiosa para ter este livro em mãos! Este e todos os outros que estão sendo produzidos pelo prêmio!!!
Ciclo de debates Marcus Pereira e o Mapa Musical do Brasil
Vou contar a história da gravadora Marcus Pereira no “Ciclo de Debates Marcus Pereira e o Mapa Musical do Brasil”, uma série de Lives produzida por mim pela Revista do Choro, e que será transmitida ainda este mês com a participação de diversas pessoas que conheceram e trabalharam com o Marcus Pereira.
Conheça o Prêmio Marcus Pereira de Pesquisa em Música Popular Brasileira, e prepare seu projeto, pois a segunda edição do prêmio será aberta em setembro.
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A propósito do Quinteto Violado, este participou da pesquisa e gravação da série de quatro discos “Música Popular do Nordeste (1971), produzida pela gravadora Discos Marcus Pereira, e recebeu, por sua participação na pesquisa musical, arranjos e produção da série os prêmios Noel Rosa e Estácio de Sá, este oferecido pelo MIS/ RJ.