Quem são eles? Já te digo!

Leonor Bianchi

Você sabe qual foi o motivo da polêmica envolvendo Pixinguinha, China e Sinhô?

China, Octávio Littleton da Rocha Vianna) – Rio de Janeiro RJ – 16/05/1888 – Rio de Janeiro RJ – 19/08/1926, era irmão de Pixinguimha.

“Filho mais velho do segundo casamento de Raimunda Maria da Conceição, Octávio Littleton da Rocha Vianna. Foi violonista, pianista, compositor e tocador de banjo. Participou da formação do ‘Choro Carioca’ ao lado de seus irmãos Léo (que também tocava violão), Henrique (cavaquinho) e Pixinguinha (flauta), além de Irineu de Almeida e Bonfiglio de Oliveira, gravando diversos discos pela Favorite Record da Casa Faulhaber.

A partir de 1917 grava, como cantor, vários discos na Phoenix, inclusive suas modinhas Amei-te tanto e A Lua nova.

Em 1919 compôs o samba ‘Já te digo’ (em parceria com Pixinguinha) com a intenção de satirizar Sinhô, então oponente do grupo de Pixinguinha.

Nesse mesmo ano, passa a integrar o célebre conjunto Oito Batutas, novamente ao lado de Pixinguinha, participando das excursões à França, em 1922, e à Argentina, em 1922-1923.

Faleceu em 19 de agosto de 1926, vítima de aneurisma da aorta torácica”. (Fonte www.pixinguimha.com.br)

1914 – Grupo do Caxangá no Carnaval
Grupo do Caxangá no Carnaval
Local: Desconhecido,
Data: 1914
Acervo: Acervo Sérgio Cabral/MIS-RJ
Retratados: Pixinguinha, Jacob Palmieri, Vidraça, China, João Pernambuco, Raul Palmieri, Caninha, Nola, Não Identificado(s)

O samba que causou a polêmica

O samba de Pixinguinha e seu irmão Octávio Vianna (China) “Já te digo” foi um estrondoso sucesso entre as marchinhas de carnaval de 1919. Editado no mesmo ano pela Casa Vieira Machado, foi feito em resposta ao samba “Quem são eles”, de Sinhô, que obtivera muito êxito no carnaval anterior.

Segundo o pesquisador Jota Efegê, o samba de Sinhô teria sido dedicado ao grupo “Quem são eles”, do Clube dos Fenianos, e tomado na ocasião como uma provocação aos frequentadores da Casa da Tia Ciata, entre os quais eram frequentadores Pixinguinha, Donga e China.

No samba-resposta “Já te digo”, Sinhô é simplesmente arrasado pela letra de China, descrito como “alto, magro, feio e desdentado” e como personagem “avacalhado no Rio de Janeiro”.

Mas… e quem era Sinhô, e por que Pixinguinha e China eram contrários a sua figura?

“José Barbosa da Silva, “Sinhô” (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1888 – idem 1930). Compositor, pianista, cavaquista, flautista e violonista. Filho de Ernesto Barbosa da Silva e Graciliana Silva. O pai, simpatizante de rodas de choro, incentiva o filho a estudar flauta, instrumento que não o estimula. Já o piano existente na casa dos avós desperta seu interesse e, ao lado do violão, torna-se o instrumento preferido.

Casa-se aos 17 anos com a jovem portuguesa Henriqueta Ferreira e com ela tem três filhos, mas dois deles morrem ainda muito jovens. Em 1914, fica viúvo e inicia vida amorosa ativa e atribulada. Logo em seguida casa-se com Cecília, funcionária e pianista da Casa Beethoven. Mais velha, ela apoia sua carreira de pianista nessa casa, além de registrar em partitura parte de suas composições. Sinhô a deixa no início dos anos 1920 para morar com Carmen, que conheceu nos bas-fonds. Abandona Carmen para viver, até sua morte, com Nair Moreira.

Desde cedo mantém vida artística ativa e diversificada. Na década de 1910 frequenta a casa da Tia Ciata e participa das rodas de samba ao lado de Donga, Pixinguinha e João da Baiana. Seu personalismo e perfil polêmico acabam indispondo-o com o grupo por questões musicais e pessoais. O conflito gera composições que trocam recados entre os lados, como Quem São Eles (1918), que tem a resposta de Pixinguinha em Já Te Digo, replicado por Sinhô com Três Macacos do Beco (1919), e a pioneira marchinha Pé de Anjo (1920), dirigida a China, irmão de Pixinguinha. Nos anos seguintes se envolve em outras polêmicas relacionadas com a autoria de canções. Heitor dos Prazeres o acusa de ter plagiado Ora Vejam Só (1927) e Gosto que Me Enrosco (1928) e registra sua reclamação nos sambas Olha Ele, Cuidado (1929) e Rei dos Meus Sambas (s.d), cujas gravações Sinhô tenta impedir.” (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural).

E quem eram eles?

Para falar ‘quem eram eles’ vamos falar antes de outro samba de Pixinguinha: A Pombinha; este composto com o violonista Donga, e lançado em disco Odeon 121.533 pelo cantor Bahiano, em 1919.

A partitura, lançada no mesmo ano por uma editora não identificada contém uma dedicatória a “Bouvier e Foguetão”, dois sócios do Clube dos Fenianos.

‘Quem são eles’ era o nome de um conjunto musical, que segundo o saudoso pesquisador de música popular brasileira Jota Efegê teria sido o fundado em 1918 por Bouvier, a quem Sinhô dedicou seu samba de mesmo nome -, dando início a polêmica entre ele, Pixinguinha e China.