O violão brasileiro de Ricardo Pauletti


Músico participa da 17ª edição do Festival Entrecuerdas, que acontece este mês, no Chile

Leonor Bianchi

O violonista, compositor, arranjador e professor de violão Ricardo Pauletti está representando o Brasil na edição 2016 do Festival Entrecuerdas, ao lado de instrumentistas da Polônia, México, Cuba Alemanha, Uruguai, Espanha, Romênia, Peru, Inglaterra e Chile, onde acontece o encontro.

O violonista Ricardo Pauletti

O violonista Ricardo Pauletti

A Revista do Choro destaca a trajetória deste importante músico, aproveitando a oportunidade de sua participação no importante festival de violão, que começou no dia 30 de setembro e segue até 29 de outubro.

Esta edição do festival presta uma homenagem ao compositor chileno Gustavo Becerra Schimdt (26/08/1925 – Temuco, Chile; 03/01/2010 – Oldemburgo, Alemanha) e recebe a presença de um dos maiores violonista da atualidade: o polaco Marcin Dylla.

O Festival Internacional de Violão Entrecuerdas é considerado um dos maiores do mundo e acontece no Chile sempre no mês de outubro com trinta dias de atividades em diversas cidades trazendo músicos de diferentes países. Já participaram em edições anteriores alguns dos violonistas mais importantes do mundo, como Cacho Tirao, Leo Brouwer, Yamandu Costa, Marco Pereira e Tatyana Ryshkova.

Ricardo está participando neste ano como representante do violão brasileiro apresentando o trabalho do DVD Ricardo Pauletti Trio ao lado de Rafael Petry (acordeon) e Mario Junior (bateria).

Um professor que começou a estudar sem professor

Natural de Itajaí, interior de Santa Catarina, onde hoje reside e leciona no Conservatório de Música de Itajaí, Ricardo Pauletti começou a tocar violão sozinho, sem aulas e professores, aos onze anos de idade. Aos 15 anos ‘saiu do autodidatismo’ e passou ter aulas de música e violão erudito na Pró-Arte de Itajaí.

Mas foi em Florianópolis, mais tarde, para onde se mudou, que conheceria o violão popular brasileiro e passaria ter contato com diversos gêneros da música brasileira. Nesse tempo descobriu a fundo as obras de Tom Jobim, Villa Lobos, Pixinguinha, Baden Powell, Raphael Rabello, Marco Pereira, Egberto Gismonti, Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Guinga e tantos outros compositores e instrumentistas geniais da música popular brasileira. Lá, estudou na Escola Hélio Amaral e no Conservatório Musical de Florianópolis.

Durante os anos de 2008 a 2011 desenvolveu um trabalho com a Associação de Violões de Itajaí (AVI), formando e regendo a Camerata de Violões de Itajaí, no projeto idealizado pelo produtor e violonista Renato Seara.

Como produtor cultural é um dos idealizadores junto à AVI do Seminário de Violão de Itajaí, que acontece desde 2008 e já contou com a participação de alguns dos principais nomes do violão no Brasil como Yamandu Costa, Marco Pereira, Paulo Belinatti, Duo Siqueira Lima, Marcus Tardelli, Daniel Wolff, Conrado Paulino, Paulo Martelli, Paulo Porto Alegre, Marcello Gonçalves, Mauricio Marques, Edson Lopes, Alessandro Penezzi, Henrique Pinto, Marcus Llerena, Glauber Rocha, dentre outros.

Viola caipira

O contato com a música levou Ricardo Pauletti a conhecer diversos outros instrumentos além do violão. Enquanto estudava violão descobriu a viola caipira de dez cordas, instrumento que passou a admirar, tocar e estudar. Teve forte influência de violeiros, como Paulo Freire, Roberto Corrêa e Almir Sater. Durante as primeiras edições do Festival de Música de Itajaí, participou das oficinas de violão e de choro com dois grandes ícones e mestres do choro: Maurício Carrilho e Luis Otávio Braga; ambos tiveram papel bastante importante em sua formação musical e o introduziram no violão de sete cordas.

Discos

Em 2011 lançou seu primeiro álbum, intitulado “Variações Brasileiras” (independente), que mostra a grande diversidade da música brasileira e apresenta gêneros como Samba, Baião, Frevo, Choro, Valsa e músicas com caráter camerístico. O CD contou com a participação de grandes nomes da música brasileira, como o clarinetista Nailor Proveta, o baixista Sílvio Mazzuca e o violinista Ricardo Herz. Com este trabalho circulou por diversas cidades do Brasil, Argentina e França.

Em 2014 lançou seu segundo álbum, intitulado “Choro de Faia” (independente), um disco autoral inteiramente dedicado ao Choro, que foi produzido pelo consagrado violonista Alessandro Penezzi e mostra as diferentes vertentes desta linguagem musical, desde as mais tradicionais até as mais modernas. Com este trabalho recebeu diversos prêmios e realizou a segunda turnê para a França com apresentações em Paris, Bordeaux e Antony.

Em 2015 lançou o DVD “Ricardo Pauletti Trio”, trabalho que mostra diferentes performances do Trio formado por Ricardo Pauletti (violão), Rafael Petry (acordeon) e Mario Junior (bateria). O DVD foi gravado inteiramente ao vivo com performances em três diferentes momentos: no Estúdio Café Maestro (2015), no Club du Choro de Paris (2013) e no Teatro Municipal de Itajaí (2012) com diversos convidados.

Estudos na Espanha

Durante os anos de 1999 e 2000, Ricardo foi para a Espanha aprimorar seus conhecimentos e performance ao instrumento, e lá estudou violão clássico e flamenco com o mestre do Flamenco, o violonista e compositor espanhol Jose Luiz Balao, grande admirador da música brasileira. Essa passagem pela Espanha foi fundamental para a consolidação da sua técnica e concepção estética ao violão.

França

Em 2013 e 2014 esteve em turnê na França onde participou ativamente dos movimentos do Choro neste país. Se apresentou no Club du Choro de Paris ministrando workshops e dando concertos. Também participou das atividades da Roda de Choro de Bordeux com oficinas, concertos e acompanhando músicos franceses e brasileiros que trabalham com choro.

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Author: imprensabr