Orquestra de Choro Campineira: O Choro em Orquestra 1


Por Leonor Bianchi e Rúben Pereira

Criada em janeiro de 2014 com o intuito de reunir grandes músicos que atuam na cidade de Campinas, a Orquestra de Choro Campineira é formada por Esther Alves, flauta transversal; Fernando Goldenberg, Trompete; Edu Guimarães, Sanfona; Adriel Job, Pandeiro; Gustavo de Medeiros, bandolim e guitarra semi-acústica; Ramon Del Pino, contra baixo; Kiko Sebrian, Bateria e percussão; e Jairzinho Teixeira, sax tenor, barítono e clarinete.

Com o objetivo de valorizar a música instrumental feita na cidade de Campinas, os integrantes da orquestra dedicam-se a garimpar e executar obras do acervo instrumental brasileiro, notadamente Choros. Na pesquisa realizada pelo grupo, o choro foi o gênero que se destacou, sendo este a base do repertório e dos arranjos escritos coletivamente. Com formato diferente do tradicional “regional de choro” a orquestra mais se assemelha a uma gafieira ou uma big band, transformando a linguagem estética do choro e dando vida a uma nova maneira de expressar as linguagens tão marcantes do gênero. Os integrantes são músicos que se destacam no cenário instrumental popular brasileiro.

Início dos trabalhos da Orquestra

“O primeiro ano da Orquestra de Choro foi de produção, a gente começou a se reunir em janeiro de 2014 com o intuito de montar um trabalho grande com muitos músicos que reunisse somente obras de Choro” conta o integrante da orquestra, Adriel Job. “Daí a gente começou a se reunir, se encontrar constantemente e rapidamente levantamos o material. A gente fez a pesquisa nesses encontros sobre as escolas do Choro, os compositores, as épocas, o que tinha mais a ver com o material que estávamos formando e em alguns meses já estávamos com o espetáculo praticamente montado, com material levantado e pronto para se apresentar. Nós fechamos uma apresentação em Campos do Jordão em agosto, no festival, que foi a nossa estreia com o pé direito, a reação do público, que era muito grande, ajudou a gente a botar gás no projeto e ter ânimo para continuar a pesquisa e montar essa formação que não é muito convencional, foge dos padrões do Choro Regional e daí continuamos o trabalho de pesquisa, a notícia se espalhou aqui em Campinas sobre o projeto e fomos convidados por um produtor a tocar no Festival Grandes Bandas Grandes, em novembro de 2014, que foi o show que  a gente fechou o ano e foi fantástico. O feedback deste show foi muito maior do que a gente esperava porque o público que estava lá era na grande maioria músicos, críticos e especialistas que estavam ali para ver os shows do festival e gente que poderia nos dizer alguma coisa sobre o que a gente estava fazendo e foi caloroso, foi super gostoso para gente tocar lá. Fechamos o ano com chave de ouro. Esse foi um pouco do nosso ano de 2014, ano que começou a orquestra de Choro” revela Adriel Job, pandeirista da orquestra, em entrevista exclusiva para a Revista do Choro.

Repertório prima por clássicos do Choro sem deixar de apresentar os compositores contemporâneos

O repertório da Orquestra de Choro Campineira é composto em sua maioria por clássicos do Choro bem conhecidos do público com músicas de Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga, além de ter espaço amplo para as obras contemporâneas de compositores como Hermeto Paschoal, Luciana Rabello e Egberto Gismonti. O pandeirista da orquestra, Adriel Job, completa “não dá pra definir o repertório da Orquestra de Choro por uma época ou por alguns compositores. A gente dá uma passeada por praticamente todas as escolas do Choro. Uma das características das músicas que a gente escolhe é que são  músicas que quando rearranjadas se encaixam muito bem nessa formação que mais se aproxima de uma big band do que de um regional”.

Conhecendo os Integrantes da orquestra

Edu Guimarães, é o sanfoneiro da orquestra. Natural da Bahia, mora em Campinas há 8 anos e é um dos músicos que tem uma história mais intensa com o Choro. Já gravou com Déo Rian, com regionais importantes de São Paulo e Campinas, sempre presente em projetos de Choro. No Bandolim e  Guitarra semi acústica, Gustavo de Medeiros, formado pela UNICAMP e com uma história forte com a música instrumental contemporânea, experimental, na linha da música universal de Hermeto Paschoal. Guitarrista virtuoso. No Baixo, Ramon Del Pino, um músico que desde o começo dos estudos trabalha com a música brasileira, instrumental, um solista com muitas ferramentas, além de  preencher muito a sessão harmônica com seu instrumento. Na flauta transversal, Esther Alves de Araújo, uma flautista que tem uma história muito intensa com a música erudita. Esther Alves, estudou muitos anos com professores eruditos, tem uma carreira na música erudita e adentra com vitalidade a música popular. Ela tem uma técnica impecável e brilha muito no projeto. No trompete, Fernando Goldenberg, também formado pela UNICAMP, é trompetista de jazz. Tem uma linha mais ‘jazzistica’. Ele é front-man de vários grupos de jazz e abraçou o Choro, sendo um solista fantástico na orquestra de Choro. No sax, Jairzinho Teixeira, que tem uma história longa com big band. Com grande linguagem/bagagem dos naipes de metal. É um arranjador de bom gosto que traz informações muito produtivas para nossa formação. Na bateria, Kiko Sebrian, um baterista de jazz que tem uma técnica refinadíssima. Acrescenta muito no projeto. Adriel Job, faz o pandeiro e desenvolve linhas um pouco mais experimentais para esse projeto que sai daquela formação mais tradicional, do regional. Os arranjos experimentam muita coisa do pandeiro na melodia, saindo da função clássica de acompanhamento para trabalhar com muitas frases, muitas convenções, esse é um diferencial no trabalho do pandeiro para esse projeto.

Projetos da Orquestra de Choro Campineira para 2015

Para o ano de 2015, o intuito da orquestra de Choro é estar em palcos onde o Choro não tem tanto espaço, nos festivais de jazz, nos festivais de big band,  levar o Choro para esses ambientes onde as bandas grandes não fazem Choro. “A gente começa o ano com Choro em 31 de janeiro numa festa chamada Bossa Negra, que é um baile muito grande que acontece em Campinas. A história desse evento é de trazer grandes bandas, e a gente conseguiu levar o Choro para esse evento, coisa que não tinha acontecido ainda. No meio do ano a gente se apresenta no Festival de Choro da UNICAMP, que é um festival grande, vai estar presente o pessoal da Escola Portátil do Rio de Janeiro, grandes instrumentistas vem tocar e dar oficina. Então a gente vai estar envolvido já com o pessoal do Choro do Rio de Janeiro, pra poder trocar figurinha, enfim, a gente está se aproximando das pessoas que estão produzindo Choro atualmente. Esse é o objetivo da Orquestra de Choro em 2015” finaliza Adriel Job, pandeirista da Orquestra de Choro Campineira.

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Author: imprensabr


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One thought on “Orquestra de Choro Campineira: O Choro em Orquestra

  • Andréia Mattos

    Boa tarde, Revista do Choro.

    Sou Andréia e assisti o show deles em Campos do Jordão, e sinceramente, o choro ficou bem mais interessante na minha vida. Parabéns pela iniciativa, que vocês tenham muito o que falar sobre bons projeto como esse.

    Um abraço